Adestramento

Cães brigando? Veja aqui como agir e como evitar briga de cachorro!

Presenciar uma briga de cachorros pode ser uma experiência traumática tanto para os tutores quanto para os próprios animais. Agressão entre cães é um problema comportamental comum, segundo especialistas em comportamento animal, mas quando passa do limite pode resultar em ferimentos graves. Compreender as causas das brigas e conhecer métodos seguros para interrompê-las é fundamental para proteger a saúde e o bem-estar de nossos dogs.

Quando uma briga de cachorros já está em andamento, saber como agir de forma segura pode fazer a diferença entre um incidente menor e uma situação que resulte em ferimentos sérios. É importante lembrar que intervir incorretamente pode colocar tanto os cães quanto as pessoas em risco, tornando essencial o conhecimento de técnicas apropriadas.

Aqui vamos te mostrar não apenas como parar uma briga de cachorros de forma segura, mas também como identificar os sinais de alerta que precedem esses confrontos e implementar estratégias eficazes de prevenção a longo prazo.

Dois cães em um disputa saudável. Imagem: freepik

Por que os cachorros brigam entre si?

Pequenas brigas entre cães são normais, é uma expressão social para demostrar limites nas interações isso faz parte do repertório comportamental, sendo um mecanismo de comunicação e resolução de conflitos que evoluiu ao longo de milhares de anos. Compreender os gatilhos das brigas é crucial para prevenir futuros conflitos que podem vez ou outra, passar dos limites.

Motivos mais comuns:

Proteção de recursos– pode ser comida e brinquedos, mas também a atenção dos tutores, espaços específicos da casa e até mesmo pessoas que consideram especiais. Cães com histórico de escassez ou competição por recursos tendem a desenvolver esse comportamento de forma mais intensa, especialmente em ambientes onde precisam dividir recursos com outros animais.

Medo e a ansiedade- dogs que não foram adequadamente socializados durante o período certo (entre 3 e 14 semanas de idade) podem desenvolver medos quando apresentados a “coisas diferentes”. Experiências traumáticas passadas, como ataques ou interações negativas, podem criar associações duradouras que resultam em reações defensivas agressivas.

Defesa de território – em propriedades onde os cães se sentem responsáveis por defender seu espaço, o histórico de brigas tende a ser mais frequente. Afinal ele foi ensinado a ser mais valente.

Dor e desconforto – problemas de saúde que causam dor ou desconforto, podem geral reações exageradas. A reação que ao nosso ver é agressiva pode ser o cão demonstrando o limite dele por conta de dores. A gente também fica mais sensível nesses momentos, não e mesmo? 

Sinais de alerta antes de uma briga de cachorros

Reconhecer os sinais de alerta que antecedem uma briga de cachorros faz toda a diferença na prevenção de conflitos. Embora às vezes sutis, os sinais vão te mostrar a hora intervir antes que a situação se torne perigosa. A linguagem corporal canina é rica em nuances, e aprender é um passo importante para criar um dog.

Postura corporal rígida é um dos primeiros indicadores de tensão crescente entre cães. Quando um cão assume uma postura tensa, com músculos contraídos e movimentos limitados, está sinalizando que se sente ameaçado ou desafiado.

Pelos eriçados ao longo do pescoço e das costas (conhecidos como pelos da cernelha) são outro sinal claro de excitação ou alerta, indicando que o animal está preparado para uma possível confrontação.

Contato visual direto e prolongado, especialmente quando acompanhado de um olhar fixo e penetrante, é um sinal de desafio no mundo canino. Diferentemente dos humanos, que interpretam o contato visual como sinal de atenção ou respeito, para os cães esse comportamento pode ser percebido como uma ameaça direta. 

Rosnar, mostrar os dentes e elevar o nível de excitação durante brincadeiras são sinais mais óbvios de que o limite do cão está sendo ultrapassado. É importante distinguir entre a brincadeira saudável e a agressão real: cães que brincam fazem pausas regulares, alternam entre os papéis de “perseguidor” e “perseguido”, e frequentemente exibem o comportamento de “reverência lúdica” – abaixando a parte frontal do corpo enquanto mantêm a traseira elevada.

4 métodos seguros para interromper uma briga de cachorros

Nunca tente separar cães brigando com as mãos desprotegidas ou se colocando fisicamente entre eles, pois isso frequentemente resulta em ferimentos por redirecionamento da agressão. Os métodos seguros envolvem criar distrações, barreiras físicas ou usar técnicas específicas que minimizam o risco de lesões.

Cachorros do mesmo tamanho em uma briga. Imagem: reprodução

1- Distração sonora – gritar alto de fora firme, bater palmas vigorosamente, usar uma buzina ou qualquer objeto que produza ruído súbito e alto pode interromper momentaneamente o foco dos cães na briga. Esse momento de distração pode ser suficiente para que os animais se separem naturalmente, permitindo que você os afaste com segurança.

2-Utiliza água – jogar um balde de água fria sobre os cães ou usar uma mangueira de jardim pode ser eficaz para interromper uma briga. A água causa a mesma interrupção da distração sonora, mas de uma forma física, o que dependendo do nível da briga pode ser mais eficaz. A sensação física do choque da água acaba forçando os animais a se concentrarem na nova situação, geralmente resultando na separação imediata. Bom lembrar que a água sempre em temperaturas que não gerem queimaduras, nem muito fria, nem muito quente.

3- Barreiras físicas – vão bloquear o contato visual entre os cães. Uma folha de compensado, um pedaço grande de papelão ou até mesmo um cobertor pode ser colocado entre os animais para impedir que se vejam. O que os olhos não veem, o coração não sente, certo? Como muitas brigas são mantidas pelo contato visual contínuo, remover esse elemento frequentemente resulta na diminuição da agressão e permite a separação segura dos cães.

4- Separação física – segurar as patas traseiras dos cães e caminhar para trás. Essa técnica, conhecida como “método da carriola”, deve ser executada simultaneamente por duas pessoas quando possível. Segure firmemente as patas traseiras do cão como se fosse uma carriola e caminhe para trás, criando distância entre os animais. Este método é eficaz porque remove o apoio dos cães sem colocá-lo em risco de mordidas, já que a maioria das mordidas ocorre na parte frontal do corpo. Para utilizar esse método é importante você analisar a situação, poie é mais provável funcionar se os cães tenham o mesmo tamanho.

Cuidados imediatos após uma briga de cachorros

A primeira prioridade deve ser separar fisicamente os cães de forma que não possam se ver ou ter contato um com o outro. A simples presença visual do outro cão pode ser suficiente para reativar o estado de alerta e agressividade, mesmo após a separação inicial da briga.

Uma avaliação veterinária completa é fundamental, mesmo que não sejam visíveis ferimentos óbvios, muitas lesões podem ser internas, já que os cães tem o hábito de sacudir um ao outro durante o conflito. Além disso, o estresse e a adrenalina podem mascarar sinais de dor, fazendo com que ferimentos passem despercebidos inicialmente.

É importante documentar o incidente, incluindo as circunstâncias que levaram à briga, a duração aproximada do confronto, os métodos utilizados para separar os cães e qualquer ferimento observado. Essas informações serão valiosas para o veterinário e para qualquer profissional de comportamento animal que possa ser consultado posteriormente. 

Saber o histórico de vacinação e de saúde em geral dos cães envolvidos na briga também é um ponto importante, já que muitas doenças são transmitidas através de contato físico, como por exemplo a raiva.

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Prevenção de brigas: estratégias a longo prazo

Pra você que não quer ter um cão brigão em casa, a prevenção vai ser sua maior aliada! Para isso uma abordagem multifacetada que combina socialização adequada, manejo ambiental inteligente e treinamento comportamental consistente é fundamental.

A socialização precoce e contínua é a base da prevenção de conflitos entre cães. Expor filhotes a uma variedade de cães de diferentes tamanhos, idades, raças e temperamentos em ambientes controlados e positivos ajuda a desenvolver habilidades sociais apropriadas. Para cães adultos que não tiveram socialização adequada, um processo gradual de dessensibilização pode ser implementado com a ajuda de um profissional qualificado, sempre respeitando os limites do animal e progredindo no ritmo dele.

Cães socializando de forma respeitosa. Imagem: Freepik

O manejo de recursos é outro aspecto crucial da prevenção. Isso inclui alimentar os cães separadamente, fornecer brinquedos e brinquedos mastigáveis individuais, e evitar situações de competição por atenção ou privilégios. Criar rotinas previsíveis e estabelecer regras claras ajuda a reduzir a ansiedade e a incerteza que podem contribuir para comportamentos agressivos. Além disso, garantir que cada cão tenha seu próprio espaço seguro, onde possa se retirar quando se sentir estressado ou sobrecarregado, é fundamental para manter a harmonia de um lar.

O treinamento de obediência básica e o reforço positivo de comportamentos calmos e amigáveis na presença de outros cães são elementos essenciais de um programa de prevenção abrangente. Comandos como “senta”, “fica” e “vem” podem ser extremamente úteis para redirecionar a atenção dos cães em situações potencialmente tensas.

A castração ou esterilização também pode ajudar a reduzir alguns tipos de agressão relacionados a hormônios, embora não seja uma solução universal para todos os problemas de agressividade. Assista um vídeo sobre esse tema:

 

Quando buscar ajuda profissional

A frequência e intensidade das brigas são fatores determinantes para buscar ajuda especializada. Se as brigas ocorrem regularmente, mesmo com medidas preventivas em vigor, ou se estão se tornando mais intensas ao longo do tempo, isso indica que o problema está escalando e requer intervenção profissional. Brigas que resultam em ferimentos, mesmo que menores, devem ser tratadas com seriedade máxima, pois indicam que os cães não estão conseguindo resolver seus conflitos através de sinais de comunicação normais.

Mudanças súbitas no comportamento de um cão anteriormente pacífico também justificam uma consulta profissional. Isso pode indicar problemas de saúde que olhos leigos podem não ter identificado ainda, como dor crônica, problemas neurológicos ou alterações hormonais que estão influenciando o comportamento. Um veterinário comportamentalista ou um especialista em comportamento animal pode ajudar a identificar e abordar essas questões.

Continue lendo: Afinal, o que é o adestramento positivo? 

Se a tensão entre os cães está afetando a família, causando estresse constante aos tutores ou limitando severamente as atividades normais da casa, é hora de buscar ajuda. Profissionais qualificados podem desenvolver planos de modificação comportamental personalizados para encaixar no seu dia a dia, ensinar técnicas de manejo específicas e fornecer suporte contínuo durante o processo de reabilitação.

O adestramento é qualidade de vida para toda a família, é a linguagem que você e seu cão vão desenvolver e isso pode impedir muitas brigas!

Letícia

Formada em Medicina Veterinária (CRMV-RJ: 18426), sou apaixonada pelo mundo animal, pela ciência e pela arte de comunicar. Compartilhar conhecimento é algo mágico, e poder unir minhas paixões em uma só missão é o que me motiva todos os dias!

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