A recente decisão da Prefeitura de Caraguatatuba de proibir totalmente os fogos de artifício com estampido representa um marco importante na proteção animal na cidade. Esta medida, que entrou em vigor imediatamente em agosto de 2024, coloca a cidade do Litoral Norte paulista na vanguarda de um movimento nacional que prioriza o bem-estar dos animais domésticos e silvestres.
Por que Caraguatatuba proibiu fogos de artifício com estampido
A decisão da administração municipal de Caraguatatuba foi fundamentada em evidências científicas sobre os danos causados pelos fogos de artifício tanto para animais quanto para humanos. Os fogos com estampido podem atingir até 120 decibéis, um nível de ruído muito superior ao limite seguro de 85 decibéis estabelecido pela Organização Mundial da Saúde.

A medida também considera a proteção de grupos humanos vulneráveis, incluindo idosos, crianças com autismo, pessoas com sensibilidade auditiva e pacientes cardíacos. Esses indivíduos frequentemente sofrem com os efeitos nocivos dos ruídos intensos, desenvolvendo desde crises de ansiedade até complicações médicas mais graves. A cidade reconheceu que os fogos barulhentos representam um risco desnecessário para a saúde pública.
O aspecto ambiental também pesou na decisão municipal. O litoral paulista abriga uma rica biodiversidade, com aves migratórias e vida marinha que são diretamente afetadas pela poluição sonora. Os estampidos podem interferir nos padrões de migração das aves e causar estresse em animais marinhos, comprometendo o delicado equilíbrio ecológico da região costeira.
Leia: Por que os cães têm medo de fogos de artifício?
Como os fogos de artifício afetam cães e outros animais domésticos
Os cães possuem uma audição muito mais sensível que a humana, sendo capazes de detectar frequências entre 40 Hz e 60.000 Hz, enquanto os humanos percebem sons apenas entre 20 Hz e 20.000 Hz. Esta capacidade auditiva superior torna os pets extremamente vulneráveis aos ruídos intensos dos fogos de artifício. O que para nós pode parecer apenas barulhento, para eles representa uma experiência traumática e dolorosa.
Os sintomas mais comuns observados em cães expostos a fogos incluem tremores, salivação excessiva, tentativas de fuga, destruição de objetos, micção involuntária e vocalização intensa.
Gatos, aves domésticas e outros pets também sofrem significativamente com os estampidos. Os felinos tendem a se esconder em locais apertados e podem permanecer estressados por dias após o evento. Aves podem ter ataques de pânico, batendo as asas violentamente e se machucando nas gaiolas.
Saiba aqui: Conheça brinquedos que acalmam os cães
Benefícios da proibição para animais e meio ambiente
A proibição dos fogos de artifício proibidos em Caraguatatuba traz benefícios imediatos e de longo prazo para toda a comunidade. Para os animais domésticos, a medida significa a eliminação de uma fonte significativa de estresse e trauma.
O ecossistema local também se beneficia enormemente da redução da poluição sonora. Aves migratórias que utilizam o litoral paulista como rota podem agora fazê-lo sem interferências acústicas que comprometam seus padrões naturais de comportamento. A vida marinha, incluindo golfinhos e outras espécies sensíveis ao som, encontra um ambiente mais equilibrado e propício à reprodução e alimentação.
Veja mais: Lei proíbe definitivamente testes em animais para cosméticos no Brasil. Veja aqui!
Outras cidades brasileiras que adotaram medidas similares
Caraguatatuba integra um movimento crescente no Brasil de municípios que reconhecem a necessidade de proteger animais dos efeitos nocivos dos fogos de artifício. Cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre e Brasília já implementaram legislações restritivas ou proibitivas similares.
Em São Paulo, por exemplo, a Lei 16.879/2018 proíbe o uso de fogos com estampido em todo o território municipal, prevendo multas que podem chegar a R$ 10.000 para pessoas físicas e R$ 50.000 para pessoas jurídicas. A capital fluminense também possui legislação similar, focando especialmente na proteção de animais domésticos e silvestres.
O estado de São Paulo tem sido pioneiro nessa questão, com mais de 50 municípios já tendo implementado algum tipo de restrição aos fogos barulhentos.