A dermatite nutricional em cães é um problema bastante comum na espécie e, preocupa bastante aos profissionais de saúde animal e aos tutores.
Por isso, é muito importante conhecer o problema, as suas causas, sinais clínicos e formas de diagnóstico e tratamento.
As doenças de pele em geral, são um verdadeiro tormento na vida dos tutores, principalmente porque surgem infecções secundárias.
Conforme o animal se coça e provoca uma ferida na pele, começam a entrar microrganismos que causam as infecções, piorando em muito o quadro geral do animal.
É interessante dizer que os cachorros podem ser alérgicos a várias coisas, incluindo picadas de inseto, pólen, ácaro, bolores e, alguns alimentos.
Neste texto falaremos justamente sobre a dermatite nutricional em cães. Então, não perca nenhuma informação!
Quais são as causas da dermatite nutricional em cães?
Não se sabe ao certo como a alergia alimentar acomete o organismo do cão, mas o que é realmente sabido é que esta é uma doença de grande importância, uma vez que acontece com muita frequência.
De fato, esta é a doença dermatológica mais frequente nos cachorros. Ela só não é tão comum quanto a alergia à picada de pulga e dermatite atópica, que ainda não é tão bem definida.
Por mais que a dermatite nutricional em cães não seja bem descrita, o que se sabe é que provavelmente acontece uma hipersensibilidade dos tipos I, III e IV.
Nesse sentido, as fontes de carboidratos e proteínas usados na dieta são os responsáveis pelas reações de sensibilidade.
Algo que é muito importante nesta doença é que a alergia alimentar tem um desenvolvimento lento e, durante muito tempo pode existir sem que o animal mostre sinais.
Isso dificulta bastante o diagnóstico precoce e o início do tratamento, fazendo com que o animal passe muito tempo tendo reações de hipersensibilidade leves, mas que vão provocando danos ao seu organismo.
Como a dermatite nutricional em cães se manifesta?
Como já foi dito, a dermatite nutricional em cães não possui ainda um mecanismo bem esclarecido, mas se tem algumas informações sobre isso.
O primeiro e mais importante ponto é que nos animais alérgicos o sistema imunológico responde de forma bem exagerada à presença de um determinado antígeno.
Desta maneira, o organismo começa a produzir grandes quantidades de anticorpos para combater substâncias que normalmente não provocariam nenhum tipo de reação em animais sadios.
Na alergia alimentar, os anticorpos são bem específicos e o animal os produz com o intuito de combater uma ameaça, que no caso é uma parte do alimento ingerido.
Proteínas e carboidratos complexos são os principais componentes que o corpo do cão interpreta como sendo uma ameaça.
Outra questão importante para se entender a alergia alimentar é ter em mente que o seu desenvolvimento se dá pela produção excessiva de anticorpos.
E para que isso aconteça, é preciso que o animal tenha contato com o agente alérgico várias vezes até que os sinais se manifestem.
Quais alimentos provocam dermatite nutricional em cães?
Basicamente, qualquer coisa que você imaginar pode provocar uma reação alérgica. Para isso, basta que o corpo o interprete como uma ameaça.
Os mais comuns nos cachorros são pólen, ácaros e a picada de pulga. Obviamente, no caso da dermatite nutricional, o alérgeno está presente na comida que o cão ingere.
Visto isso, é preciso identificar qual dos ingredientes está ocasionando o problema. Geralmente são as fontes de proteínas e carboidratos.
Os alérgenos mais comuns são as proteínas, sobretudo as presentes no leite. Mas é possível que os cachorros também tenham problemas com fontes como a carne bovina, cordeiro, frango e ovos.
Ingredientes de origem vegetal também são potencialmente alergênicos. Os principais nesse caso são a soja ou glúten (de trigo).
Apesar de estes serem os alérgenos mais comuns, qualquer ingrediente usado na alimentação pode ocasionar alergias.
Isso vale inclusive para os corantes presentes em alguns alimentos. Mas independentemente do tipo de alérgeno, os anticorpos produzidos pelo organismo reagem contra eles de maneira agressiva, promovendo assim uma resposta alérgica.
Dependendo do nível da reação, o animal pode ou não apresentar sinais clínicos que demonstrem que ele está doente.
Sinais clínicos da alergia alimentar em cães
Como foi dito, muitas vezes a alergia alimentar pode passar muito tempo desapercebida, uma vez que demora algum tempo para surgirem sinais clínicos que realmente levem o tutor a desconfiar de que há algo de errado.
Portanto, é fundamental conhecer os principais sinais da doença, para que seja possível perceber precocemente que o animal está doente e iniciar algumas mudanças ou um tratamento adequado.
Os sinais clínicos mais comuns são:
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Coceira intensa, que pode ser localizada ou generalizada e, que está sempre presente;
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Desconforto e agitação;
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O animal pode apresentar até sinais de agressividade em alguns casos;
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Hiperatividade ou outras mudanças comportamentais;
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Vômito frequente;
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Diarreia;
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Emagrecimento;
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Otite uni ou bilateral.
Todos esses sinais clínicos podem ou não estar associados à dermatite nutricional em cães, mas muitas vezes eles são bem vagos e podem se confundir com outros tipos de doenças.
Sendo assim, eles não são tão específicos, o que acaba por dificultar bastante o diagnóstico da doença.
Por isso, é importantíssimo que ao desconfiar que há algo de errado com o seu animalzinho, você deve leva-lo imediatamente ao veterinário, para que ele faça exames clínicos e complementares que ajudem a determinar se o pet realmente apresenta dermatite nutricional.
Diagnóstico da dermatite nutricional em cães
Ao desconfiar da possibilidade de o seu animalzinho ter dermatite nutricional, leve-o ao veterinário.
Se ele achar que os sinais clínicos realmente são compatíveis com a doença, com certeza vai querer fazer vários exames que ajudem a elaborar o diagnóstico.
Dependendo da conduta do profissional ele deve realizar exames como parasitológico de raspado cutâneo e micológico de pelame e de escamas.
Ademais, pode realizar um histológico de pele submetida à biopsia e testes intradérmicos que ajudam a eliminar outras possibilidades de alergias comuns em cães.
Caso o profissional conclua que a dieta do cão é o problema, pode criar um plano de dieta de eliminação.
Ou seja, vão se retirando alguns alimentos pouco a pouco, analisando qual deles realmente está provocando a dermatite nutricional.
A exposição provocativa também ajuda a confirmar o diagnóstico. Nesse caso, se expõe o animal ao possível alérgeno, fazendo uma observação controlada das reações que ele apresenta.
Obviamente, o médico veterinário vai conduzir esses testes, mas a contribuição do tutor é fundamental para que tudo isso dê certo.
Como os testes são de eliminação e exposição, todo o processo é bem demorado e, a alimentação do animal deve ser bem controlada.
Entenda como é feito o teste de eliminação
Infelizmente, não existem métodos de diagnóstico rápidos e precisos para a dermatite nutricional em cães.
Por isso, é preciso fazer testes de eliminação e exposição, sempre observando a reação do animal em cada etapa do processo.
Isso é fundamental, mas por ser bastante demorado, não são todos os tutores que se dispõem a acompanhar o animal e controlar o que ele ingere durante tanto tempo.
Até o momento, o método de diagnóstico mais preciso é fazer uma dieta hipoalergênica que deve durar de oito a doze semanas, elaborando um programa de eliminação.
As proteínas hidrolisadas têm baixo peso molecular e, por isso são excelentes para que se realize esse tipo de teste.
Obviamente que o tutor precisa colaborar com isso porque se o cão ingerir qualquer alimento não programado, todo o teste deverá ser reiniciado.
Sendo assim, o pet precisa ficar em um ambiente controlado, onde ele não tenha acesso a nenhum tipo de alimento.
Então, o tutor deve oferecer a ele somente água e o que estiver previsto na dieta de eliminação. Substâncias aromatizadas são terminantemente proibidas.
Nesse período, o tutor precisa se atentar em impedir que o seu animalzinho ingira qualquer tipo de substância que não seja planejada.
Isso inclui petiscos, suplementos vitamínicos saborizados, medicamentos mastigáveis que tenham sabor, qualquer tipo de suplementação com ácidos graxos e, até mesmo brinquedos mastigáveis.
Tudo isso pode interferir no diagnóstico porque o animal pode começar a produzir anticorpos, apresentando uma reação alérgica que faça surgir um falso positivo nos testes.
Além disso, é importantíssimo que o tutor elabore um diário com anotações precisas sobre a alimentação, relacionando isso aos sinais clínicos do pet.
Quanto mais detalhado for este diário, mais fácil é para o médico veterinário entender o que está acontecendo com o cão e, assim fechar um diagnóstico mais preciso.
Quando esta etapa for concluída, então é a hora de se iniciar o que se chama de teste de exposição provocativa.
Teste de exposição provocativa
Quando o animal apresentar alguma resposta em relação ao teste de eliminação e o médico veterinário tiver alguma conclusão sobre o caso, é preciso partir para a segunda etapa, que é o teste de exposição provocativa.
Ou seja, depois que o cão tiver passado pelo processo de eliminação de possíveis substâncias alérgenas, é a hora de voltar com a dieta anterior.
Teoricamente, depois do teste de eliminação, o cão estará sem sinais de alergia, pois não estará produzindo anticorpos contra antígenos da alimentação.
Sendo assim, se a dieta normal do cão fizer com que ele desenvolva sinais de alergia, esse será um indício de que se trata realmente de uma dermatite nutricional.
Na maioria dos casos, os sinais clínicos sugestivos de alergia começam a surgir depois de duas semanas que a alimentação comum tiver sido retomada.
Quando o cão apresentar sinais claros de alergia, é preciso retomar a dieta de eliminação novamente.
Tratamento da dermatite nutricional
Como você viu, o diagnóstico da dermatite nutricional em cães não é algo simples e, é preciso uma parceria muito boa entre médico veterinário e tutor para se fazer os testes adequadamente.
Basicamente, depois da confirmação do diagnóstico, o animal deverá receber apenas o alimento hipoalergênico.
A escolha do alimento é feita pelo médico veterinário e, deve levar em consideração a evolução do quadro clínico do cão.
Em alguns casos, pode-se preparar a comida para o cão em casa, mas isso não é viável para a maioria das pessoas.
Por sorte, atualmente muitas marcas de rações desenvolvem pesquisas para conseguirem criar fontes alimentares seguras e de qualidade para animais alérgicos.
Dessa forma, é possível manter a alimentação do cão sempre saudável e completa, contando com a praticidade das rações secas e úmidas industrializadas.
Em alguns casos, esses alimentos custam mais caro em relação às rações comuns, mas eles são fundamentais para manter o animal livre das reações alérgicas.
Quais são as raças predispostas à dermatite nutricional?
Quando se fala em dermatite nutricional, muitas pessoas se perguntam se ela está relacionada a alguma questão específica.
A resposta para isso é que não. Não existem indícios de que ela apareça por uma causa precisa. Apesar disso, os fatores genéticos sempre estão envolvidos.
Para praticamente todos os tipos de doenças, existe algum grau de influência dos fatores genéticos, uma vez que eles são determinantes na sensibilidade que um animal apresenta.
Nesse caso, a sensibilidade aos alérgenos pode estar relacionada a fatores genéticos específicos, assim como a própria produção dos anticorpos.
Diante disso, mesmo que não haja uma predileção por sexo ou idade, algumas raças sofrem com essa doença com mais frequência.
As principais são: Cocker Spaniel, Labrador, Collie, Schnauzer, Shar Pei, Poodle, West Highland White Terrier, Boxer, Lhasa Apso e Teckel.
Apesar disso, é importante deixar bem claro que nenhum animal está completamente livre do problema, independentemente da raça.
Dermatite atópica
Para se fazer o diagnóstico correto da dermatite canina, é preciso separar com cuidado a dermatite nutricional da atópica.
A dermatite atópica acontece quando substâncias alérgenas entram em contato com a pelagem do animal, fazendo com que surjam reações diversas.
Por mais que a produção dos anticorpos não esteja ligada à alimentação, é sabido que algumas mudanças nos ingredientes que o pet ingere diariamente podem contribui para melhorar o estado geral do animal.
Conclusão
A dermatite nutricional em cães é um problema muito comum na espécie e, por isso é de grande importância para a medicina veterinária.
Como não existe uma regra em relação às raças que podem apresentar a doença, fique sempre atento ao seu animalzinho.