Imagens divulgadas recentemente nas redes sociais mostram como estão Romulus, Remus e Khaleesi, três filhotes criados pela empresa norte-americana Colossal Biosciences. Os animais fazem parte de um projeto que busca recriar o lobo-terrível, espécie extinta há cerca de 10 mil anos.

Desde o anúncio feito em abril, o trio já apresenta crescimento acelerado e porte avantajado. Romulus e Remus, com aproximadamente nove meses, pesam mais de 40 quilos, o que representa cerca de 20% a mais do que um lobo-cinzento comum. Khaleesi, a irmã mais nova, também cresce rapidamente e deve se juntar aos irmãos em breve, formando uma pequena alcatéia.
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A proposta da Colossal e seus filhotes gigantes
A Colossal ficou conhecida por projetos ambiciosos envolvendo a volta de espécies extintas. Além dos lobos, a empresa também está envolvida na tentativa de recriar o mamute-lanoso. No caso dos lobos, o projeto utilizou engenharia genética para inserir em lobos-cinzentos modernos fragmentos de DNA recuperado de fósseis do lobo-terrível.
O objetivo era produzir animais com características físicas próximas ao extinto Aenocyon dirus, como porte maior, mandíbula mais robusta, ombros largos e vocalização grave. Segundo os responsáveis, essas características já são visíveis nos filhotes.
O público se encantou com as imagens e com a ideia de reviver um predador pré-histórico. Mas a comunidade científica recebeu o anúncio com cautela.
O que é e o que não é desextinção
Clonagem e as limitações do DNA antigo
Para que a desextinção ocorresse de fato, seria necessário clonar o animal extinto utilizando DNA preservado em bom estado. Esse não é o caso do lobo-terrível. O material genético disponível está muito fragmentado, o que torna impossível reconstruir completamente o genoma da espécie.
A Colossal não clonou os animais. O que foi feito foi a edição de cerca de 20 regiões do genoma de lobos-cinzentos para simular traços visuais e comportamentais do lobo-terrível. O resultado são animais com aparência aproximada, mas com composição genética majoritariamente moderna.
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A visão da comunidade científica
Diversos especialistas se manifestaram sobre o caso. Corey Bradshaw, professor de Ecologia Global na Universidade Flinders, na Austrália, afirmou que o projeto não pode ser classificado como desextinção. Segundo ele, os animais são lobos-cinzentos levemente modificados.
Outro ponto importante é a falta de revisão científica. Os dados sobre os procedimentos não foram publicados em revistas especializadas nem avaliados por outros cientistas, o que levanta dúvidas sobre a transparência do processo.
O paleogeneticista Nic Rawlence, da Universidade de Otago, destacou que o lobo-terrível pertence a um gênero diferente do lobo-cinzento e que as espécies divergiram entre 2,5 e 6 milhões de anos atrás. Para ele, os filhotes da Colossal são híbridos, e não verdadeiros representantes da espécie extinta.
Entre a ciência e o marketing
O caso dos lobos-terríveis se soma a outros projetos da Colossal que dividem opiniões. Um exemplo é o camundongo-lanoso, animal que recebeu genes de mamute e foi apresentado como passo inicial para a volta da espécie. Embora chamem atenção, essas iniciativas têm sido criticadas por falta de evidência concreta e por se apoiarem mais em impacto visual do que em ciência revisada.
Robin Lovell-Badge, do Instituto Francis Crick, foi um dos que comentaram o caso dos camundongos. Para ele, esses animais são apenas camundongos peludos, sem qualquer demonstração clara de comportamento ou fisiologia semelhantes às dos mamutes.
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A Colossal também trabalha com técnicas voltadas à preservação de espécies ameaçadas, como no caso dos lobos-vermelhos. Em uma iniciativa recente, filhotes nasceram a partir da introdução de DNA de lobo-vermelho em coiotes, o que representa um avanço real na conservação.