Ter um pet na Alemanha não é só uma questão de amor e cuidado. Por lá, os tutores de cães precisam pagar um imposto anual, que varia conforme a cidade e até a quantidade de animais.
Esse modelo costuma gerar curiosidade, e até polêmicas, em outros países, como o Brasil.
Afinal, será que algo assim poderia funcionar aqui? Neste texto, você vai entender como funciona o imposto sobre pets na Alemanha e esclarecer se isso tem alguma relação com a realidade brasileira.
Imposto sobre pets: como funciona a cobrança para donos de cães na Alemanha e como funcionaria no Brasil
Muita gente se surpreende ao descobrir que na Alemanha existe um imposto específico para quem tem cachorro.
Esse tributo é aplicado aos tutores e tem como objetivo, além de gerar arrecadação, incentivar a posse responsável e controlar o número de cães nas cidades.
Na prática, os valores variam de acordo com a cidade e até com a quantidade de animais por residência.
Quem tem apenas um cachorro paga um valor mais baixo. A partir do segundo cão, a taxa sobe consideravelmente, chegando a ser o dobro ou até o triplo em algumas regiões.
Por exemplo, em Berlim, o imposto anual por cão é de aproximadamente € 120, mas se você tiver um segundo cão, esse valor pode subir para € 180.
Raças consideradas perigosas pagam ainda mais, ultrapassando R$ 3.700 ao ano.
A cobrança não tem relação direta com serviços prestados, como veterinário ou manutenção de espaços públicos.
Ela funciona como uma espécie de compensação ambiental e social, considerando o impacto que animais podem gerar nas cidades, como sujeira, ocupação de espaços públicos e até problemas de segurança quando não há controle adequado.
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E no Brasil, seria possível ter um imposto assim?
Aqui no Brasil, não existe nenhum imposto específico para quem tem cães ou qualquer outro pet.
A legislação brasileira não prevê esse tipo de tributação. A posse de animais de estimação é considerada um ato privado e não há base legal que permita aos municípios ou à União cobrar um tributo por isso.
Se um modelo parecido com o da Alemanha fosse implementado no Brasil, ele provavelmente enfrentaria grande resistência da sociedade e desafios jurídicos.
Afinal, além de gerar um peso financeiro para os tutores, poderia afetar diretamente os índices de abandono, que já são altos no país.
Em uma entrevista para a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o advogado Yuri Fernandes, comenta:
“Eu acho que a gente precisa trabalhar outras questões ainda no Brasil para futuramente quem sabe a gente poder ter esse imposto, mas hoje eu acho que isso seria bem ruim, na verdade”
Outro ponto é que a cultura brasileira encara os animais de estimação cada vez mais como membros da família.
A cobrança de um imposto poderia ser vista como um retrocesso, principalmente considerando que o país ainda tem desafios enormes na proteção animal, como controle populacional, castração e acesso a serviços veterinários públicos.
Por outro lado, há quem defenda que uma taxa, se bem administrada, poderia ser revertida em benefícios, como a construção de praças pet, campanhas de castração, atendimento veterinário gratuito e controle de zoonoses.
Mas, até hoje, esse debate não avançou de forma concreta no Brasil.
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Imposto para quem tem cachorro no Brasil não existe!
De tempos em tempos, circulam nas redes sociais mensagens dizendo que o Brasil criou um imposto para quem tem cachorro ou gato.
A informação é falsa. Nenhum município, estado ou governo federal brasileiro cobra, ou tem projeto aprovado, para taxar a posse de animais domésticos.
Essa fake news costuma viralizar principalmente quando alguma notícia internacional, como a da Alemanha, ganha repercussão por aqui.
Pessoas desavisadas replicam conteúdos distorcidos, muitas vezes usando prints de matérias fora de contexto ou até fabricando comunicados falsos de prefeituras e órgãos públicos.
O que existe, na verdade, são discussões sobre políticas públicas para animais, como:
- Registro de pets: algumas cidades exigem cadastro dos animais, mas isso não gera imposto. O objetivo é controle populacional e responsabilização dos tutores em casos de abandono ou maus-tratos.
- Taxas por serviços específicos: em alguns locais, há cobrança por serviços opcionais, como microchipagem, licença para cães de guarda ou uso de espaços públicos específicos.
- Multas: relacionadas a maus-tratos, abandono, falta de coleira ou guia, e não ao simples fato de possuir um animal.
Nenhuma dessas situações se enquadra como imposto. Na legislação brasileira, para existir um imposto é necessário que ele esteja previsto na Constituição e nas leis tributárias, o que não acontece nesse caso.
Se você recebeu uma mensagem dizendo que terá que pagar imposto por ter cachorro, desconfie.
Busque sempre a informação em canais oficiais, como sites de prefeituras, do IBAMA ou de órgãos de proteção animal.
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E se um dia tentarem aprovar algo assim no Brasil?
A criação de um imposto específico para pets no Brasil precisaria passar por um processo complexo no Congresso Nacional, além de uma ampla discussão com a sociedade.
Sem isso, qualquer cobrança seria considerada ilegal e inconstitucional.
Portanto, pode ficar tranquilo: no Brasil, ter um pet não gera imposto. E não há nenhum projeto sério ou em andamento que proponha isso atualmente.
Yuri Fernandes Lima também afirma:
“Se a gente tivesse esse imposto aqui o estado teria que dar ao cidadão, por exemplo, hospitais públicos veterinários, que a gente tem em poucas cidades do país, né, a maioria dos municípios não têm assistência pública aos animais”