O microbioma intestinal em cães está mudando completamente a forma como tratamos um dos problemas mais comuns em pets: a diarreia. Se você sempre recorreu aos antibióticos quando seu cachorro ou gato apresenta esse sintoma, prepare-se para descobrir uma abordagem totalmente nova e mais eficaz.
A Dra. Jennifer Granick, professora associada de medicina interna de pequenos animais da Universidade de Minnesota, está na vanguarda dessa mudança de paradigma. Durante sua apresentação na Convenção AVMA 2022, ela desafiou décadas de prática veterinária tradicional, propondo que talvez devêssemos repensar nossa abordagem ao tratamento da diarreia em pets.
Esta nova perspectiva não apenas promete tratamentos mais eficazes, mas também preserva a saúde intestinal dos nossos companheiros de quatro patas a longo prazo. Vamos explorar como trilhões de microrganismos microscópicos podem ser a chave para resolver os problemas digestivos dos seus pets de forma natural e duradoura.
O que é o microbioma intestinal em cães?
O microbioma intestinal é um ecossistema complexo composto por trilhões de microrganismos que vivem naturalmente no trato gastrointestinal dos nossos pets. Esses microscópicos habitantes incluem bactérias, vírus, fungos e outros microorganismos que trabalham em harmonia para manter a saúde do animal. Longe de serem invasores indesejados, esses micróbios são aliados essenciais na manutenção da saúde geral dos cães.
As funções desse exército microscópico são impressionantes e diversificadas. Eles criam barreiras defensivas contra organismos patogênicos, auxiliam na quebra de nutrientes e liberação de energia dos alimentos ingeridos, fornecem metabólitos nutricionais para as células intestinais e ajudam a regular o sistema imunológico. Além disso, metabolizam substâncias que o organismo do animal não consegue processar sozinho, incluindo alguns medicamentos.
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Por que os antibióticos podem prejudicar o microbioma dos pets?
Preocupante a evidência de que esses medicamentos podem, agravar o desequilíbrio do microbioma, similar ao que acontece com infecções, doenças inflamatórias e dietas inadequadas.
Quando administramos antibióticos para tratar diarreia, estamos essencialmente atacando tanto as bactérias “ruins” quanto as “boas”. Isso cria um efeito dominó devastador no ecossistema intestinal. As bactérias benéficas, que normalmente mantêm os patógenos sob controle, são eliminadas junto com os possíveis causadores do problema.
A Dra. Granick observa uma mudança dramática em sua própria prática: “Os antibióticos são a última coisa que faço, o que é muito diferente de quando comecei a praticar, porque era a primeira coisa que eu fazia”.
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Prebióticos e probióticos: as novas armas contra a diarreia
A revolução no tratamento da diarreia em pets começa com uma compreensão profunda de três conceitos fundamentais: prebióticos, probióticos e pós-bióticos. Os prebióticos são substâncias que alimentam o microbioma para colocá-lo de volta nos trilhos.
Os probióticos, por sua vez, são as próprias “bactérias boas”, são microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro. Esses aliados microscópicos trabalham para restaurar o equilíbrio natural do intestino.
O resultado da interação entre prebióticos e probióticos são os pós-bióticos – metabólitos, ácidos graxos de cadeia curta e proteínas funcionais que exercem efeitos benéficos diretos na saúde intestinal. Esses compostos bioativos ajudam a fortalecer a barreira intestinal.
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Protocolo veterinário moderno
A abordagem da Dra. Granick para casos de diarreia aguda representa uma mudança fundamental na medicina veterinária. Quando apresentada com um caso de diarreia aguda, ela prescreve uma dieta altamente digestível, probióticos, prebióticos (quando indicado) e vermifugação, dependendo do histórico do paciente. Este protocolo prioriza a restauração natural.
Para casos crônicos, a estratégia se torna mais personalizada. A decisão inicial gira em torno de uma dieta altamente digestível ou rica em fibras. “Minha tomada de decisão realmente depende do que já foi tentado”, explica a especialista. “Muitas vezes, quando estou vendo pacientes com diarreia crônica, eles já passaram por algumas tentativas de tratamento diferentes primeiro”. Esta abordagem individualizada reconhece que cada microbioma é único e requer estratégias adaptadas.
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Como manter o microbioma dos seus pets saudável
A prevenção é sempre melhor que o tratamento, e isso é especialmente verdadeiro quando se trata do microbioma intestinal dos nossos pets. A alimentação desempenha um papel crucial na manutenção de um ecossistema intestinal saudável. Oferecer uma dieta equilibrada, rica em fibras naturais e livre de ingredientes artificiais excessivos fornece o substrato ideal para que as bactérias benéficas prosperem.
A ideia de “alimentar o intestino” não é nova na medicina veterinária, mas sua importância está sendo redescoberta. Estudos mostram que a alimentação enteral precoce é mais útil para a recuperação rápida de animais doentes, contrariando práticas antigas de jejum prolongado. O intestino precisa que as bactérias se alimentem para se manterem saudáveis, criando um ciclo virtuoso de nutrição e proteção.
Além da alimentação adequada, evitar o uso desnecessário de antibióticos é fundamental para preservar a diversidade microbiana. Quando seu veterinário sugerir antibióticos para problemas digestivos, não hesite em perguntar sobre alternativas baseadas no microbioma.
