Microftalmia em cães é um problema caracterizado por um bulbo ocular bem menor do que o normal e, que pode trazer vários problemas para o animalzinho.

A condição pode vir acompanhada de problemas secundários seja do segmento anterior ou posterior do olho.

Na parte da frente do olho pode surgir uma opacidade de córnea, catarata ou estreitamento e fechamento do ângulo.

Na parte de trás, por sua vez, podem surgir dobras de retina, mudanças na vascularização e outros problemas.

microftalmia em cães

Cão correndo – Foto: Freepik

Por isso, é importantíssimo diagnosticar a condição corretamente e buscar por tratamentos que ajudem a controlar tudo isso e evitar agravamentos.

Neste texto falaremos sobre a microftalmia em cães e, questões relacionadas à condição. Acompanhe!

O que é a microftalmia em cães?

A microftalmia é uma condição que acomete também os seres humanos e muitas espécies de animais e, está diretamente ligada à uma diminuição do tamanho do bulbo ocular.

Nos humanos, considera-se que a pessoa tenha microftalmia quando o bulbo ocular tem menos de 18,5mm nos adultos e 15mm nas crianças.

Geralmente, esta é uma condição que pode estar associada a um gene dominante ou recessivo, além de poder surgir de forma esporádica também.

Mesmo com uma estrutura menor, geralmente os olhos com bulbo reduzido têm o cristalino com um tamanho normal.

Isso dá a possibilidade de estreitar ou fechar o ângulo da câmara frontal do olho, possibilitando assim uma visão normal.

microftalmia em cães

Cão fez xixi fora do banheiro – Foto: Freepik

O problema é que muitas vezes a microftalmia surge em conjunto com outras alterações no segmento frontal, como a catarata e opacidade da córnea, que são bastante importantes.

A esclera também pode se alterar e, quando ela se torna mais espessa, é preciso ter muita atenção, pois pode ocorrer a efusão uveal.

Graus diferentes da mesma doença

A microftalmia se caracteriza por um bulbo ocular bem menor do que o normal e, pode se manifestar em um ou nos dois olhos do animal.

Existem vários graus para este problema e, inclusive, as características podem ser diferentes entre os olhos em um mesmo animal.

Muitas vezes, a doença está associada a problemas genéticos, mas também pode aparecer devido a problemas de desenvolvimento e fatores variados.

microftalmia em cães

Cão observando – Foto: Freepik

As manifestações podem ir desde uma leve diminuição até a inexistência completa do bulbo ocular. Essas condições possuem nomes específicos, que são:

  • Nanoftalmia: apesar de a estrutura do olho ser menor do que o normal, o cristalino tem medida adequada;

  • Criptoftalmia: por conta de problemas nos anexos, a estrutura do olho pode ficar oculta ou ela pode ser tão pequena que é até difícil localizar;

  • Anoftalmia: neste caso, o animal nasce realmente sem os tecidos oculares.

Dependendo do tipo e grau da condição, os olhos podem ou não serem funcionais. Frequentemente, o animal fica cego por causa das anomalias que surgem.

O que causa a microftalmia em cães?

Não se sabe ao certo quais são todas as possíveis causas da microftalmia e como a doença se desenvolve.

Mas de acordo com pesquisas, além de causa incertas que podem acontecer, o problema tem relação com a genética do animal ou pode ser causada por um agente tóxico.

Quando a doença tem origem genética, surge a partir de um gene autossômico recessivo. Ou seja, não tem relação com o sexo do animal e, mesmo que os dois pais sejam saudáveis, podem nascer filhotes com microftalmia.

Alaskan klee Kai

Alaskan klee Kai – Foto: Pexels

A doença também pode ser primária ou secundária. No primeiro caso, a lesão acontece quando o embrião está em formação, antes do surgimento da vesícula óptica.

Quando a lesão acontece na fase neonatal ou após o nascimento, é chamada de microftalmia secundária.

É importante ter em mente que o desenvolvimento dos olhos dos cachorros continua mesmo depois do nascimento, se estendendo por algumas semanas.

Dependendo do tipo de alteração, o indivíduo pode apresentar uma série de condições que surgem junto com a microftalmia.

Diagnóstico

O diagnóstico da microftalmia em si é simples, uma vez que basta um profissional veterinário fazer a observação e a medição do globo ocular do animal.

O problema é bem evidente, uma vez que provoca alterações bem evidentes na aparência do pet.

Entretanto, como você viu, existem vários tipos e graus, podendo ou não haver doenças relacionadas.

Alaskan klee Kai

Alaskan klee Kai – Foto: Pexels

Sendo assim, é de extrema importância que você tenha o cuidado de levar o animalzinho em um médico veterinário especialista em oftalmologia.

Este profissional tem a competência necessária para realizar uma série de exames para verificar em detalhes a condição apresentada pelo animalzinho.

Também é importantíssimo determinar se o olho com microftalmia é funcional ou não. Isso é essencial para a escolha de uma forma adequada de tratamento e manejo.

A ultrassonografia é um dos exames mais importantes para diagnosticar problemas oftálmicos em cães.

Isso porque este é um exame bastante seguro, que não é considerado invasivo e, que não precisa de sedação para o paciente.

Assim, de forma simples e rápida é possível detectar e monitorar mudanças indevidas no segmento posterior do olho e, verificar a forma, tamanho e localização das estruturas.

Existe tratamento para a microftalmia em cães?

Soft Coated Wheaten Terrier

Cachorro fofo – Foto: Pixabay

Infelizmente, quando um animal é diagnosticado com microftalmia, não há muito o que se fazer.

Geralmente, o profissional veterinário vai indicar formas de manejo e controle que melhorem a qualidade de vida do animal.

Mas isso depende bastante do grau de acometimento das estruturas oculares e da visão. No entanto, não há uma terapia específica para este tipo de condição.

Todo o prognóstico e as opções de tratamento estão sempre relacionados com o grau de deficiência, se o problema existe em um ou nos dois lados e, quais doenças estão relacionadas.

Muitas vezes, é preciso fazer um manejo bem elaborado para tratar ou pelo menos estabilizar essas doenças secundárias.

E se o olho não for mais funcional e o animal apresentar um grau elevado de desconforto, existe uma forte recomendação para que todo o globo ocular seja removido. Este procedimento é conhecido como enucleação.

Meu cachorro precisa tirar um olho, e agora?

norfolk terrier

norfolk terrier – Foto: Pixabay

Nas últimas duas décadas, a oftalmologia veterinária avançou muito e, atualmente já existe tratamento para muitas condições que eram incuráveis até algum tempo atrás.

Com isso, existem várias situações em que se pode salvar a visão dos cachorros, mas em muitos casos isso não é possível.

Muitas vezes, as tentativas de reverter o quadro e possibilitar o animal enxergar normalmente são frustradas.

É comum que nesses casos o cachorro sinta muita dor, ou que existam riscos muito elevados de contaminações e infecções.

Nesses casos, a enucleação pode ser recomendada. Neste procedimento, o médico veterinário faz uma cirurgia para remover o globo ocular do animal.

Esta é uma opção que é permanente, irreversível e, que deve ser usada apenas como uma ultima opção.

Biewer Terrier

Biewer Terrier – Foto: Freepik

De qualquer maneira, esta é uma cirurgia que quando bem indicada e bem feita, pode dar uma excelente qualidade de vida ao animal.

Geralmente, quando o tutor recebe do veterinário a opção de fazer a enucleação, a noticia gera um pouco de medo e desconforto.

Por mais que pareça um procedimento radical e altamente invasivo, é uma excelente escolha em vários casos.

Sendo assim, é preciso avaliar o custo benefício no caso específico do seu cão. Mas tenha em mente que essa pode ser a melhor opção para tirar a dor do pet.

Quando se deve fazer a enucleação?

Biewer Terrier

Biewer Terrier – Foto: Freepik

Antes de mais nada, na maior parte das vezes, a recomendação para a enucleação é um caso extremo.

Ou seja, em casos de perda da estrutura do globo ocular por acidente ou, quando o animal já não enxerga mais.

Geralmente se faz o procedimento quando o olho não é mais funcional e, existe algum tipo de dor intensa ou risco de infecções.

Nesse caso, o custo benefício é muito alto, pois a cirurgia não tem muitas complicações possíveis, é relativamente segura e, a longo prazo há um ganho enorme na qualidade de vida do animal, uma vez que a dor desaparece.

Nesse caso, a cirurgia apresenta poucos riscos. O mais grave é o risco de uma hemorragia ou, de que haja alguma complicação por conta da anestesia.

microftalmia em cães

Biewer Terrier – Foto: Freepik

No caso da microftalmia em cães, geralmente se faz a enucleação quando há alguma doença relacionada e, que provoque dor no animal. As maiores indicações são:

  • Glaucoma: condição muito dolorosa em que há aumento da pressão no globo ocular;

  • Neoplasia: algum tipo de câncer na parte interna ou nos arredores dos olhos;

  • Trauma grave: perfurações e outros tipos de acidentes em que não seja possível reparar o globo ocular;

  • Infecção ou inflamação grave: quando não é possível reverter com medicamentos.

Quando o animal apresenta glaucoma, o nível de dor é altíssimo. Os profissionais comparam a dor a uma enxaqueca grave.

Por isso, em casos extremos a enucleação é benéfica porque elimina a dor do animal, devolvendo a qualidade de vida a longo prazo.

Como funciona a cirurgia de enucleação?

microftalmia em cães

Biewer Terrier – Foto: Freepik

Na enucleação, todo o bulbo ocular e as estruturas anexas a ele devem ser completamente removidas para evitar problemas posteriores.

Quando a técnica cirúrgica é bem executada, geralmente se tem respostas em sua maioria bem positivas.

Não havendo nenhuma complicação, algumas horas após o procedimento o animal pode voltar para casa.

Geralmente o profissional veterinário prescreve analgésicos, antibióticos e também algum medicamento para a cicatrização do ferimento.

As primeiras 24 horas depois do procedimento são as mais complicadas, mas após este período a maioria dos animais volta ao seu estado quase normal e já não demonstra dores.

Provavelmente o uso do colar elisabetano é bem mais incômodo para os cães do que o próprio procedimento cirúrgico.

microftalmia em cães

Cão deitado – Foto: Freepik

Depois de 10 a 14 dias é necessário retornar em consulta para verificar se o ferimento cicatrizou adequadamente e, se é possível fazer a remoção dos pontos.

A longo prazo o local da cirurgia não vai doer e, a remoção de um dos olhos não prejudica o outro.

Os animais são capazes de viver super bem sem um dos olhos. É preciso apenas ter bastante cuidado para evitar que aconteça alguma lesão no olho funcional.

Diante de tudo isso, percebe-se que a enucleação é um procedimento muito vantajoso quando o animal já não enxerga mais e sente dores intensas.

Entendendo melhor a estrutura e funcionamento do olho

O olho é um dos principais órgãos do sentido, sobretudo por estar relacionado com a visão, que é fundamental para a sobrevivência dos animais na natureza.

Para os predadores, a visão aguçada é fundamental para a caça e, para as presas, é essencial para identificar predadores e fugir.

O bom funcionamento da visão depende da eficiência de todo o sistema ocular, que abrange o bulbo ocular e os seus anexos.

O bulbo normal fica dentro da órbita do olho e, é envolvido principalmente por gordura. Mas existem também os anexos, como as pálpebras, ductos, musculatura e glândulas.

Tudo isso junto ajuda a manter os olhos hidratados, protegem e, ainda permitem a movimentação do globo ocular de um lado para o outro.

Em mamíferos domésticos, o bulbo ocular se encontra em uma posição diferente em relação aos humanos.

A localização deles permite um campo de visão melhor e uma capacidade focalização e percepção bem superiores.

Isso é fundamental para animais que vivem na natureza e precisam estar sempre bem atentos aos que está acontecendo ao redor deles.

O bulbo ocular possui três camadas, que se pode chamar também de túnica. A de fora é fibrosa, a intermediária é vascular e, a mais interna é a nervosa.

O diâmetro médio do bulbo ocular varia entre 20 e 22mm quando não há a microftalmia em cães.

É preciso considerar também as variações anatômicas que ocorrem por conta das características variadas entre as raças de cachorro.

No interior do globo ocular existem estruturas importantíssimas, como o cristalino e a retina, por exemplo.

E é necessário que todas elas estejam perfeitamente preservadas para que a visão do animal seja normal.

Conclusão

A microftalmia em cães é uma condição na qual o animal tem o bulbo ocular menor do que o normal ou, até mesmo ausente.

Por mais que seja simples perceber quando a condição está presente, é necessário fazer exames adicionais para verificar se existem doenças secundárias. Somente assim é possível estabelecer a melhor forma de tratar o cãozinho.