A degeneração da válvula mitral em cães é uma das principais alterações cardíacas da espécie, que se manifesta por conta de questões hereditárias ou adquiridas.

A doença valvar degenerativa é bastante comum, mas requer acompanhamento de um profissional especializado na área de cardiologia veterinária.

Reconhecer os sinais e fazer o diagnóstico precocemente é fundamental por se iniciar o tratamento logo e, ter sucesso com os procedimentos escolhidos.

Neste poste falaremos um pouco mais sobre tudo isso e, daremos várias informações extremamente relevantes sobre a degeneração da válvula mitral em cães.

cachorro deitado triste

Cão deitado triste – Foto: Freepik

O que é a degeneração da válvula mitral em cães?

A degeneração mixomatosa de valva mitral é um problema que pode ocorrer em várias espécies de animais, mas que tem uma predileção por cães.

Nessa espécie, os animais que mais sofrem com a doença são os indivíduos de pequeno porte, machos, idosos e, de raças puras.

Infelizmente, não se conhece tão bem a patologia e, não se sabe bem como ela surge. No entanto, parece que o processo pode ter inicio na fase embrionária, por causa da ativação de alguns mecanismos de proliferação celular.

Quando a doença se manifesta, é fundamental que o tutor identifique rapidamente os sinais de que algo não vai bem com o pet e, assim procurar por um especialista na área de cardiologia.

O diagnóstico não é simples, uma vez que exige a associação de vários exames, incluindo o clínico, bioquímicos, de imagem e eletrocardiograma, que podem variar de acordo com cada animal.

Ademais, o tratamento para este tipo de patologia também nunca será simples e, é preciso pensar muito bem sobre qual é a melhor alternativa terapêutica em cada caso.

Entendendo o coração dos cães

Para poder compreender a degeneração da válvula mitral, é extremamente importante buscar um entendimento sobre como funciona o coração dos cães.

E é justamente sobre isso que falaremos aqui. Antes de mais nada, é válido dizer que anatomicamente, o órgão á bastante parecido com o dos humanos.

Sendo assim, também possui dois átrios e dois ventrículos, ou seja, quatro câmaras. Além destas, o órgão conta também com duas válvulas.

Há uma delas de cada lado do coração, separando a região do átrio e do ventrículo. Elas funcionam como portas de entrada e de saída para o sangue.

A principal função dessas válvulas é permitir a circulação do sangue no sentido adequado, impedindo que ele vá ao contrário.

Sendo assim, em um animal sadio, as valvas se atrioventriculares se abrem, de modo que o sangue flua do átrio para o ventrículo.

E quando há o bombeamento do sangue para o corpo ou pulmões, as válvulas se fecham por completo, evitando assim que o sangue retorne para os átrios de maneira inadequada.

Depois de entender melhor esse funcionamento, você deve conseguir imaginar que a degeneração da válvula mitral causa um grande problema.

A Valva Mitral é aquela que separa o átrio e o ventrículo esquerdo. E quando uma falha ocorre, existem várias consequências que você vai conhecer a seguir.

Entendendo a doença valvar em cães

Mesmo que não se saiba muito sobre o tema ainda, as pesquisas mais importantes sobre o tema demonstram que a doença valvar acontece quando o tecido conjuntivo que compõe as valvas se deteriora.

Com isso, pode acontecer o espessamento, encolhimento e, a valva pode até mesmo distorcer. Tudo isso tende a provocar falhas graves de abertura e fechamento.

Como a valva não se fecha adequadamente após a passagem do sangue, ocorre o que é conhecido como regurgitação sanguínea por conta da insuficiência da valva.

Dependendo da quantidade de sangue que retorna, podem ocorrer manifestações clínicas que vão desde as mais simples até as mais graves.

De qualquer maneira, o organismo do animal tende a compensar essa deficiência de alguma maneira e, para isso, o coração hipertrofia ou dilata, para conseguir bombear a quantidade certa de sangue.

Esta compensação é um mecanismo natural, que permite ao animal viver normalmente durante bastante tempo.

Entretanto, dependendo da gravidade do problema, conforme os anos vão passando, pode ocorrer uma insuficiência cardíaca congestiva em até mesmo um edema pulmonar.

Degeneração mixomatosa de valva mitral em cães

Na clínica veterinária de pequenos animais, mais ou menos um em cada dez casos está relacionado às doenças cardíacas.

E desses atendimentos mais ou menos 75% é compatível com a degeneração mixomatosa de valva mitral, também denominada endocardiose valvular.

Um estudo inglês relacionado ao assunto, determinou que a maioria dos animais acometidos tinha menos de 20 quilos de peso e, mais oito anos de idade.

Além disso, parece que existe uma prevalência nas seguintes raças: Cavalier King Charles Spaniel (CKCS), King Charles Spaniel, Whippet, Poodle, Yorkshire Terrier, Shih Tzu, Chihuahua, Miniature Schnauzer, Dachshund, Border Collie, Lhasa Apso, Cocker Spaniel, West Highland White Terrier e Jack Russell Terrier.

Por outro lado, é importantíssimo observar que os animais mais pesados estão mais predispostos a desenvolverem arritmias e falhas mais graves no funcionamento do coração.

Ou seja, quando o problema surge em cães maiores e, sobretudo nos que estão acima do peso, o prognostico tende a ser bem pior.

O que provoca a doença?

Até mesmo na medicina humana, a degeneração da válvula mitral não é totalmente compreendida.

Mas ao que parece, o problema se relaciona a três alterações embriológicas, além de fatores genéticos, mecânicos ou sistêmicos.

No que diz respeito aos animais de pequeno porte apresentarem o problema com mais frequência, pode-se justificar isso considerando que elas compartilham alguns genes e, que esses podem estar relacionados às alterações cardíacas.

Mesmo os estudos mais recentes ainda não conseguiram determinar exatamente o que ocorre e, como essas alterações se manifestam.

Mas é sabido que existem alterações hereditárias e, que também há relação com problemas de metabolização e produção de serotonina ou problemas nos receptores dessa substância. Tudo isso pode levar à degeneração da válvula mitral em cães.

Sintomas da doença valvar

válvula mitral em cães

Cvalier – Foto: Freepik

A degeneração da válvula mitral em cães acontece na maior parte dos casos em animais menores, adultos ou idosos.

A doença tem uma grande influência genética e, deve-se observar que a evolução é bem lenta. Com isso, o animal pode ficar assintomático durante bastante tempo.

Dessa forma, é bem comum que o tutor só perceba o problema nos estágios mais avançados da doença.

Por isso, é muito importante conhecer os principais sinais da degeneração da válvula mitral em cães, o que pode facilitar o diagnóstico.

Quando o problema acontece, o animal pode apresentar os seguintes sinais:

  • Dificuldade para fazer atividade física;

  • Alterações no ritmo cardíaco e respiratório;

  • Tosse, que se torna cada vez mais frequente conforme a progressão da doença;

  • Insuficiência cardíaca congestiva e edema pulmonar.

Se você perceber que o animal apresenta um ou alguns desses sinais, é importantíssimo leve-o a uma consulta com o veterinário, para que assim se busque fazer um diagnóstico adequado.

Tenha em mente que a degeneração da válvula mitral em cães é uma doença progressiva lenta. Apesar disso, algumas questões podem trazer preocupações.

Arritmias cardíacas, excesso de sódio na dieta e lesões na musculatura do coração são alguns desses fatores que levam ao surgimento de sintomas mais expressivos.

Ademais, qualquer fator que provoque sobrecarga cardíaca, como excesso de atividades físicas e anemia contribuem para o agravamento do quadro.

Diagnóstico da degeneração da válvula mitral em cães

válvula mitral em cães

Cão sentado – Foto: Freepik

Como já foi dito, é fundamental prezar por um diagnóstico precoce, uma vez que dessa maneira se tem mais alternativas de tratamento.

Quanto mais cedo a degeneração da válvula mitral for diagnosticada, melhor é o prognóstico e, maiores são as chances de o seu animal voltar a ter uma vida normal.

Por sorte, a cardiologia veterinária hoje em dia tem muitos exames a seu favor. No entanto, cabe ao tutor perceber os sinais e levar o pet em uma consulta.

Logo no exame clínico, o profissional pode desconfiar do problema porque uma das características da doença valvar degenerativa é o sopro no coração.

Então, um simples procedimento de auscultação já pode dar indícios do problema. Diante da desconfiança, pode-se solicitar um ecocardiograma, que forneça uma visão mais ampla sobre o funcionamento do coração e a gravidade do problema.

Como coadjuvantes no diagnóstico, pode-se usar exames de urina e de sangue diversos. Além disso, uma radiografia de tórax é bem interessante para se ter uma ideia do tamanho e formato do coração.

A radiografia também é importante para se observar se há alguma alteração no parênquima pulmonar.

Por meio de um eletrocardiograma, pode-se perceber se existe algum tipo de arritmia cardíaca.

Apesar de muitas opções de análises e diagnósticos, ainda hoje o ecocardiograma é considerado o melhor e mais eficaz método diagnóstico para a degeneração da válvula mitral.

Quando se fala em diagnóstico, deve-se ter uma noção clara de que os achados vão variar de acordo com a gravidade da infecção.

Apesar disso, em todos os estágios costuma ocorrer regurgitação mitral, o que pode ser percebido facilmente por meio de Doppler.

Tratamento da degeneração da válvula mitral em cães

válvula mitral em cães

Happy pet American Bully. Portrait of a pregnant dog with a ribbon, a bow on the belly.

Antes de mais nada, ao verificar que o animal tem realmente a degeneração da válvula mitral, é importante que o tutor tenha a consciência de que o animal deve ser acompanhado por um especialista em cardiologia.

Este é o profissional apto a escolher a melhor opção de tratamento de acordo com o grau de desenvolvimento da doença.

Na maior parte das vezes, o tratamento de escolhe é com medicamentos que ajudam a minimizar os sintomas da doença e otimizam o funcionamento do coração.

Dependendo do quadro, é possível realizar uma cirurgia para a substituição da valva mitral. Mas independentemente de qual seja a escolha, o animal deve ser acompanhado com frequência.

O tratamento clínico ajuda a melhorar a qualidade de vida do pet e aumentar a sua expectativa de vida.

No entanto, se a condição for descoberta muito precocemente, quando ainda não existem consequências circulatórias, o profissional pode optar apenas por fazer o acompanhamento do animal com ecocardiografias periódicas a cada 6 ou 12 meses.

Além disso, recomenda-se o estímulo à prática frequente de atividade física, como forma de melhorar a condição de saúde geral do animal e, evitar a progressão da doença.

Em um estágio muito avançado, pode ser necessário fazer a internação do animal com a intenção de manter o débito cardíaco e conseguir uma boa oxigenação dos tecidos.

Se a situação do animal for muito grave, o profissional pode optar por associar alguns tipos de medicamentos para manutenção do bem estar do animal.

Quando se deve fazer a cirurgia de correção da regurgitação mitral?

Assim como acontece com qualquer tipo de cirurgia, o médico veterinário que acompanha o caso deve avaliar várias questões para definir como será o tratamento.

Em alguns casos, é possível corrigir o defeito da valva mitral por meio de cirurgia e, assim melhorar consideravelmente a expectativa de vida do animal.

A partir do momento em que começa a haver prejuízo cardíaco, pode-se fazer a cirurgia, sempre levando em conta o custo benefício disso.

Maus uma vez, o especialista em cardiologista vai avaliar todos os exames do animal e, então verificar se vale a pena realmente operar.

Geralmente se opta por fazer o reparo quando já há um certo comprometimento da valva, mas o animal ainda não está muito doente.

Infelizmente, este ainda não é um procedimento que faz parte da rotina na clínica veterinária. Isso acontece porque os equipamentos são caros, a técnica é complicada e existem vários tipos de complicações.

Existem vários problemas de saúde que podem acontecer, sobretudo a trombose e outras condições ainda mais graves.

Sendo assim, realmente é preciso levar em conta o quanto o animal ganhará em saúde e, o quanto a sua expectativa de vida irá aumentar com o procedimento cirúrgico.

Conclusão

A degeneração da válvula mitral é uma condição que pode se tornar grave e, que acontece principalmente em animais mais velhos.

É importantíssimo saber reconhecer os sinais associados ao problema, para que se possa identificar a condição precocemente e iniciar o tratamento o mais rápido possível.

E lembre-se de que é preciso buscar pelos cuidados de um cardiologista veterinário para tratar a degeneração da válvula mitral em cães.