O seu cãozinho está com problemas comportamentais?

pergunte para o Alexandre Rossi e Cão Cidadão

Tutor(a): Danielli Novak, Josiane de Souza e Josiane Souza
Cachorro: Crixus, Lola e Billy
AGRESSIVIDADE
1 jun 2016

Agressividade canina: o que é preciso saber?

“Olá Alexandre Rossi e equipe da Cão Cidadão. Eu tenho uma dúvida sobre o comportamento do meu pastor alemão. Ele se chama Crixus e vai fazer dois anos e é o mais mimado da casa. Além dele tenho mais três que também são muito amados, e mais alguns gatos adotados da rua. Porém, ele pensa que manda em tudo, coloca a cabeça dos gatos na boca dele, ameaça morder, mas nunca machuca; morde e briga com os outros cães com quem ele vive desde os dois meses de idade e o pior, se tem outro cão na rua, ele faz de tudo para fugir e atacar, fica violento. Os vizinhos já o detestam por isso e os cães de rua tem pavor dele. Fiz de tudo para socializá-lo desde bebê, ele tinha contato com muitos cães; quando o levo para praia o deixo solto pra correr e nunca tive problemas assim. É só em casa mesmo e apenas com cães. O que devo fazer pra inibir esse comportamento dele? Outro comportamento que ele tem é querer catar pulga em nós (eu e minha mãe principalmente). Sempre que está ganhando carinho ou quando ele quer mais atenção, nós ficamos com hematomas, sempre!” – Danielli Luahra Novak, dona do Crixus, de um ano e dez meses.

“Alexandre, minha cachorra é muito estressada e ciumenta. Ninguém pode chegar na porta do meu quarto ou onde eu estiver que ela avança na pessoa e começa a rosnar e rodopiar em volta dela mesma querendo pegar o próprio rabo, muito brava. A raça dela é pinscher, uma raça pequena que dá para segurá-la, mas se fosse uma raça maior teria que sacrificá-la porque ninguém ia dar conta de segurar. Ela avança mesmo… o que eu faço? Me ajuda doutor” – Josiane Alves de Souza, dona da Lola, de três anos.

“Boa tarde, meu cachorro é um poodle e ele não pode ficar solto porque morde todos. Amo muito ele e sei que tem como modificá-lo. Por isso, estou aqui pedindo sua ajuda. Não sei mais o que fazer, ele pede carinho, vou fazer e ele morde, vou brincar e, do nada, ele morde. Não posso colocar a coleira nele porque ele não deixa e morde. Me ajuda, por favor, amo meu cachorro, mas não sei o que fazer, tenho mais três cachorros adotados de rua mas não posso deixá-los juntos porque brigam.” – Valeria Borghi Prates, dona do Billy, de seis anos.

Por Malu Araújo, adestradora e consultora comportamental da equipe Cão Cidadão.

Olá Danielli, Josiane e Valeria. Como vão?

Quando falamos que um cachorro rosna, avança e morde pessoas ou outros cães, a primeira coisa é tentar identificar o tipo de agressividade que ele está apresentando, para que o treinamento seja iniciado o mais breve possível. É muito comum ouvir comentários como “meu cão nunca avançou em ninguém, só rosna”, porém, quando ele apresenta qualquer modificação no comportamento, já é o momento de procurar ajuda, antes que algo mais grave aconteça. A agressividade é um problema de comportamento em que é importante contar com o auxílio de um bom profissional de adestramento para resolver.

No caso da Lola, por exemplo, o comportamento dela é muito característico de cães possessivos: ela acredita que o quarto e a dona pertencem a ela e tenta defendê-los. Nesse caso, o ideal é mostrar que a chegada de pessoas é uma coisa muito bacana. A pessoa que está se aproximando deve encontrar o momento em que ela ainda não está agressiva e mostrar que, com a aproximação, ela ganhará uma coisa boa. A pessoa vai jogando um pedacinho de petisco e se aproximando aos poucos. Outra dica é mantê-la na guia durante esse treinamento, pois não é recomendável segurá-la com as mãos nesses momentos.

O poodle Billy parece ter uma agressividade por medo porque, por qualquer coisa, ele morde. Ele acabou adotando essa postura para se proteger, ele não sabe o que a pessoa quer e, mesmo que seja uma coisa bacana (como fazer carinho), ele acaba mordendo para tirar a mão da pessoa. A alternativa, quando o cão se mostra dessa forma, é trabalhar a dessensibilização: seja previsível, não faça movimentos bruscos quando for fazer um carinho, fale o que vai fazer, passe a mão em um local que ele goste e dê um petisco, não deixe o carinho longo, repita. Caso seja necessário, use uma “mão falsa” (pode ser uma luva com um pedaço de tecido dentro), para que ele não morda e, quando ele estiver melhor, use a sua mão. Utilize também a coleira e a guia para fazer carinho, mas sem vestir nele. Na brincadeira, jogue a bolinha perto, não faça um gesto muito intenso com a mão e, quando ele voltar, não retire a bolinha dele, jogue outra e elogie sempre que ele se comportar.

Já o pastor alemão Crixus parece ser territorialista e cães que se comportam assim precisam de limites definidos. Os comandos são muito importantes para eles aprenderem a sentar e a ficar, saber o que é o “não”, esperar para ganhar um petisco etc. O carinho também ajuda a melhorar esse comportamento porque, se ele der a mordidinha, vocês param de acariciá-lo. Além disso, ele precisa perceber que a presença de outros animais é legal. Para isso, quando vocês estiverem passeando, não se aproxime do outro cachorro de maneira rápida. Enquanto o outro cão estiver longe, dê um petisco para ele e faça com que ele preste atenção em você e, gradativamente, você vai chegando perto do outro animal, continuando a oferecer petisco. Com o tempo e o treino, ele entenderá que, quando encontrar um cão, ele vai ganhar algo bem legal.