O seu cãozinho está com problemas comportamentais?

pergunte para o Alexandre Rossi e Cão Cidadão

Tutor(a): Maria Oliveira, Juliana Garcia e Crislaine
Cachorro: Docinha, Tufão, Nina, Meg e Bella
Briga entre cães
14 jul 2015

Como lidar com brigas entre cães

“Oi Alexandre, Docinho e Mosquito são duas cadelas que peguei da rua entre tantos outros que passaram pela minha casa para serem tratados e conseguirem família. Ambas, assim como outros três foram ficando, nos apegamos mutuamente e as adotamos eu e minhas filhas. Até seu 1,5 ano de idade elas conviviam em paz e com os outros animais com quem conviviam temporariamente. Comiam, dormiam e brincavam junto com todos, mas certo dia uma brincadeira se transformou em briga, e o que pensamos se tratar de um momento de mau humor se transformou em aversão absoluta. No início não as separei, pois não acreditava que aquilo teria continuidade e só me limitava a ralhar e sapará-las nas duas ou três vezes que se seguiram, a partir daí ficou evidente que era muito sério o que estava acontecendo. Elas se vigiavam e tentavam atravessar a barreira que improvisei porque haviam se machucado e a nós tentando separá-las, pois apesar do porte médio são duas vira-latas fortes e ágeis. Nestes seis últimos anos elas vivem se revezando entre canil e casa porque os animais sempre tiveram acesso a tudo e convivem conosco dentro de casa, dormem na cama comigo e são tratados com carinho e respeito. Elas tem temperamento bem diferente uma da outra. Mosquito é nervosa, agitada, independente e geralmente atrai rejeição mesmo por machos. Docinho é apegada, interativa, tranquila e geralmente é paparicada pelos outros. Nos últimos anos não pude mais ter tantos animais em casa como antes, pois mudamos para uma casa menor e nesse meio tempo elas foram criando problemas também com outras cadelas que passaram pela casa, quando chegam à fase adulta, com exceção de uma que é totalmente submissa. É muito triste ter que conviver com elas como se fossem feras, pois elas só ficam relaxadas porque sabem que estão separadas se vendo dentro e fora do canil dia sim dia não e não quero mais que aconteça o que houve nas raras vezes em que por descuido nosso elas se juntaram e quase se mataram – é um pesadelo pra nós e sofrimento e stress pra elas. ? Eu, que condeno a coleira, a guia, o encarceramento, tenho meu pátio dividido com telas como uma pequena prisão para que minhas cadelas possam ter seu espaço, pegar sol, dormir, ficar em segurança, uma dentro e outra fora sempre. Te pergunto Alexandre se existe algo que possa ser feito, ainda que a longo prazo para que se desfaça esse clima entre elas, ainda que fosse apenas tolerância ou menos stress só com a proximidade da outra? Um abraço!.” – Maria Oliveira, dona da Docinho, de 7,5 anos.

“Menus filhos Tufão e Nina chegaram aqui em casa juntos pois foram adotados ao mesmo tempo. Tufão já grandinho e Nina filhote. Ou seja, a Nina cresceu na companhia do Tufão. Apesar disso, a Nina é muito ciumenta e sempre ataca o coitado do Tufão quando ela está conosco e ele resolve se aproximar. Sempre tentamos repreender mas não surte efeito. Alexandre, por favor, nos ajude para que a paz e a harmonia reinem nessa casa! rs Abraços, Juliana.” – Juliana Marquez Garcia, dona do Tufão e da Nina, de 7 e 3 anos, respectivamente.

“Em fevereiro a Meg entrou no 1º cio  e deixei ela nos fundos da casa e a Bela na frente de casa, a Meg a partir dessa separação começou a briga com a Bella a qual elas brincavam juntas e dai pra frente não posso deixá-las juntas pois a briga é feia, o que fazer? Meg é uma Shih Tzu e veio para minha casa com 45 dias. Bella é uma Lhaza e veio para minha casa com 1 ano e 2 meses.” – Crislaine, dona da Meg e da Bella, de 11 meses e 1 ano e 4 meses, respectivamente.

Por Fabio Antonio, adestrador da equipe Cão Cidadão.

Esse tema é bem delicado porque, quando falamos de brigas entre cães, é importante identificarmos primeiro o que normalmente leva os peludos a brigarem. Existem diversos fatores que, às vezes, não reparamos e que levam nossos tutelados de quatro patas a se desentenderem. Entre outros motivos, as brigas podem envolver uma disputa por atenção, objetos, comida e também por posição hierárquica no grupo ou oscilação de hormônios. Além disso, um dos cães pode acabar associando que a presença do outro significa algo desagradável, lembrando que é comum esses motivos acontecerem juntos e associados entre si.

Então, vamos pensar primeiro no que fazer para evitar que as brigas se iniciem. É essencial mostrar aos peludos que sempre estamos à frente da situação e que disputas não precisam acontecer. Podemos chamar isso de “seja o líder dos seus cães”, isso é, seja alguém em que eles podem confiar e demonstre que, se te seguirem, eles sempre se darão bem.

Podemos exercer essa liderança por meio de hábitos simples, como estabelecer uma hora certa para a alimentação, respeitar limites do tipo: não pegar algo que cai no chão e não entrar em um determinado ambiente sem nossa autorização, além de recompensar os peludos toda vez que eles nos obedecerem, seja com um petisco, brinquedo ou simplesmente com o acesso ao que eles estão querendo naquele momento. Resumindo: devemos ser firmes quando necessário, mas, principalmente, devemos mostrar que, quando eles fazem o que pedimos, sempre conseguem algo bom.

Ao exercermos essa liderança com pequenas atitudes, fazemos com que os cães entendam melhor os limites e que, quando você diz um “não” durante uma ameaça de briga, eles podem obedecer, pois tudo ficará bem.

A partir do momento em que demonstramos estar no controle da situação, precisamos associar cada vez mais a presença do outro cão a coisas positivas, como passeios, brincadeiras e petiscos. No caso de cães que já brigaram e não podem mais nem se ver, senão, acontece de novo, é importante mantê-los separados – sem que consigam se ver a todo momento, para evitarmos provocações – e juntá-los apenas nos momentos em que terão atividades agradáveis como as que citei, controlando sempre a segurança com guias ou portões.

A reaproximação precisa ser de forma gradual, aos poucos. Primeiro, devemos fazer uma associação positiva apenas com o fato de um cão estar no campo de visão do outro. Depois, com a situação controlada, podemos ir aproximando os animais aos poucos, sempre tentando manter o foco dos dois na atividade que estão fazendo e não no outro. O mais importante é avançar essa aproximação somente quando ambos os cães estiverem se controlando e não tentando brigar. Todo esse processo exige muita calma, paciência e técnica, por isso, sugiro a ajuda de um profissional, para evitar acidentes e para que o tempo dos peludos seja sempre respeitado, a fim de evitarmos piorar ainda mais a situação. Para isso, você pode contar com a Cão Cidadão.

Como cada cão e pessoa são únicos, pode ser que, mesmo fazendo tudo isso, a convivência ainda seja delicada e, talvez, os cães não possam ficar juntos sem supervisão, mas a prioridade deve ser sempre o bem-estar dos nossos amigos peludos, mesmo que isso signifique separá-los quando estão sozinhos.