O seu cãozinho está com problemas comportamentais?

pergunte para o Alexandre Rossi e Cão Cidadão

Tutor(a): Jacqueline Silva, Aída Tanajura, Gerson Fiscina e Lais Vicari
Cachorro: Totó, Izzy e Lola
AGRESSIVIDADE
26 nov 2015

Dicas para lidar com cães que apresentam comportamento agressivo

“Olá, Alexandre!! Moro em Búzios e amo animais. Tenho uma cachorra vira-lata e 3 gatos. Todos vieram da rua. Há alguns meses chegou outro vira-lata. O Totó é um cachorro de rua que apareceu foi ficando. Aparecia um dia e sumia quatro. Quando começou a ficar doente tratamos dele e hoje vive grande parte do tempo aqui na rua. Resolvemos então adotá-lo como cachorro comunitário. Arranjamos uma linda casinha e damos comida, remédios e água. O grande problema é que ele é muito desconfiado. Não aceita coleira (foge se vê uma) e não deixa ninguém segurá-lo. Já tentamos várias abordagens mas, sem sucesso. Por ser tão arisco e desconfiado ainda não conseguimos pegá-lo para castrar e dar as vacinas. Estamos querendo dopá-lo para tais procedimentos. Mas isso não é o grande problema. Ele tem uma fixação por motos e bicicletas. Avança latindo e assusta as pessoas. Se ele continuar a fazer isso, tem pessoas que vão denunciá-lo. Não queremos que ele vá embora pois é um crianção. Na verdade gostaria que vc um dia pudesse vir aqui para doutriná-lo (rsrs). O que posso fazer para que ele pare de latir e correr atrás de carros, motos, bicicletas e até pessoas? Se ele se comportar poderá viver com a gente até o final de sua vidinha!! Não queremos que ele se vá!!!!!Ele é muito querido pela maioria da rua!!!!” – Jacqueline Pereira da Silva, dona do Totó, de mais ou menos 1 ano e meio.

“Ganhamos a Izzy com 45 dias já bem desenvolvida e com personalidade forte. Mordia tudo e todos como também chorona. Foi filha única. Os pais já de idade avançada. Depois dela, a mãe não pariu mais. Ficamos com ela até os 8 meses criando mais na corrente porque estávamos p/ nos mudar e a casa que morávamos não tinha canil. Como trabalho meio turno, quanto chegava em casa procurava dá atenção o máximo que podia. Foi ai que não deu certo a mudança de casa e fizemos o canil. E só saímos mesmo com ela andando na rua depois de 6 meses de idade. Resultado: A Izzy teve displasia coxofemural que hoje graças a Deus está controlada, e tem uns repentes que nos dá medo. Ela não se aquieta. Está deitada e se de repente alguma coisa ou zoada chama a atenção dela ela morde quem está perto e corre a procura do que tirou ou chamou a atenção dela. O mesmo ocorre se estamos na rua com ela e passa um carro, bicicleta ou moto, ela parte p/ nos morder e depois tenta correr atrás do veículo. E por conta disso muitas mordidas feias e perigosas já aconteceu. As pessoas dizem que somos doidos por manter ela conosco. Sabemos que se doamos ela, com certeza vai apanhar muito por contas dessas atitudes dela. Assisti seu curso, Alexandre sobre adestramento e consegui a fazer sentar cada vez que preciso. Consegui (algumas vezes) dela focar os “repentes” dela em um ursinho de pelúcia (o Titinho) que ela tem. Então quando por exemplo ela escuta um barulho do nada que (acho) incomoda ou a assuste ela já corre (procuro deixa o Titinho sempre junto dela) e morde o pobre do ursinho, e balança a cabeça numa fúria danada. Ela não é nada carinhosa, bruta que só. As brincadeira muito pesadas e não é um caso colocar remédio nela. Não admiti olharmos as patas e nem que pegamos nada dela. Agora não pode nos ver sentados ou deitados que vem para junto da gente e quer sentar ou deitar no nosso colo como se fosse um bebê. Amamos muito nossa “Zoldinha”. Com todas as mordidas, brutalidades estamos com ela e a manteremos conosco. Se você puder nos ajudar seria maravilhoso! Sempre que posso estou assistindo seu programa em Eliana. Queríamos castrá-la, mais por conta dessa brutalidade ficamos com medo por conta dos pontos e da dificuldade em ela deixar colocar a medicação. Não criamos cães para guarda ou procriação, mais por amor, por companheirismo, para ser um membro da nossa família. Tínhamos outra rottweiler antes dela que vivia aqui dentro de casa normalmente. Muito educada (não foi adestrada), uma natureza maravilhosa. Faleceu de câncer e foi muito sofrido para mim e meu marido. Adoraria poder ter ela aqui dentro de casa, andando, deitando onde ela achasse melhor e não em um canil (mesmo sendo grande o espaço) lá no quintal longe da gente. De tarde solto ela em toda a área do fundo e deixo a porta da cozinha aberta p/ ela ficar nos vendo. Vez e outra a deixo entrar dentro de casa deita no tapete da sala e fico lá com ela. Às vezes deita na minha cama, + ai começa a morde uma coisa, a futuca outra … Enfim, se vocês puderem nos ajudar ficaremos muito, muito mesmo agradecidos. Um abraço e um “xero” na Estopinha e no Bartô!”– Aída Tanajura e Gerson Fiscina, dona da Izzy, 2 anos e 9 meses.

“A Lola foi abandonada no campus da USP de Pirassununga e foi adotada por mim e meu namorado faz pouco mais de 3 anos. Ela aprontou muito por um tempo, como qualquer outro cachorro, mas recentemente ela tem apresentado um comportamento agressivo com outros animais e crianças. Não é sempre que ela apresenta esse comportamento, mas a frequência tem aumentado. Isso me preocupa pois agora temos crianças na família, com quem ela eventualmente se encontra e não me sinto mais a vontade para leva-la a lugares onde encontraremos outros animais (e que ela sempre frequentou!!) e mesmo para brincar ou caminhar no campus, pois fico apreensiva com seu comportamento, que é imprevisível. Hoje mesmo, viemos embora de um churrasco pois outros cães que ela não conhecia foram convidados e ela não parou de brigar com os animais… Não sei o que faço para evitar esse comportamento. Por favor, me ajudem antes que aconteça algum acidente!?” – Lais Vicari de Figueiredo Pessôa, dona da Lola, de mais ou menos 4 anos.

Por Tarsis Ramão, adestradora da equipe da Cão Cidadão.

Olá Jacquelini, Aída e Laís, tudo bem? Não é nada fácil ter um peludo encrenqueiro, não é mesmo? Mas, com carinho e paciência, podemos resolver qualquer problema. Nos três casos, é possível perceber que, antes de tudo, é necessário trabalhar muito a confiança e a liderança.

É muito importante fazer com que os peludos façam muita associação positiva com o que, de alguma forma, desencadeia essas atitudes agressivas. No caso do Totó, por exemplo, com muito cuidado e carinho, deve-se associar a guia a um petisco muito gostoso, sem forçar colocá-la. Pode chamá-lo sempre oferecendo uma salsicha ou algo bem gostoso, para que inicialmente ele confie ao ser chamado e, aos poucos, faça essa mesma associação com a coleira.

Essa tática também é válida para facilitar a manipulação da Izzy que, muitas vezes, não aceita ser tocada. Fazer isso, de forma mais tranquila e associando a coisas boas, pode ajudá-la a ser mais tolerante.

Com a aversão que a Lola está desenvolvendo a outros cães e crianças, também indico associar esses “problemas” a coisas muito legais. Sempre de maneira segura e controlada, usando a guia, aproximar a Lola do que ela parece aceitar, oferecendo coisas bacanas e saborosas para que ela passe a associar tanto os outros cães, como as crianças, a algo positivo.

Muita calma, paciência e persistência são fundamentais nos três casos. E, depois de deixá-los mais confiantes, seria também muito importante trabalhar muito a liderança com essas ferinhas.

Os cães precisam sentir que tem alguém no controle da situação que, muitas vezes, eles consideram ameaçadoras (como motos, carros, outros cães etc.), para que não tenham a necessidade de atacar o “inimigo”.

Sempre aconselhamos que isso seja treinado de forma paralela, antes do problema em si. Pois, dessa forma, o dono estará com mais controle da situação e o cão menos eufórico, o que o ajuda a assimilar as lições.

Como fazer?

Faça treino de limites com seu peludo, colocando um petisco ou um brinquedo que ele adora no chão e, quando ele tentar pegar, frustre-o. Diga “não” e evite que ele pegue apenas o segurando, ou então, com a ajuda de um borrifador de água ou uma latinha com barulho. Assim, nas situações em que seu bichinho se estressar, você poderá usar essa bronca para evitar o transtorno.

No caso do Totó talvez seja um pouco mais difícil corrigi-lo, afinal, ele fica solto na rua e, assim, é mais difícil monitorar essas reações agressivas para controlar. Realmente não é a situação mais adequada porque, nesses casos, é bastante natural ele ter um instinto ainda maior de territorialidade, querer proteger o pedaço que ele mora e manter esses hábitos. O ideal, para um melhor resultado nos treinos, é que ele fosse mantido dentro de casa.

Enfim, a receita para ter peludos menos briguentos consiste em treinos de limite e muita associação positiva com o que eles podem considerar uma ameaça. Muitas vezes, as reações de agressividade podem ser originadas por medo.

Então, o papel do dono é tornar o cachorro mais confortável com essas situações que o incomodam, seja qual for o motivo, e mostrar que é você que está no controle da situação. Boa sorte com o treinamento, Jacquelini, Aída e Laís!