O seu cĆ£ozinho estĆ” com problemas comportamentais?

pergunte para o Alexandre Rossi e CĆ£o CidadĆ£o

Tutor(a): Giulia Sterchele
Cachorro: Cookie
SociabilizaĆ§Ć£o
6 mar 2016

Dicas para uma boa sociabilizaĆ§Ć£o

ā€œLi seu livro de adestramento quando o Cookie ainda era filhotinho (com aproximadamente 3 meses) e uma das coisas que me chamou atenĆ§Ć£o Ć© que o cachorro precisa passar por diversas situaƧƵes e experiĆŖncias atĆ© os 5 meses de idade, para que se acostume com elas e nĆ£o estranhe futuramente/ tenha algum tipo de trauma. Sabendo disso, o levei ao parque Ibirapuera, onde hĆ” dezenas de cĆ£es para que ele pudesse brincar e ser sociĆ”vel – uma preocupaĆ§Ć£o que tinha pois sharpeis tendem a ser antissociais e muitas vezes bravos. Sendo assim, observando o comportamento do Cookie percebi que no comeƧo ele era bem na dele, era curioso para conhecer outros cachorros e brincava de vez em quanto, embora nĆ£o seja seu ponto forte. Acontece que, com o passar do tempo, ele foi se tornando cada vez mais antissocial com os outros cachorros, mesmo com minha preocupaĆ§Ć£o constante em continuar as atividades ao ar livre e contato com outros cĆ£es praticamente todo o final de semana. Hoje em dia, com 1 ano de idade, percebo que ele se tornou o contrĆ”rio do que eu temia. Em vez de bravo, ele Ć© extremamente medroso. NĆ£o deixa nenhum cachorro chegar perto dele no parque, principalmente se for cheirĆ”-lo pra dar um ”oi”, independente de seu tamanho (foge atĆ© de pinscher e chihuahuas). Com humanos ele nĆ£o apresenta medo nenhum e deixa mexerem tranquilamente. Qual poderia ser a causa do problema? Como solucionĆ”-lo?ā€ – Giulia Sterchele, dona da Cookie, de um ano.

Por Oliver So, adestrador da equipe CĆ£o CidadĆ£o.

Oi Giulia! Ɖ muito bom quando um tutor se preocupa e procura informaĆ§Ć£o para cuidar bem do seu bichinho. ParabĆ©ns!

Como vocĆŖ mencionou, existe um perĆ­odo em que o cĆ£o filhote precisa ser apresentado a tudo aquilo que vai acabar vendo durante sua vida. Ɖ o perĆ­odo de sociabilizaĆ§Ć£o, que vai atĆ© os trĆŖs meses de idade. NĆ³s precisamos colocĆ”-lo em contato com pessoas dos mais variados portes e caracterĆ­sticas, animais (cĆ£es, gatos, pĆ”ssaros, cavalos, bois, porcos etc.), barulhos (liquidificador, aspirador de pĆ³, trovĆ£o, fogos de artifĆ­cio etc.), objetos (guarda-chuva, vassoura, cadeira de rodas, caixas grandes etc.), locais (pet shops, clĆ­nica veterinĆ”ria, praƧas, parques, shopping centers, carro etc.). Mas a apresentaĆ§Ć£o precisa ser feita de maneira gradual, controlada e positiva:

> Gradual diz respeito Ć  velocidade com que vamos aproximar o estĆ­mulo ao filhote. Temos que respeitar os limites de cada cĆ£o. NĆ£o adianta querer acelerar o processo, que poderĆ” provocar o efeito contrĆ”rio, gerando uma repulsa do cĆ£o Ć quele estĆ­mulo.

> Controlada, porque nĆ£o podemos simplesmente deixar que o cĆ£ozinho aprenda por conta prĆ³pria. Ɖ preciso escolher as pessoas e os outros animais a serem apresentados, para que eles nĆ£o acabem indo para cima do seu bichinho de maneira brusca, assustando em vez de acostumĆ”-lo. Usar guia ou grades de separaĆ§Ć£o pode ajudar na apresentaĆ§Ć£o de outros cĆ£es, por exemplo.

> Positiva, para que as primeiras experiĆŖncias que o filhotinho tenha com aquele determinado estĆ­mulo sejam sempre agradĆ”veis. Essa associaĆ§Ć£o boa de uma coisa, pessoa, animal, barulho ou local com um petisco gostoso ou uma brincadeira divertida, por exemplo, Ć© essencial para evitar que ele desenvolva algum medo a tudo isso.

Talvez a apresentaĆ§Ć£o dos outros cĆ£es ao Cookie tenha sido um pouco rĆ”pida demais para ele e sem muito controle, jĆ” que estava com cachorros aleatĆ³rios, que estavam no parque naquele dia. O processo de dessensibilizaĆ§Ć£o desse medo pode seguir essas trĆŖs regras tambĆ©m. Respeite o tempo para ele ganhar confianƧa e dĆŖ espaƧo para que ele se sinta confortĆ”vel. Sempre usando petiscos e/ou brincadeiras que ele goste muito. Bons treinos!