O seu cãozinho está com problemas comportamentais?

pergunte para o Alexandre Rossi e Cão Cidadão

Tutor(a): Adriana, Taline Tossi e Anderson Correa.
Cachorro: Jujuba e Paçoca.
Destruição
30 jul 2015

Meu cachorro destrói tudo o que vê: como agir?

“Boa noite Alexandre Rossi, tenho uma cachorra da raça pastor alemão, ela tem 2 anos e 4 meses mas o comportamento dela é de filhote, tivemos que fazer várias mudanças na casa por causa dela, não posso deixar nada no quintal que ela destrói, o carro então está todo riscado, será que ela vai ser sempre assim? Será que ela vai ser sempre essa bebezona e nunca vai aprender o que pode e o que não pode? Segue uma foto dela, a pequena é a minha outra cachorrinha a Hanna de 3 anos e 3 meses, essa não dá um pingo de trabalho. Obrigada” – Adriana.

“Olá pessoal. Primeiramente, parabéns pelo trabalho lindo de vocês. Bom, sou mamãe de uma Boxer de aproximadamente 9 meses que adotamos de uma empresa que estava doando os filhotinhos dos cães de guarda. O nome dela é Jujuba, como o doce, porque ela é meu xodó rsrs.
A Jujuba é muito ansiosa, ela destrói todos os brinquedos q damos a ela e se saímos e não voltamos nos horários de costume ela fica maluca… outro dia ela arrancou um dos lados do telhado da casa dela (de madeira) e roeu. Fico preocupada de ela engolir alguma coisa que a machuque. Passeio com ela todos os dias e procuro brincar sempre q posso, mas como eu e meu marido trabalhamos o dia todo nunca temos muito tempo. E ela não tem melhorado. O que posso fazer para acalmá-la e ajudá-la a ser menos apavorada e ansiosa? Ai vai uma fotinha da Jujuba pra vocês se apaixonarem. E também uma foto da nossa família 🙂 Desde já, muito obrigada. Att, Taline Tossi. De Maringá, Paraná.” – Taline Tossi, dona da Jujuba, de nove meses.

“Olá Alexandre! Tenho minha SRD, a paçoca há 1 ano. Eu a peguei depois de ela passar por maus bocados (ela era de outra pessoa que a numa sacola de lixo, e iam matá-la com pedradas, pesando que era um rato, a peguei já com quase 2 meses quando ela estava com as duas patas quebradas ) ficou mais 2 meses com a pata imobilizada e estava mto debilitada por vermes e pulgas. Mas enfim, hoje ela está muito linda.No entanto, o comportamento dela é beeeem difícil. Apesar de agora está melhor em algumas coisas, por exemplo, obedece o comando de sentar e às vezes o de ficar. Ela não é agressiva, muito pelo contrário, é extremamente carinhosa e dócil.

Dentre todos os problemas, os que mais me incomodam e, por mais q eu tente aplicar o que já li e assisti sobre o assunto, parece não estar funcionando, são 2: O primeiro: Ela tem destruído meus móveis, arrancou vários tacos do apto, a ponto de eu chegar e encontrar aquele moooonte de areia q ela cavou depois de arrancar os tacos. Além disso, ela arranca, leva pra cima do sofá e morde. Semana passada, arrancou o pé do armário da cozinha, agora já tá arrancando o outro, correndo o risco do armário cair com tudo em cima dela e eu não estar em casa, já q passo o dia todo no trabalho. há duas semanas atrás, a maior tristeza pra mim…eu fui dormir e ela ficava solta pela casa, acordei com o barulho dela fazendo um buraco no estofamento do sofá… Desde então, restringi o acesso dela somente à cozinha e área de serviço. Só fica solta pela casa quando eu estou. O outro é que gosto muito de receber os amigos e família em casa. apesar de todos serem loucos por ela, é um caos… não há quem consiga ficar tranquilo. ela pula em cima das visitas q estão em pé, q estão sentadas…se caminham ela gruda nos sapatos, puxa a barra da calça…Quando eu dou ordem para parar, ela para. Mas é só virar q começa tudo outra vez.

Ela fica o dia inteiro sozinha. Passeio com ela durante a noite, quando chego, por pelo menos 1:30hrs ( no mínimo ) e, sempre que possível, também a levo para dar um passeio rápido pela manhã, antes de sair para o trabalho, em média 0h30min a 0h40min pela manhã. Deixo alguns brinquedos com ela, e sempre uma peça de roupa recém-usada (uma meia geralmente). Quando chego em casa, não dou atenção direta, espero sempre passar uns 10 a 15 min, até dar atenção para ela. Não sei mais o que fazer….vou ter q trocar todos os tacos da sala e corredor, além de reformar o sofá e trocar armários da cozinha.. e as visitas em casa, não consigo aproveitar direito, pq tenho q estar sempre de olho e dando ordens pra ela… Me ajuuuudaaaaaaa!!!! Obrigado!” – Anderson Correa, dono da Paçoca, de um ano.  

Por Tatiana Casari, adestradora da equipe Cão Cidadão.

Olá Adriana, Taline e Anderson, tudo bem?

O comportamento destrutivo dos cães normalmente tem como causa a ansiedade. Exceto para filhotes entre 4 e 6 meses, pois, nesse caso, a destruição é por conta do incômodo pela troca de dentes. Mas não é o caso dos cães de vocês, que já passaram dessa fase.

Os cachorros podem ficar ansiosos por diferentes motivos: pode ser por tédio, para chamar a atenção, por não suportarem ficar sozinhos (o que chamamos ansiedade de separação), e isso é relacionado ao temperamento dele. Ou seja, alguns cães têm propensão genética para serem mais agitados e ansiosos.

Antes de iniciar os treinos, é importante conversar com o veterinário de confiança e descartar qualquer problema de saúde. Se estiver tudo certo com a saúde do seu cãozinho, o primeiro passo é saber como dar vazão a essa ansiedade. Uma rotina de passeios diários é muito importante, pois o cão relaxa, se distrai e gasta energia.

A quantidade exata de exercício que um cão precisa varia muito. Vocês saberão se ele precisa de mais exercício observando se o passeio está funcionando para acalmá-lo. Brincadeiras em casa não substituem o passeio! Na rua, o cão tem estímulos visuais e olfativos que são importantes para dar vazão à ansiedade. E um passeio disciplinado produz melhor resultado do que um passeio “bagunçado”, com o cachorro puxando a guia e latindo. Portanto, corrijam o passeio de forma gentil, ensinando o cão a acompanhar o ritmo de vocês.

Em casa, podemos ajudá-los a gastar essa energia com brinquedos apropriados. É esperado que o cachorro destrua o brinquedo, pois essa destruição faz parte da brincadeira. Quanto mais brinquedos próprios eles tiverem para destruir, menor será a necessidade de destruir a casa de vocês. Então, deem a eles ossos para roer, brinquedos de corda, brinquedos de material reciclável, coco verde, brinquedos que também são comedouros (por exemplo, bolinhas que soltam ração).

Vocês podem guardar os brinquedos mais divertidos e oferecer aos cães quando eles forem ficar sozinhos. Mas, cuidado: sempre que oferecerem um brinquedo pela primeira vez, o façam sob supervisão. Tenham certeza de que ele é seguro e não solta pedaços que podem ser ingeridos (no caso de coco verde, tudo bem se o cachorro ingerir um pouco, pois é um produto natural). É recomendável que o cão se alimente brincando. Vocês podem, por exemplo, servir a refeição em brinquedos do tipo comedouro. Além da atividade física, essa brincadeira propicia a eles um estímulo mental, que é relaxante.

Com relação aos móveis e objetos que eles destroem, é válido tirar do alcance o que for possível, durante o período de treino, ou restringir seu acesso a cômodos mais “perigosos”. Esse acesso deve ser liberado aos poucos, conforme observado que o cachorro não está mais causando estragos. Quando não é possível restringir o acesso, vocês podem utilizar um produto repelente. Há várias marcas disponíveis em pet shops. Para saber qual funciona melhor com o seu cachorro, o ideal é levá-lo junto, aproximar a embalagem aberta de seu focinho e observar qual ele detesta mais. Esse é o ideal! Utilizem nos móveis conforme a indicação do fabricante do produto.

Outra ferramenta muito útil é treinar o comando FICA. Nesse comando, vocês devem dizer FICA para o cão, se afastar, e sempre retornar para recompensar, caso ele não tenha saído do lugar. Evoluam gradualmente no treino, sem pressa, aumentando o tempo, a distância, depois saindo da vista do cão, fazendo barulho enquanto ele está no FICA. Esse é um treino de autocontrole, portanto, ajuda a diminuir a ansiedade.

Para cães que ficam muito ansiosos com a ausência da família, recomendo também fazer treinos de pequenas separações. Saia de casa, volte após alguns segundos e recompense o cão, caso ele tenha se comportado durante a sua ausência. Evolua no treino aumentando gradativamente o tempo da ausência. A ideia é que eles aprendam a ficar bem sozinhos.

Se for o caso de o cão ficar ansioso na presença de visitas, quando possível, passeie com ele antes da visita chegar. Treine pedir o FICA para a campainha ou interfone e, quando a visita chegar, peça o FICA. Mantenha o cachorro na guia, assim vocês podem frustrar os pulos. Frustrar (ou seja, eles tentam e não conseguem) tende a ter um efeito melhor do que dar a bronca após o pulo.

Se o cachorro se acalmar e parar de pular, depois de um tempo, recompense com um petisco que ele goste. Solicite para as pessoas darem atenção a ele apenas quando ele estiver comportado e com as quatro patas no chão. Lembrem-se que falar e olhar diretamente para o cão também é dar atenção. Para ignorar, o ideal é desviar o olhar. Com o tempo e paciência, eles aprendem que não ganham nada bagunçando, e se ficarem quietos ganham atenção e petisco.

Caso os problemas persistam, recomendo que vocês procurem a ajuda de um profissional.