O seu cãozinho está com problemas comportamentais?

pergunte para o Alexandre Rossi e Cão Cidadão

Tutor(a): Francisco Prado, Roseli e Lidia da Costa
Cachorro: Puppy, Paollo e Hanna
Hiperatividade
21 jul 2015

Meu cão é hiperativo. O que eu faço?

“OLA PESSOAL, PUPPY – GOLDEN RETRIEVER COMECEI A PASSEAR COM ELE A UNS 5 MESES ATRAS. NÃO SOU ADESTRADOR, MAS COMECEI A PRATICAR E ELE PEGOU ALGUMAS COISAS!!!!! O SENTAR, DAR A PATA, FICAR E AGORA ESTA INDO PARA O JUNTO SEM COLEIRA. NA RUA TAMBÉM ANDA BEM, EXCETO UM DEFEITO QUE RELATAREI MAIS A FRENTE.  POIS BEM, DOIS PROBLEMAS ESTÃO DIFÍCEIS DE CONCERTAR : – NA MINHA ENTRADA NA GARAGEM ELE FICA MUITO ANSIOSO, ENÉRGICO E PULA DE MAIS E FICA NÃO RESPONSIVO AO QUE FALO; – NA RUA QUANDO VÊ OUTRO CÃO, DÁ AQUELE BOTE QUE QUASE DESLOCA MEU OMBRO!!!!!! GOSTARIA DE SABER O QUE POSSO FAZER PARA QUE ELE SE COMPORTE MELHOR E MINGUE ESTES DEFEITOS??? MUITO OBRIGADO  FRANCISCO CARLOS RIBEIRO PRADO” – Francisco Carlos Ribeiro Prado, dono do Puppy, de 1 ano e 5 meses.

“Ele é hilário… kkkk, pula demais até o alto quando a gente saí para o quintal… num tem como passar a mão, fazer carinho… ele é hiperativo…. rssss, se der ti mando um vídeo… gostaria de alguma resposta…. obrigada! adoro vocês de coração e o acompanho desde sempre! Beijuuuus” Roseli, dona do Paollo, de 3 anos.

“Hanna é uma cadela da raça Cocker Americano, pelos dourados, e muito graciosa. Está comigo desde que tinha 2 meses. É muito dócil, inteligente, tranquila, quase não late, enfim, uma ótima companheira. Só tenho ela, e como moro só, por vezes, quando saio, ela fica sozinha, mas fica bem, mesmo não gostando. Só tenho tido dificuldade em lidar com um comportamento dela: sempre que chega uma visita em casa, ela se agita e pula em cima das pessoas. Adora criança e por vezes, por querer se aproximar, acaba derrubando ou amedrontando elas. E também, pelo nervosismo, ela faz xixi onde não costuma fazer. É necessário que eu pare um tempo para aclamá-la ou, algumas vezes, tirá-la do ambiente, o que sei, não é bom pra ela, pois ela gosta de ficar perto da gente. Quando passa um pouco de tempo ela se acalma e fica mais quieta, mas sempre por perto, pois adora ficar ouvindo as conversas, por vezes até dorme. Em março de 2013, foi castrada, mas nada mudou nesse comportamento, só engordou quase 4 kg. Gostaria de que me dissessem o que posso fazer para ajustar esse problema de comportamento da minha Hanna que amo muito.” – Lidia Pereira da Costa, dona da Hanna, de 10 anos.

Por Thamires Pacheco, adestradora da equipe Cão Cidadão.

Olá Francisco, Roseli e Lidia! Tudo bom?

A hiperatividade é um problema bastante comum, do filhote ao cão adulto. A origem disso pode estar ligada a vários fatores estimulantes, desde a parte genética até em relação a ambientes e rotinas “inapropriados”. Cães hiperativos podem desenvolver outros problemas relacionados, como ansiedade de separação, compulsões por lambedura, latidos excessivos, destruição de objetos, entre outros.

Antes de toda e qualquer providência, devemos alinhar e descartar qualquer problema neurológico e/ou fisiológico do cão junto ao veterinário. Uma vez descartado qualquer problema relacionado à saúde, devemos entender o que pode levar o cão a ter um “gatilho” para tanta excitação. Na maioria das vezes, algumas pequenas mudanças em relação a nossa postura junto ao cão já o ajudam a se controlar em diversas situações.

Nossa chegada em casa, por exemplo, não pode se tornar um evento no dia do cão. Geralmente, chegamos cansados do trabalho, e é muito recompensador ter alguém que fique muito feliz em nos ver, e erramos ao fazer aquela festa maluca a ponto do cão se urinar e ficar descontrolado. Mas então, eu não posso dar “oi” para o meu amigo quando chego? Pode, contanto que isso não seja sempre um carnaval, pois, se fazemos sempre isso ao chegarmos, é assim que o cão entende que precisa agir quando alguém chega! Uma festa!

Ignorar o cão ao chegar, ou dar um pequeno “oi” e dar um tempo, já ajuda o cão a respirar e a se controlar. Mantendo uma rotina ao chegar, o cão se acostuma e compreende que você chegou, mas está tudo bem.

Com visitas, controlar o cão na guia na hora da chegada ajuda a mantê-lo no chão. Também podemos oferecer um petisco que ele demore a comer, pois isso vai ajudá-lo a ficar entretido logo na chegada e quando ele terminar de comer, o furacão já passou.

Cães hiperativos geralmente também não conseguem se controlar na rua. Ver outro cão, outra pessoa ou só a coleira, ainda em casa, já o deixa a ponto de explodir, tamanha excitação que ele chega. Nós mesmos excitamos o cão antes mesmo de sair de casa! Pegamos a coleira, colocamos o sapato, pegamos a chave e provocamos: “– Vamos passear? Você quer passear? Vamos para a rua?”. Novamente, criamos um evento no dia do cachorro. A neutralidade é importante para fazer disso a nova rotina. Previsibilidade e rotina na vida de cães hiperativos ajudam bastante para que ele consiga manter o controle.

Frustrar o cão, pegando a coleira na mão e não sair, colocar a coleira e depois tirar e guardar, pegar as chaves e ir sentar no sofá, levá-lo até o portão e entrar de volta são coisas que ajudam o cachorro a “desencanar” e a esfriar o estado interno dele. Só sai quando se acalmar.

A saída exige paciência. Por isso, é importante entender que ele precisa de ajuda, e que eles testam um pouco nossos limites quando estão sendo contrariados. Antes de querermos controlar o cão na rua, devemos controlá-lo ainda dentro de casa.

Um comando bacana para cães hiperativos e ansiosos é o “fica”. Consiste em pedir que ele se sente e, na sequência, pedimos o “fica”. Logo em seguida, já o recompensamos. Conforme ele se sentir confortável, podemos exigir mais tempo e também nos distanciamos. Se o cãozinho errar, pedimos novamente com um critério bem baixo, para que ele consiga acertar e se sentir motivado.

Uma alimentação balanceada e um cão dentro do peso ideal são fatores importantes para que ele se interesse por você, pois, caso contrário, não há petisco que faça o cão cessar sua euforia. Atividades paralelas, passeios, brincadeiras em casa, enriquecimento ambiental (brinquedos com comida) e até day care (hotéis) ajudam o cãozinho a direcionar a sua ansiedade para coisas que ele possa extravasar.

Nenhum cão gosta de ficar sozinho, portanto, atividades sempre devem ser levadas em consideração caso ele passe muitas horas sem ninguém. O adestramento também é um ponto importante para que um profissional possa, junto com o proprietário, identificar quais são os pontos a serem melhorados e, assim, proporcionar melhor qualidade de vida, fazendo a relação de ambos se tornar muito mais divertida e saudável!