Mais um ano está terminando. As cidades estão coloridas, enfeitadas com luzes e decorações natalinas. É um período de comemorações, com mesas repletas de delícias como panetones, chocolates, nozes, amêndoas…

Cada vez mais, os cães estão fazendo parte desses festejos. Antes, na noite de Natal, os cães eram presos para não incomodarem os convidados. Hoje, eles fazem parte da festa. São vestidos de Papai Noel e são, muitas vezes, a atração da noite.

Não é incomum algum convidado ou mesmo os seus proprietários oferecerem as guloseimas da festa para eles, já que “eles pedem” ou por sentirem pena por eles estarem vendo todos comerem, menos eles. No entanto, essas pessoas não sabem que tal atitude pode deixar o cão doente ou até mesmo matá-lo.

As intoxicações alimentares são um dos casos mais comuns em clínicas 24 horas nesse período do ano. Vômitos, diarreia, dor abdominal, apatia, desidratação são os sinais clássicos.

Infelizmente, se escuta falar de pessoas que oferecem cerveja e refrigerantes para os cães. Talvez na tentativa de buscar a atenção das pessoas para si, de ser engraçado. Além da atitude recriminável, o que considero pior é o fato dessas pessoas estarem cientes que é algo prejudicial, mas mesmo assim fazem.

Por outro lado, existem alguns produtos que parecem inofensivos para nós, mas que podem causar sério dano ao cão. Nós temos a tendência a achar que tudo que não faz mal para nós, também não fará para o cão. Grande engano. São espécies diferentes que, apesar das semelhanças fisiológicas, possuem suas particularidades.

Todos os tipos de chocolate (chocolate branco, chocolate ao leite tanto o tradicional como o dietético, chocolate amargo, chocolate meio amargo, chocolate de confeiteiro, cacau em pó) contêm duas metilxantinas que são tóxicas para os cães: a teobromina e a cafeína. Outros produtos que contêm essas substâncias são o café, o chá e os refrigerantes.

Essas substâncias podem alterar a frequência cardíaca e causar arritmias (ritmo irregular dos batimentos do coração). Além disso, podem tornar a respiração do cão ofegante e causar excitabilidade do sistema nervoso central, manifestada através de nervosismo, excitação, tremores, convulsões, coma e, consequentemente, morte. Quando a exposição é aguda, nos casos em que há ingestão de grande quantidade da substância, a morte ocorre dentro de 6 a 24 horas. Já em ingestão crônica, ou seja, quando há ingestão de pequenas quantidades por vários dias, a morte é decorrente de insuficiência cardíaca. Devemos lembrar que, o que parece para nós pequena quantidade, para um pinscher de 2 kg, por exemplo, pode ser muito!!!

As uvas e uvas passas são também um perigo em potencial para os cães. Há relatos de injúria renal aguda em cães, após ingestão de grande quantidade de uvas e uvas-passas.

Na realidade, o que me levou a falar desse tema foi justamente a lembrança de um relato, realizado por uma colega veterinária, que havia atendido um cão de pequeno porte em crise renal aguda, no início do ano. Durante o atendimento, os proprietários relataram ter dado 7 uvas para o seu cão no reveillion, como forma de receber o ano que estava por se iniciar. Infelizmente o cão não sobreviveu.

Portanto, não dêem aos seus cães esses tipos de alimentos. Existem produtos específicos para eles. Comemorem as festas de fim de ano de forma responsável, respeitando as particularidades de cada organismo e evitando, assim, imprevistos desagradáveis.

O objetivo desse artigo não foi assustar, mas, pelo contrário, conscientizar e evitar que casos como esses aconteçam com os seus cães.

Feliz Natal e maravilhoso 2013 para todos nós! Abraço e até o nosso próximo encontro.