Quem tem um bichinho de estimação em casa sabe o quanto eles podem ajudar a trazer certo conforto com as coisas não vão muito bem. Mas, você sabia que isso pode ser ainda mais forte para pessoas que sofrem com algum tipo de doença mental séria?

Foi exatamente isso o que um estudo constatou.

De acordo com a pesquisa, quando pessoas com esquizofrenia ou transtorno bipolar foram perguntadas quem ou o que as ajudou a manter o controle em momentos de crises, muitos disseram que foram os animais de estimação que mais ajudaram.

Os animais de estimação só ótimas companhias para pessoas com doenças mentais graves. (Foto: Reprodução)

“Quando me sinto muito para baixo, eles são maravilhosos porque eles não vão sair do meu lado por dois dias. Eles só ficam comigo até que eu esteja melhor”, afirmou um participante do estudo e tutor de dois cães e dois gatos.

Segundo Helen Brooks, pesquisadora de saúde mental na Universidade de Manchester, no Reino Unido, e principal autora do estudo, muitas pessoas com doença mental grave vivem em casa e têm contato limitado com outras pessoas, então muitas acabam tendo uma conexão emocional mais profunda com seu animal de estimação, mais até do que com amigos e familiares.

Para o estudo foram entrevistadas 54 pessoas com doenças mentais graves de longo prazo. Vinte e cinco deles consideravam seus animais de estimação como parte de sua rede social.

Os cientistas perguntaram aos pacientes por quem eles procuravam quando precisavam de ajuda ou conselhos, onde obtiveram apoio emocional e encorajamento e como passaram seus dias.

Os participantes receberam um diagrama com três círculos consecutivos irradiando para fora de um quadrado representando o participante. Eles foram convidados a escrever as pessoas, lugares e coisas que lhes deram apoio nos círculos, com os círculos mais próximos ao centro sendo o mais importante.

Estudos apontam que os animais de estimação podem deixar pessoas com doenças mentais mais ligadas ao mundo real. (Foto: Reprodução / Gary John Norman / Getty Images)

65% dos participantes que disseram considerar seus animais de estimação como parte de suas redes sociais os colocaram no círculo central e mais importante, o mesmo lugar em que muitas pessoas colocam familiares e assistentes sociais próximos. 20% colocaram os animais de estimação no segundo círculo.

“Eu acho que é muito difícil conseguir entender a experiência real quando você não teve uma doença mental para saber como é. É como se existisse um abismo profundo entre nós…. [as outras pessoas] estão de um lado e nós estamos do outro lado. Estamos enviando sinais de fumaça um para o outro para tentar entender uns aos outros Mas nem sempre … nem sempre entendemos”, disse um participante do estudo.

Pessoas com doenças mentais muitas vezes veem seus grupos sociais encolher. Para muitos deles, os animais podem romper o isolamento. Pois os pets dão carinho sem a necessidade de compreender a desordem.

“[Animais de estimação] não olham para as cicatrizes em seus braços. Eles não questionam onde você esteve”, comentou um participante.

Este participante do estudo tinha uma rede social limitada, por isso colocou seus pássaros no círculo social mais próximo em sua vida, junto com seu assistente social e grupo de jardinagem.(Foto: Reprodução / Helen Brooks / University of Manchester)

Segundo alguns participantes, os animais de estimação forneceram mais do que apenas apoio emocional e companheirismo, eles também conseguiam distraí-los da doença, mesmo em casos mais graves.

Além disso, ter que cuidar de animais de estimação ajuda a evitar que as pessoas com doenças mentais se afastem do mundo real. Um participante contou que caminhar com seu cão o ajuda a sair de casa e encontrar outras pessoas. “Isso me surpreendeu, a quantidade de pessoas que param e falam com ele, e isso me alegra com ele. Eu não tenho muito na minha vida, mas ele é muito bom, sim”.

Os animais de estimação também fazem com que pessoas com doenças mentais mantenham uma rotina, o que é realmente importante para elas. “Levantar-se de manhã para alimentá-los e levá-los para caminhar, lhes dá estrutura e um sentido de propósito que eles não terão de outra forma”, explica Helen Brooks.

Muitos dos participantes do estudo estão desempregados por causa de sua doença e ter um animal de estimação bem cuidado foi uma fonte de orgulho para eles.

De acordo com Mark Longsjo, diretor do programa de serviços para adultos no McLean Southeast, um centro de internação mental em Middleborough, Massachusetts, as entrevistas no estudo refletem suas experiências profissionais.

Os animais ajudam a pessoas com doenças mentais manterem sua rotina e a afastar pensamentos suicidas. (Foto: Reprodução / eusemfronteiras)

“Temos tantos pacientes chegando, e sempre lhes perguntamos quem lhes dão apoio, às vezes seus familiares, às vezes seus amigos, mas é muito comum ouvir sobre animais de estimação”, afirmou Mark Longsjo.

Ainda segundo Mark Longsjo, pacientes com animais de estimação já afirmaram que os animais os ajudaram a desistir de pensamentos suicidas, pois eles sabem que os pets dependem deles.

Além disso, Helen Brooks afirmou que muitos de seus pacientes disseram que algumas vezes parecia que seus animais de estimação sentiam quando eles precisavam de ajuda e eram capazes de cuidar de seus tutores.

Helen Brooks espera que mais profissionais da saúde considerem a incorporação de animais de estimação em planos de cuidados para pessoas com doença mental.

 

Fonte: npr.org