A violência doméstica é algo que deve ser sempre combatido no Brasil e em todas as partes do mundo. Todavia, é necessário dar ainda mais apoio para as pessoas que são vítimas desta situação. Pensando nisso, alguns cachorros na Espanha estão sendo adotados em um método humanizado para auxiliar na recuperação da autoestima e na realização das atividades mais simples do dia a dia.

Isso acontece no programa de pesquisa realizado pelo Instituto Andaluz Interuniversitário de Criminologia da Universidade de Cádiz (no sul da Espanha). A iniciativa defende as melhorias terapêuticas para esse grupo de pessoas devido a relação próxima com cachorros. Uma das participantes contou que cão lhe animava a sair, algo que ela demorou semanas para cogitar.

A mulher começou a notar sinais de melhoria duas semanas após iniciar a participação no projeto. O intuito foi conseguir se livrar do isolamento que adotou depois de ter vivido um relacionamento na qual passou por violência doméstica.

A relação com um cachorrinho e a obrigação de tomar conta dele causaram uma modificação na sua rotina. Além disso, o novo amiguinho apresentou novas razões para sair a rua, uma atividade que lhe dava medo após o trauma.

No começo, ela até chegou a ficar assustada pelo tamanho do animal. Todavia, a mulher foi superando esse receio pouco a pouco e voltou a frequentar alguns lugares que achou que nunca mais seria capaz de entrar.

Apesar de ainda estar no primeiro estágio do projeto, a mulher sente que deu passou rumo a sua recuperação emocional. Todavia, é importante salientar que ela abriu um processo judicial com o seu ex-companheiro.

Cachorros na Espanha integram pesquisa para autoestima e vida social

Até o momento, algumas mulheres passaram a conviver com esses cachorros na Espanha como parte de uma iniciativa. O intuito da ação é avaliar os benefícios gerados pela companhia dos animais nas vítimas de violência em casa. O levantamento ainda tem como intuito descobrir como essa relação auxilia tanto na autoestima quanto na vida social da vítima.

Através de sessões com psicólogos, é calculada ao longo de 365 dias a eficácia da companhia dos animais no cotidiano das participantes. As raças de cães adotadas na pesquisa são relacionadas com pastoreio e acompanhamento.

Diferente do que ocorre com outros projetos, nos quais os animais se apresentam como uma forma de defesa, neste estudo as atribuições dos animais são exclusivamente terapêuticas.

Cachorros na Espanha

Foto: Freepik

Segundo os responsáveis pela iniciativa dos cachorros na Espanha, utilizar esses animais como ferramentas para segurança das mulheres é um erro. As pessoas que enfrentam essa situação não devem ver esses bichos como uma arma.

De fato, os cachorros de guarda são treinados para se portar de uma certa maneira. E até podem provocar um perigo dentro da família da vítima ou com os indivíduos com os quais essas mulheres necessitam se relacionar. Conforme os idealizadores do Instituto Andaluz Interuniversitário, esse problema já se sucedeu em diversos locais.

Portanto, a proposta é que os cachorros na Espanha não sejam considerados meros elementos de defesa. São cães de pastoreio. Portanto, o adestramento do bichinho e a sua convivência com a vítima são totalmente distintos.

Detalhes do projeto

Vale pontuar que a Associação de Adestradores Profissionais de Cães da região da Andaluzia fornece os cachorros de maneira gratuita. Além disso, a entidade também se responsabiliza pela manutenção e adequação dos pets às rotinas de suas novas donas.

De acordo com reportagem do portal de notícias R7, nove mulheres que passaram por episódios violentos fazem parte do grupo de controle. Esse grupo determina as diferenças produzidas entre as participantes com ou sem os cachorros. A intenção é que o trabalho com os cachorros na Espanha seja encerrado até a metade de 2020.

Entretanto, a expectativa é que a ação seja levada adianta caso os resultados sejam convincentes. A partir daí, é possível que o Poder Público local inclua a adoção de cachorros como um mecanismo nas suas políticas contra a violência doméstica.

Cachorros na Espanha

Foto: Freepik

Uma das questões oriundas deste projeto de pesquisa é que esses animais de ajuda às vítimas possam ser vistos como cães-guia. Porque não podem nos dias de hoje adentrar aos mesmos locais que os cães que acompanhar indivíduos com deficiência. Essa nova classificação poderia modificar o quadro e facilitar consideravelmente a retomada da vida social das vítimas.

Violência doméstica no Brasil

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 35% das mulheres já sofreram violência física e/ou sexual, violência de parceiros íntimos ou violência sexual de não-parceiros íntimos durante suas vidas. Enquanto o Brasil está na quinta posição na lista de países onde a violência doméstica é crime. E, precedido apenas por El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia.

Em 2013, 4 762 mulheres foram assassinadas no Brasil. Sendo que 50,3% desses crimes foram cometidos por membros da família e 33,2% deles foram cometidos pelo atual ou ex-parceiro. Em 2015, o Governo Federal divulgou um estudo que mostrou que a cada sete minutos uma mulher é vítima de violência doméstica no Brasil.

Com relação a punição de agressores e defesa das vítimas, o Brasil conta com a  Lei Federal n.º 11.340, em 7 de agosto de 2006 (Lei de Prevenção à Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher), conhecida popularmente como Lei Maria da Penha.