Ativistas em todo o mundo comemoraram quando a Humane Society International (HSI) declarou que o governo chinês iria banir o consumo de carne de cachorro no controverso festival de Yulin.

Há 10 anos o festival oferece aos participantes carne canina e felina como opções no menu. Estima-se que nos 10 dias de funcionamento do evento ele abata, por ano, uma média de 10 mil cães e gatos.

Em entrevista para a BBC, infelizmente donos de barraquinhas e restaurantes locais confirmaram que tudo seguirá exatamente como nos outros anos e que não houve nenhum comunicado oficial quanto a questão de venda de carne canina e felina por parte nem do governo chinês, nem dos organizadores do evento.

Há uma forte presença policial nas ruas para evitar que ativistas querendo salvar os animais e vendedores entrem em conflito.

Devido a repercussão negativa que o festival atrai todos os anos, as autoridades locais baniram o abate público de cães em 2016 para evitar mais protestos.

O governo de Yulin declarou repetidamente que não organiza o evento e, por isso, não poderia proibir a presença dos cachorros. Em adição, o país não proíbe o consumo de carne de de cães e gatos.

Mesmo com os contratempos, o trabalho não para e ontem (20), após 10 horas de negociações, um grupo parceiro da HSI conseguiu parar um caminhão e salvar mais de 800 cães e alguns gatos que estavam indo em direção de Guangzhou, o maior centro de venda de carne de cães e gatos do mundo.

Cães sendo resgatados esse ano pela Humane Society International (HSI). Foto: Reprodução HSI/ Facebook

Entendendo o impasse no Festival de Yulin

O consumo do carne canina é muito comum e aceito culturalmente em países como a China e Coréia do Sul, sendo até recomendado nos meses mais quentes do ano.

Os locais que consomem carne de cachorro reclamam que qualquer proibição seria uma imposição de costumes estrangeiros, e que os animais são abatidos de forma humana.

Já ativistas garantem que muitos cães e gatos são roubados de residências para serem usados como comida, que são transportados em pequenas gaiolas e abatidos de forma cruel.

Além da pressão ocidental, muitos chineses têm mudado de opinião quanto ao costume, principalmente porque hoje a China possui 62 milhões de cachorros registrados como animais de estimação.

Cães pendurados e prontos para o consumo na China. Foto: AFP