Para alguns cães a adoção vem bem mais rápido do que para outros. Infelizmente, o preconceito, seja contra certas raças, ou a falta dela, contra idade e contra animais com problemas de saúde, ainda é grande e acaba atrapalhando bastante.
Pink, um cão que vivia em um abrigo a espera de um lar tinha um desses agravantes. A fêmea tem uma visível deformidade no crânio e por conta disso precisava de cuidados especiais, o que dificultou muito sua adoção.
Paulette Goodreau viu uma imagem de Pink compartilhada em sua rede social e sentiu um aperto no coração. Ela logo percebeu que o rosto do cão era bem peculiar e então mostrou a foto do cão para sua companheira, Christie Cornelius, que é veterinária e confirmou que Pink poderia ter algum tipo de problema de formação.
Pinky era branca, mas sua pele era tão fina que ela tinha um tom rosado. Seus olhos eram pequenos, mais separados que o normal e não focavam na mesma direção. Seu nariz parecia esmagado, e sua língua sempre com a pontinha pendurada para fora da boca. Ela tinha uma deformidade óbvia no crânio.
Além disso, o abrigo informou que ela também tinha uma das patas quebrada. Pink parecia muito com um Pit Bull, mas por conta da deformidade era difícil ter a certeza. Paulette rapidamente compartilhou a imagem de Pink, divulgada pelo abrigo, na esperança de que alguém especial se interessasse em adotar o cão.
Pinky estava no abrigo Galveston County Shelter, no Texas, que estava compartilhando imagens de Pink na esperança de que um resgate pudesse ajudar o animal a melhorar sua saúde e condições.
Enquanto estava no trabalho, Christie voltou a olhar a foto do cãosinho rosado, pois estava hipnotizada pela carinha de Pink. Ela sabia que a pata quebrada era o menor dos problemas do animal. E que com cuidados isso se resolveria mais facilmente.
Pela deformidade, a veterinária reconheceu os sinais de problemas neurológicos na cara do animal. Sabendo cães como Pink podem demorar ainda mais para serem adotados e que ela precisaria de cuidados especiais, Christie percebeu que ela e Paulette eram as pessoas certas para ficarem com Pink.
Christie tinha os recursos para assumir o cão e, por ser veterinária, estava preparada para lidar com as necessidades especiais de Pink. Ela então mandou um texto para Paulette, sugerindo que elas adotassem Pink. A resposta imediata foi “sim”.
Além de feliz por Pink ser adotada, o abrigo estava grato e aliviado por ter uma veterinária interessada pelo cão e concedeu a adoção para Paulette e Christie.
As adotantes nunca tinham encontrado Pinky antes. Eles sabiam que o cão tinha sido deixado no abrigo por uma família que disse ter encontrado ele. Quando finalmente conheceram Pink, as duas viram que tinham feito a escolha certa.
Já no novo lar, Pinky foi imediatamente levada para uma consulta com especialistas. Uma tomografia computadorizada da cabeça mostrou que parte do seu cérebro estava em sua cavidade nasal, ela não tinha cavidades do seio frontal e suas órbitas oculares e os olhos haviam sofrido problemas por isso. Ela também tinha cílios encravados, também conhecidos como cílios invertidos, ou seja, os cílios foram realmente invertidos para o lado de dentro e estavam esfregando em suas córneas.
Ela também estava sofrendo de atrasos no desenvolvimento, epilepsia e com vista e audição diminuída. Veterinários confirmaram que Pinky tinha nascido com aquelas condições provavelmente devido à endogamia, sistema em que os acasalamentos se dão entre indivíduos aparentados, relacionados pela ascendência.
Pinky passou por uma cirurgia para corrigir a pata quebrada logo depois que foi adotada, quando ela tinha pouco menos de um ano de idade. Aos 18 meses de idade passou por nova cirurgia, dessa vez para corrigir o problema de seus cílios.
Christie e Paulette estão bem ocupadas com os cuidados com Pinky, além de seus outros dois cães, mas não estão nada arrependidas. Pinky sofre de convulsões e tem refluxo ácido, mas é hoje um animal feliz e muito amado. Ela está aprendendo várias coisas com seus irmãos caninos, Bob e Mylie. Ela traz alegria para todos que a conhecem e ama seus seres humanos. Apesar de tudo que ela passou.
Paulette criou uma página no Facebook para manter as pessoas que conheceram a história de Pink atualizadas sobre seu progresso. Ela e Christie também defendem na página a adoção de animais que têm necessidades especiais.
Pinky teve muita sorte. Graças aos compartilhamentos feitos pela mídia social do abrigo Galveston County e pela compaixão de suas novas tutoras, Pinky não ficou no abrigo por tanto tempo. Alguns abrigos costumam ficar lotados, e, infelizmente, animais com condições especiais não fazem tanto sucesso como filhotes saudáveis.