Todo mundo sabe que algumas espécies de animais se saem super bem no dia a dia, mas você sabia que os cães usam o campo magnético da Terra para pegar atalhos?
Isso mesmo. Ainda que o faro e a audição dos cães sejam mais reconhecidos, esses animais também conseguem usar o magnetismo a seu favor para conseguirem se orientar.
Pesquisas recentes vêm estudando cada vez mais os cachorros e, mostrando que eles possuem sensibilidade magnética, como se tivessem verdadeiras bússolas internas.
Inclusive, esses recursos são usados para uma locomoção mais adequada em locais desconhecidos.
Mas se você quer saber mais sobre como os cães usam o campo magnético da Terra para pegar atalhos, continue lendo esse post.
É verdade que os cães usam o campo magnético da Terra?
Como você deve ter percebido pela introdução do nosso texto, sim, é verdade que os cães usam o campo magnético da Terra como forma de orientação.
Um estudo alemão foi o pioneiro em demonstrar essa capacidade nos cachorros, uma vez que ela havia sido descrita até então apenas em aves e outros grupos de animais.
Já é sabido há algum tempo, por exemplo, que o cérebro dos pombos funciona de maneira bastante curiosa, como se houvesse um GPS embutido.
Mas falando especificamente sobre os cães, a maneira como essa sensibilidade é percebida é bastante interessante.
No momento em que decidem urinar ou defecar, esses animais direcionam os seus corpos em um alinhamento de acordo com o eixo norte-sul do planeta.
Uma longa pesquisa foi realizada, considerando muitos animais e, foi possível descrever que realmente existe uma relação entre o magnetismo da Terra e a maneira como os animais orientam os seus corpos.
Esse tipo de descoberta tem uma importância imensa para o meio científico, uma vez que muito se sabe sobre a orientação em aves, mas não nos cães.
Os cães usam o campo magnético da Terra para pegar atalhos
Definitivamente, os cães são extremamente conhecidos por conta do seu olfato, mas novos estudos estão demonstrando um talento oculto nesses animais.
Mesmo que este seja um atributo sensorial bem oculto, os cães possuem uma bússola magnética e, isso pode ajuda-los com a navegação.
Esse tipo de sentido pode ser usado pelos cachorros na hora de executar cálculos para atalhos para percorrer locais que eles não conhecem bem.
Essa descoberta faz parte das conclusões de uma pesquisa liderada por Catherine Lohmann, bióloga da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill.
Especialista em observar a percepção magnética de navegação presente nas tartarugas, ela diz que pouco se sabe sobre a forma como os cães podem usar esse recurso.
Dessa maneira, diante de tantos avanços nos estudos com animais domésticos, está mais do que na hora de se ter uma ideia mais clara sobre como os cães se orientam no espaço.
Já há bastante tempo que se tem indícios de que diversas espécies de animais conseguem perceber esse magnetismo da terra.
Inclusive, pode ser que os próprios humanos consigam fazer isso também, mesmo que ainda não se saiba como.
Cães se orientam para urinar e defecar
Inicialmente, esta pode até parecer uma ideia engraçada, mas no ano de 2013, Hynek Burda, um ecologista sensorial da Universidade Tcheca de Ciências da Vida em Praga, desenvolveu uma hipótese sobre isso.
Depois de trabalhar por trinta anos com a recepção magnética, conseguiu comprovar que os cachorros possuem uma tendencia de se alinhar em relação ao eixo norte a sul na hora de urinar ou defecar.
É preciso ir mais a fundo e entender que este tipo de comportamento tem a ver também com a marcação territorial.
Sendo assim, o alinhamento auxilia os animais a compreenderem bem o seu posicionamento em relação a outros pontos.
Mas é preciso entender que orientação é diferente de um alinhamento fixo.
Pesquisas com o campo magnético da Terra
Uma pesquisa feita por Kateřina Benediktová, da Universidade de Cornell, visava fazer um questionamento sobre os animais utilizarem as suas capacidades olfativas como sendo complementar à sua visão.
Em um novo estudo, quatro cães foram levados para um passeio na floresta e, todos eles estavam com câmeras e rastreadores de GPS.
O que se observou foi que os cachorros correram atrás do cheiro de um animal por mais ou menos 400 metros.
Diante disso, os pesquisadores começaram a se perguntar se esse comportamento estaria relacionado ao rastreamento.
Observando os dados obtidos a partir do GPS que estava nos animais, foi possível perceber que havia dois tipos de trilha basicamente.
No tipo de percurso apelidado de rastreamento, o animal retornava até o tutor seguindo o mesmo caminho que havia feito antes. Provavelmente isso seria feito seguindo os cheiros deixados por ele mesmo.
O outro tipo de comportamento dos animais foi chamado de aferição e, nesse caso os cachorros retornavam por meio de um caminho totalmente novo.
Cães usam o campo magnético – O que isso significa?
As primeiras informações e resultados obtidos a partir desse estudo mostrou algo bastante interessante.
Quando o cachorro estava realizando um caminho de reconhecimento, parou e correu mais ou menos 20 metros no eixo norte-sul antes de começar o seu retorno.
Se você não entendeu bem o que isso pode significar, os pesquisadores viram essa questão como se fosse uma espécie de recálculo por parte do animalzinho.
No entanto, com a pequena quantidade de informações disponíveis não era possível ter nenhuma certeza sobre isso.
A segunda fase do estudo sobre o campo magnético da Terra
Diante da necessidade de se obter mais informações, os pesquisadores decidiram ampliar o projeto.
Para isso, liberaram 27 cachorros em muitos passeios ao longo de três anos. Com isso, eles tinham em mãos 223 casos de patrulhamento, nos quais os cães vagaram em média 1,1 km em seu retorno.
Ao avaliarem os resultados, perceberam que em 170 desses passeios os cães param antes de voltar e, então correram os vinte metros no eixo norte-sul.
O mais interessante de tudo foi que os animais que realizavam esse procedimento acabavam voltando ao tutor por meio de um caminho mais direto em relação ao usado pelos animais que não faziam isso.
Os cachorros acabaram sendo levados para uma região totalmente desconhecida para eles, evitando assim que pudesse usar qualquer tipo de marco.
Sendo assim, a explicação mais provável é a de que os cachorros percorrem o eixo norte-sul tentando entender onde se encontra.
Isso permite que se lembrem de uma direção anterior usando-a como referencia para a sua bússola magnética para que possa voltar para casa usando uma rota mais direta.
Cães usam o campo magnético – O estudo apresenta falhas
O maior problema em relação aos resultados deste estudo é que não é possível ter certeza de que os cães usam o campo magnético da Terra para pegar atalhos se os demais sentidos não forem excluídos.
Cachorros são animais incríveis, com habilidades surpreendentes, que podem integrar os seus vários sentidos de maneiras diferentes.
Dessa forma, os pesquisadores decidiram fazer o contrário. Ao invés de impedirem os outros sentidos dos cachorros, vão bloquear a percepção magnética.
Para isso, pretendem colocar imãs nas coleiras dos animais e, então irão observar as suas rotas, verificando se o imã atrapalhou a capacidade de orientação dos cachorros.
De qualquer forma, é bem provável que os cães possuam essas habilidades, uma vez que muitas espécies se orientam de acordo com o campo magnético da Terra. Inclusive, esta é uma habilidade antiga, que ajuda na caça.
Como os animais sentem o campo magnético da terra?
Hoje em dia a humanidade possui tantos recursos tecnológicos que é até difícil imaginar como seria ter que ir a um local desconhecido sem um GPS, não é mesmo?
Mas você já imaginou que as aves migratórias conseguem ir do norte ao sul sem maiores problemas?
E como as tartarugas marinhas conseguem saber em qual praia botaram os seus ovos? Da mesma forma, existem muitos outros animais que possuem um “GPS integrado” que os guia até o destino.
Mesmo que muitas pessoas duvidem disso absolutamente, pesquisadores possuem cada vez mais indícios de que diversos animais usam o campo geomagnético da Terra de maneira extremamente precisa.
Tartarugas usam o campo magnético da Terra
Já está bem descrito que as jovens tartarugas-cabeçudas conseguem detectar o campo magnético da Terra para fazer ajustes na direção da natação.
É usando este sensor magnético que esses animais conseguem se manter sempre em águas mais quentes mesmo que essa seja a primeira migração.
Conforme o tempo vai passando, parece que esses animais começam a construir um mapa magnético ainda mais detalhado.
Dessa forma, conseguem identificar as linhas de campo, considerando a intensidade e a direção delas.
Isso os ajuda a saber onde estão, uma vez que as linhas são mais acentuadas nos polos e, mais distantes no equador.
No entanto, os pesquisadores não conseguiram identificar exatamente como os animais fazem essa identificação.
Isso porque o magnetismo passa pelo corpo do animal normalmente e, por isso, poderiam estar localizados em qualquer local.
Outra hipótese é a de que essas captações poderiam ocorrer por meio de reações químicas, de forma que não precisariam de receptores específicos para isso.
Ainda assim, os pesquisadores também sugerem que os animais que se baseiam no campo magnético da Terra poderiam ter receptores como cristais de magnetita que se alinhem ao campo magnético.
Existem relatos de que bactérias e peixes como salmão e truta arco-íris possuem a magnetita, que os ajuda nessa orientação.
Pode ser ainda que as tartarugas tenham foto pigmentos nos olhos, que os ajudem nessa orientação.
Nesse caso, o padrão de cores visualizadas pelos animais deveria variar dependendo da direção que eles estivessem seguindo.
Esse é o tipo de percepção de aves migratórias, que possuem criptocromos na retina, que se ativam quando elas migram.
Entenda o campo magnético da Terra
Como você pode ver, parece que os cães usam o campo magnético da Terra para pegar atalhos, mas você pode entender ainda melhor isso sabendo como tudo isso funciona.
O campo magnético terrestre pode ser chamado também de campo geomagnético e, vai desde o centro do planeta até o espaço.
Externamente, esse campo magnético faz interações com partículas e, com o vento solar, por exemplo.
Esse campo magnético surge por conta da presença de correntes elétricas e, por causa da movimentação do ferro e níquel que estão fundidos no núcleo terrestre.
É interessante entender que o campo magnético da Terra está em constante mudança, mas esse é um processo tão lento que as bússolas não perdem a funcionalidade mesmo que se passem séculos.
De qualquer forma, depois de centenas de milhares de anos o campo magnético tende a se inverter.
O campo magnético da Terra é de extrema importância
O campo magnético da Terra possui uma grande utilidade não apenas para a locomoção dos animais, como também de proteção.
Acima de tudo, a magnetosfera consegue proteger o planeta de partículas carregadas provenientes de ventos e tempestades solares.
Ela é mais comprimida no lado diurno (Sol) por conta da força das partículas que chegam, e bem maior no lado noturno.
Se o campo magnético da Terra não estivesse presente, as partículas provenientes do vento solar conseguiriam arrancar a camada de ozônio, por exemplo. Assim, a radiação prejudicaria a vida.
Hoje em dia, tempestades solares poderiam atingir a Terra e, ate mesmo causar grandes danos a satélites.
Levando em conta que grande parte da humanidade depende deles, isso atrapalharia a navegação por GPS ou o uso da internet, provocando grandes problemas.
Além disso, sem o campo magnético, os humanos jamais poderiam ter usado bússolas. Esse foi um importante recurso de geolocalização usado desde o século XI.
Inclusive, sem isso, provavelmente as navegações que se iniciaram no século XII não teriam sido possíveis.
Conclusão
Estudos atuais comprovam que os cães usam o campo magnético para se orientar e pegar atalhos.
Isso seria o mais óbvio, uma vez que já se sabe que várias espécies de animais são capazes de fazer isso.
Isso já é muito bem descrito em aves e, diversos estudos mostram essa capacidade em tartarugas. No caso dos cães, as pesquisas estão avançando bastante recentemente.