MITOS: O Akita não deve ser adestrado, o Fila brasileiro não pode ser adestrado para guarda e defesa, Bull Terriers e Buldogues não aprendem, essa raça ou outra é muito teimosa, esse cachorro não entende nada!
Por que adestrar? Não adianta! Não precisa!
Tais sentencias, sem dúvida, não fazem sentido ou não têm nenhum fundamento científico, nem o mínimo de coerência.
Tais declarações equivalem a dizer que não precisa educar os nossos filhos humanos ou que por pertencer a tal ou tal outra raça, etnia ou grupo, um indivíduo não pode aprender. Alguém dotado de razão e de um mínimo de conhecimento iria, em sã consciência, fazer tal afirmação?
Pior afirmar que educação, aprendizagens e regras não são necessárias, de nada serve, não adianta!
Um pouco como com as nossas crias humanas, com períodos e durações relativos, pois como todos sabem, o desenvolvimento dos nossos mascotes é bem mais acelerado do que o nosso, podemos afirmar com todo o fundamento das pesquisas científicas mais adiantadas que:
Os filhotes, após o fim do período de transição, quando os olhos começam a abrir, os ouvidos ainda fechados e as capacidades motoras e de sustentação começando a se desenvolver, desde o início do período de socialização entre 21 a 28 dias de idade, até os seus sentidos começando a funcionar normalmente, os ouvidos já funcionais e com toda a capacidade de se mover começam a exploração do seu novo lar.
Assim até a puberdade (entre 6 e 18 meses de idade), os cães vão aprender tudo que irá definir a base dos seus futuros comportamentos: Socialização com o meio, os ambientes e os outros seres vivos, formas de se comunicar e entender os outros, medos e temores…
Em função da energia e da confiança própria, eles vão fazer isso mais ou menos freneticamente.
Por não terem dedos preênseis, eles experimentam tudo com a boca, o que oferece grandes perigos.
De fato, como os nossos filhos “humanos”, eles não sabem que produtos sanitários ou de limpeza, fios e correntes elétricos, vidros, copos de madeira, plásticos, varandas ou piscinas, etecetera são perigosos e extremamente prejudiciais à saúde.
Que móveis, chinelas, celulares, notebooks e fiações, livros, faturas, lixos, papeis e outros artefatos higiênicos não prestam para se divertir, pelo contrário.
Que pássaros, gatos, outros roedores de estimação e até outros cães não podem dividir, com eles, nossa atenção ou simplesmente servir a treinar e experimentar os seus instintos predadores.
Que os proprietários são quem fixam as regras, os limites e as restrições dentro de casa, na rua ou na sociedade humana em geral. E que por isso não podem discutir com eles, disputar com eles e, sobretudo nunca ameaçá-los nem mordê-los nem para brincar.
Isso tudo, nem a criança humana inventa, faz parte de um processo educacional e de aprendizagem essencial e necessário, sem o qual simplesmente não tem como conviver na nossa sociedade.
Responsabilidade dos proprietários
A responsabilidade é nossa, os proprietários, orientados da forma que podemos com literatura, pesquisas na internet, programas de televisão ou com ajuda profissional especializada: adestradores, educadores, comportamentalistas estudiosos do comportamento animal e da forma de moldá-lo ou corrigí-lo em função das nossas exigências, da nossa realidade e da realidade de cada um dos nossos animais.
Todos os cães de todas as raças, inclusive os mais pacatos, em minha opinião, devem ser educados no sentido de aprender regras e limites indispensáveis à boa convivência em geral, assim como devem ser socializados exaustivamente, tanto no objetivo de tornar a convivência mais fácil e harmoniosa, quanto de torná-los mais felizes.
De fato, decifrando-os para os seus proprietários, os mesmos passam a entendê-los e se conscientizam da responsabilidade que têm de preparar melhor a família toda para ter paciência e determinação no processo de ensinamento dos bons modos, assim como dos esforços indispensáveis em procurar preencher as suas necessidades básicas.
Passando a procurar por soluções mais eficientes e acessíveis para educá-los melhor e oferecer atividades físicas e ocupacionais para “os seus filhos de quatro patas”.
O nosso dever, como proprietários informados, é de ensinar limites claros e necessários para conviver bem com a família e a sociedade em geral.
O quanto antes melhor!