O crescimento exponencial do mercado pet de luxo no Brasil, que movimentou R$ 75,4 bilhões em 2024, reflete o crescente amor que os tutores sentem por seus companheiros de quatro patas. Entre banhos aromáticos, sessões de cromoterapia e roupinhas da moda, surge uma questão importante: quando o carinho se transforma em excesso de mimos em pets?

Segundo a professora de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Fabiana Volkweis, nem sempre mais cuidado significa melhor qualidade de vida para os animais. O excesso pode, paradoxalmente, gerar estresse, ansiedade e até mesmo problemas físicos nos nossos companheiros peludos.
Compreender a diferença entre cuidado necessário e mimo desnecessário é fundamental para garantir o bem-estar real dos pets, não apenas satisfazer nossos desejos humanos de demonstrar afeto.
O que é considerado excesso de mimos em pets?
O excesso de mimos em pets caracteriza-se por cuidados que priorizam a satisfação estética ou emocional do tutor em detrimento das reais necessidades do animal. A veterinária Fabiana Volkweis explica que procedimentos como chapinha nos pelos, penteados elaborados e tratamentos estéticos sem função clínica atendem mais aos desejos dos tutores do que aos pets.
Porém, é importante distinguir entre capricho e cuidado necessário. Algumas raças possuem pelos que embolam facilmente, podendo causar desconforto ou problemas dermatológicos. Nesses casos, manter a pelagem desembaraçada representa uma forma de cuidado, não um exagero.
A linha entre necessidade e excesso também se aplica a roupas e acessórios. Enquanto um casaco pode proteger um cão de pelo curto no inverno, sapatos decorativos que restringem o movimento natural das patas podem causar desconforto e estresse.
Sinais de que você pode estar exagerando nos cuidados
Identificar quando o amor pelos pets está se transformando em excesso de mimos requer observação atenta do comportamento animal. Os pets demonstram desconforto através de sinais claros que não devem ser ignorados pelos tutores.
Segundo a especialista, sinais como ofegância excessiva, irritabilidade, resistência ao toque ou tentativas constantes de remover acessórios indicam que o animal está desconfortável. Mudanças comportamentais como aumento da ansiedade, insegurança ou até mesmo agressividade também podem estar relacionadas ao excesso de mimos em pets.
Outros indicadores importantes incluem coceira persistente, alterações na pelagem, relutância em participar de atividades que antes eram prazerosas e isolamento social. Quando esses sinais aparecem, é fundamental reavaliar a frequência e necessidade dos serviços oferecidos ao animal.
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Riscos à saúde causados pelo excesso de mimos
Problemas dermatológicos
O excesso de banhos representa um dos principais riscos associados ao excesso de mimos em pets. A remoção frequente da barreira lipídica natural da pele pode abrir caminho para dermatites causadas por fungos e bactérias, alerta a veterinária do CEUB.
O uso excessivo de perfumes, cosméticos e produtos aromáticos também pode desencadear reações alérgicas, coceira e irritações cutâneas. A pele dos animais é mais sensível que a humana, tornando-os mais suscetíveis a esses problemas.
Impactos comportamentais e emocionais
A humanização exagerada, quando o tutor trata o cão como uma pessoa, pode comprometer os instintos naturais do animal. Esse comportamento pode dificultar a socialização e aumentar quadros de ansiedade, insegurança e agressividade.
O estresse causado pelo excesso de mimos também pode manifestar-se através de comportamentos compulsivos, dificuldades de adaptação a mudanças na rotina e problemas de relacionamento com outros animais e pessoas.
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Terapias e tratamentos: quando são necessários?
A acupuntura, técnica milenar da medicina tradicional chinesa, possui eficácia comprovada para dores, distúrbios neurológicos e problemas locomotores nos animais.
Contudo, terapias como musicoterapia e cromoterapia carecem de estudos científicos que confirmem seus efeitos diretos na saúde animal. Embora possam ser utilizadas como complemento, jamais devem substituir tratamentos convencionais prescritos por veterinários.
Antes de investir em qualquer terapia ou tratamento, é essencial consultar um veterinário para avaliar se o procedimento realmente beneficiará o animal ou se representa apenas um gasto desnecessário que pode mascarar problemas de saúde mais sérios.
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