Na cidade de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, a secretária Paula Lopes comandava um esquema criminoso que usava cães doentes para arrecadar dinheiro via PIX. A investigação policial revelou detalhes perturbadores sobre como animais resgatados eram explorados nas redes sociais antes de serem mortos de forma irregular na própria estrutura da Secretaria de Bem-Estar Animal.
O Esquema da Secretária Paula Lopes em Canoas
Paula Lopes foi nomeada secretária de Bem-Estar Animal de Canoas em janeiro de 2025, apresentando-se como uma protetora de animais experiente, com mais de 20 anos de atuação na área. Ela havia se tornado conhecida nas redes sociais por adotar animais com deficiência, construindo uma imagem de dedicação à causa animal.
A investigação da Polícia Civil revelou que por trás dessa aparente dedicação aos animais havia um esquema criminoso bem elaborado. Durante os oito meses em que esteve no cargo, 240 cães foram eutanasiados na secretaria, um número considerado muito acima do esperado pela delegada Luciane Bertolletti, responsável pela investigação.

As primeiras denúncias partiram de servidores da própria secretaria, que começaram a notar irregularidades no funcionamento do local. Funcionários relataram que toda semana uma caminhonete passava para retirar corpos de cães mortos, mas esse descarte não estava sendo devidamente documentado. Um servidor chegou a preparar um dossiê com fotos dos cães que simplesmente desapareceram, sem que houvesse registro do seu destino.
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Como Funcionava a Fraude
O modo de operação da secretária Paula Lopes Canoas era extremamente calculista e cruel. Segundo a investigação policial, ela recolhia animais doentes das ruas, aproveitando-se da condição vulnerável desses cães para gerar comoção nas redes sociais.
Após publicar as fotos dos cães doentes, Paula solicitava doações via PIX dos seguidores, alegando que o dinheiro seria usado para custear o tratamento médico veterinário necessário para a recuperação dos animais.
O mais perverso do esquema era o destino final dos animais. Depois de arrecadar as doações prometendo tratamento, Paula utilizava a estrutura da própria Secretaria de Bem-Estar Animal para realizar a eutanásia irregular dos cães. Dessa forma, ela se apropriava do dinheiro destinado ao tratamento enquanto os animais eram mortos.
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A Operação Policial e as Evidências Encontradas
Na manhã do dia 4 de setembro de 2025, a Polícia Civil deflagrou uma operação que cumpriu seis mandados de busca e apreensão em locais ligados à ex-secretária Paula Lopes. O principal alvo foi a sede da Secretaria de Bem-Estar Animal de Canoas, onde os agentes procuravam documentos e registros de entrada e saída de animais.
Durante a busca na secretaria, os policiais encontraram cães e gatos mortos em sacos plásticos dentro de um freezer. A polícia também encontrou evidências de que gatos eram mantidos trancados em um contêiner de forma irregular, caracterizando mais um caso de maus-tratos.
Na residência de Paula Lopes, localizada na Zona Sul de Porto Alegre, os investigadores encontraram R$ 100 mil em dinheiro, quantia que pode estar relacionada às doações fraudulentas arrecadadas através das redes sociais. Outros locais foram alvos da operação, incluindo um sítio onde está registrada a “Associação Nacional Instituto Paula Lopes”, outra propriedade rural de uma familiar e as residências de uma médica veterinária e de um homem suspeito de transportar os restos mortais dos animais.
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Consequências Legais
Paula Lopes responde por crimes de estelionato e maus-tratos a animais, infrações que podem resultar em penas significativas. O estelionato, caracterizado pela obtenção de vantagem ilícita mediante fraude, pode gerar pena de reclusão de um a cinco anos. Já os maus-tratos contra animais, tipificados na Lei Federal 9.605/98, podem resultar em detenção de três meses a um ano e multa.