Um caso que chocou a cidade de Detroit, EUA e mobilizou defensores dos direitos dos animais em todo o país: um filhote de Jack Russell Terrier chamado Gideon sofreu queimaduras graves após ser colocado em água fervente. O incidente, ocorrido em janeiro de 2024, gerou uma investigação complexa e uma decisão judicial polêmica que dividiu opiniões sobre justiça e proteção animal.

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O Caso que Chocou Detroit: A História de Gideon
Em 21 de janeiro de 2024, nas primeiras horas da manhã, uma família em Detroit vivenciou uma tragédia. Gideon, um filhote de Jack Russell Terrier de apenas 4 a 5 meses de idade, foi encontrado em estado de profundo sofrimento, com queimaduras graves no corpo, pernas e rosto.
O incidente começou com uma discussão familiar. Uma jovem de 19 anos havia chamado a polícia relatando que sua mãe estava “intoxicada e a provocando”. A mãe foi relocada para outro local durante a noite, mas quando retornou pela manhã, encontrou seu pequeno cão em uma condição devastadora. O filhote estava chorando com queimaduras severas pelo corpo, um som que ecoaria na memória de todos os envolvidos.
Jack Russell Terrier queimado: versões conflitantes
O caso do Jack Russell Terrier queimado rapidamente se tornou complexo devido às versões contraditórias apresentadas pelos membros da família. Inicialmente, a mãe de Gideon acusou sua filha de 19 anos de ter jogado o cão intencionalmente em uma banheira com água quente, motivada pela discussão que haviam tido na noite anterior.
Segundo o relato inicial da mãe, ela não estava em casa quando o incidente ocorreu, mas suspeitava que sua filha mais velha havia machucado Gideon como uma forma de vingança. A filha de 13 anos da família corroborou parcialmente essa versão, relatando que ouviu o cão chorando e o viu correr escada abaixo com queimaduras graves, gritando de dor. A menina observou que Gideon era muito pequeno para ter pulado sozinho na banheira, uma observação crucial para o caso.
Contudo, a jovem de 19 anos apresentou uma versão completamente diferente dos eventos. Ela alegou que havia enchido a banheira com água quente e a deixado lá, subindo para o andar superior. Segundo sua versão, Gideon teria entrado na água por conta própria e começado a gritar, momento em que seu namorado o retirou da banheira. Esta narrativa, porém, seria posteriormente questionada por evidências veterinárias que contradiziam a possibilidade de o filhote ter entrado voluntariamente na água fervente.
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A investigação e a decisão controversa
A promotora Kym Worthy foi alertada sobre o caso de Gideon em fevereiro através de relatórios nas redes sociais, iniciando uma investigação detalhada que duraria meses. A investigação incluiu a consulta a um especialista veterinário em crueldade animal, cujas conclusões foram fundamentais para entender o que realmente aconteceu com o Jack Russell Terrier queimado.
O especialista veterinário foi categórico em sua análise: Gideon não pulou na banheira por vontade própria. As evidências físicas indicavam que o filhote foi colocado na banheira com os membros traseiros primeiro, seguidos pelos dianteiros, permanecendo na água quente por segundos ou minutos antes de ser retirado. Este padrão de ferimentos era inconsistente com um acidente onde o cão teria entrado sozinho na água.
As queimaduras sofridas por Gideon foram classificadas como de terceiro grau, causando dor severa e duradoura, sendo potencialmente fatais e exigindo cuidados médicos extensivos e caros. Após meses de investigação, em 27 de junho, a promotora Worthy anunciou sua decisão de não apresentar acusações contra a jovem de 19 anos ou qualquer outro membro da família. A decisão foi baseada na insuficiência de evidências para provar o caso além de qualquer dúvida razoável, o padrão legal exigido em casos criminais.
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A recuperação milagrosa de Gideon
O Detroit Animal Welfare Group (DAWG), uma organização voluntária dedicada a ajudar animais negligenciados e doentes, assumiu a responsabilidade pelo cuidado do filhote ferido.
Gideon foi internado em um hospital veterinário onde permaneceu por 10 dias recebendo tratamento intensivo. O pequeno Jack Russell Terrier queimado foi tratado para dor, recusa em caminhar, perda de peso, infecções bacterianas, pele necrótica e queimaduras de terceiro grau. Após a alta hospitalar, ele continuou os cuidados ambulatoriais em uma casa de acolhimento por mais duas semanas.
O DAWG não apenas organizou arrecadações de fundos para cobrir as despesas médicas de Gideon, mas também compartilhou sua jornada de recuperação nas redes sociais, permitindo que o público acompanhasse cada marco importante. Um dos momentos mais significativos da recuperação foi quando Gideon superou seu trauma psicológico, voluntariamente pisando em uma poça d’água.
O que fazer em casos de queimadura
Queimaduras por água fervente, como a sofrida por este cão, causam lesões graves que vão além da superfície da pele. O calor intenso destrói as camadas cutâneas e pode atingir tecidos mais profundos, comprometendo vasos sanguíneos, músculos e terminações nervosas. Em quadros mais severos, há risco de necrose, quando parte do tecido morre por falta de irrigação sanguínea. Isso não só dificulta a cicatrização como pode gerar infecções e necessidade de intervenções mais agressivas, como enxertos ou amputações.
Além disso, a dor causada por esse tipo de lesão é intensa e imediata, o que pode fazer com que o animal reaja de forma agressiva, mesmo com pessoas conhecidas. Por isso, é importante ter cuidado ao se aproximar e, se possível, conter o animal com segurança. O primeiro socorro recomendado é resfriar a área com água corrente por alguns minutos, sem usar gelo ou aplicar qualquer substância caseira. Após esse passo, o cão deve ser levado com urgência ao veterinário para avaliação e início do tratamento adequado. Agir rápido e da forma correta pode ser decisivo para salvar a vida e a qualidade de vida do animal.
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