O câncer de mama não afeta apenas mulheres, mas também nossas companheiras caninas. Esta condição representa entre 25% e 50% de todos os casos de câncer diagnosticados em cadelas, tornando-a uma preocupação real para o mundo dos dogs. A boa notícia é que, com atenção aos primeiros sinais e cuidados preventivos, é possível aumentar significativamente as chances de um tratamento bem-sucedido.

Conhecer os sintomas e entender os fatores de risco pode fazer toda a diferença na saúde da sua pet. Vamos explorar o que você precisa saber sobre essa doença e como garantir que sua cadela mantenha-se saudável por muito mais tempo.
O que é o câncer de mama em cadelas?
O câncer de mama em cadelas, tecnicamente chamado de neoplasia mamária canina, é caracterizado pelo crescimento anormal de células nas glândulas mamárias. Estas células se multiplicam descontroladamente, formando tumores que podem ser benignos (não cancerígenos) ou malignos (cancerígenos).
As cadelas possuem entre 8 e 10 glândulas mamárias, dispostas em duas fileiras que se estendem do peito até a região inguinal. Qualquer uma dessas glândulas pode desenvolver tumores, sendo mais comum nas mamas posteriores (mais próximas às patas traseiras).
Diferente dos humanos, as cadelas têm uma maior incidência de tumores mamários múltiplos, ou seja, podem desenvolver mais de um tumor simultaneamente em diferentes glândulas. Aproximadamente 50% dos tumores mamários em cadelas são malignos, com potencial de se espalhar (metástase) para outros órgãos, principalmente pulmões e linfonodos.
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7 sintomas do câncer de mama em cadelas
Identificar os sintomas precocemente é crucial para o sucesso do tratamento. Muitas vezes, as alterações iniciais são sutis, por isso, examine sua cadela regularmente. Aqui estão os principais sinais que devem acender o alerta:
1. Inchaço ou dilatação nas mamas
Um dos primeiros sinais perceptíveis é o aumento de volume em uma ou mais glândulas mamárias. Este inchaço pode surgir de forma gradual e, inicialmente, pode passar despercebido. Durante o carinho rotineiro, preste atenção se alguma mama parece maior que as outras ou se há mudanças na consistência do tecido.
O inchaço geralmente se intensifica com o tempo e pode apresentar textura firme ou irregular. Em alguns casos, a pele sobre a área afetada pode parecer esticada ou brilhante. Esta alteração muitas vezes causa desconforto, fazendo com que sua pet evite deitar-se sobre o lado afetado.
2. Dor ou desconforto na região mamária
Cadelas com câncer de mama frequentemente demonstram sinais de dor quando a área afetada é tocada. Sua pet pode reagir se afastando, gemendo ou até mesmo ficando mais irritada durante o manuseio da região. Esta sensibilidade pode variar de leve a intensa e tende a piorar com o avanço da doença.
Observe também mudanças no comportamento, como relutância em se deitar, inquietação constante, dificuldade para encontrar uma posição confortável ou até mesmo lambedura e coceira em excesso na região. Estes sinais sutis de desconforto podem ser os primeiros indícios de que algo não está bem.
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3. Presença de secreções anormais
A liberação de fluidos pelos mamilos fora do período de lactação é um sinal importante. Estas secreções podem variar na cor e consistência, indo desde um líquido claro ou leitoso até secreções sanguinolentas ou purulentas com odor desagradável.
Manchas de secreção na cama ou nos locais onde sua cadela costuma descansar também podem indicar esse sintoma. Em casos mais avançados, as secreções podem ser constantes e mais abundantes. Este sinal geralmente indica que a doença já progrediu e requer atenção veterinária imediata.
4. Caroços nas glândulas mamárias
Os nódulos ou caroços são talvez o sinal mais conhecido de câncer de mama. Podem variar de tamanho, desde pequenos grãos (poucos milímetros) até formações maiores. A textura também pode variar – alguns são firmes e bem definidos, enquanto outros podem parecer mais moles ou ter bordas irregulares.
Para detectar esses caroços, faça exames táteis mensais, passando delicadamente os dedos pelas linhas mamárias da sua cadela. É importante monitorar qualquer nódulo encontrado, acompanhando mudanças de tamanho e consistência. Tumores benignos tendem a crescer mais lentamente, enquanto os malignos frequentemente apresentam crescimento rápido.
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5. Alterações na pele da região mamária
As mudanças na pele que recobre as mamas podem ser sinais importantes. Vermelhidão, inflamação, descamação ou ulceração são alterações que merecem atenção. Em casos mais avançados, pode haver ulcerações que não cicatrizam ou áreas onde a pele parece aderida ao tecido subjacente.
Observe também se há mudanças na pigmentação, como áreas mais escuras ou esbranquiçadas, que antes não existiam. Qualquer alteração persistente deve ser avaliada por um médico veterinário, pois pode indicar invasão do tumor para as camadas superficiais da pele.
6. Perda de apetite e letargia
Embora não sejam sintomas específicos do câncer de mama, a diminuição do apetite e redução de energia podem ocorrer quando a doença já está em estágio avançado. Se sua cadela normalmente ativa começa a mostrar desinteresse por brincadeiras e passeios, ou se recusa a comer como antes, vale a pena investigar.
Estes sintomas sistêmicos geralmente aparecem quando há metástase (disseminação do câncer para outros órgãos) ou quando a dor causada pelo tumor está afetando o bem-estar geral do animal. Não ignore mudanças no comportamento, pois podem ser importantes indicadores da progressão da doença.
7. Lambedura excessiva das mamas
Cadelas frequentemente tentam cuidar de áreas que estão causando desconforto. Se você notar que sua pet está lambendo excessivamente uma região específica das mamas, isso pode indicar dor ou irritação nessa área. Em alguns casos, a lambedura constante pode até causar feridas secundárias.
Este comportamento é uma forma de automedicação e um sinal claro de que sua cadela está tentando aliviar algum tipo de desconforto. Preste atenção especial se a lambedura for focada sempre na mesma glândula mamária, pois isso pode indicar a presença de um tumor naquela região.
Quais cadelas têm maior risco de desenvolver câncer de mama?
Algumas cadelas apresentam maior predisposição ao desenvolvimento de tumores mamários. Conhecer os fatores de risco pode ajudar a implementar medidas preventivas e monitoramento mais frequente em pets suscetíveis.
A idade é um fator determinante – cadelas entre 7 e 12 anos têm maior incidência da doença, embora tumores mamários possam ocorrer em animais mais jovens. Os fatores hormonais são especialmente relevantes, já que o câncer de mama em cadelas está fortemente ligado à exposição aos hormônios sexuais femininos.
Cadelas não castradas ou castradas após os 2,5 anos de idade têm risco significativamente maior. O uso de anticoncepcionais hormonais também está associado ao aumento do risco. Adicionalmente, a obesidade e dietas ricas em gorduras podem contribuir para o desenvolvimento de tumores mamários.
Como é feito o diagnóstico do câncer de mama em cadelas?
O diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de sucesso no tratamento. O processo geralmente começa com sua observação em casa, mas precisa ser confirmado por um médico veterinário através de uma série de exames.
Tudo começa com o exame clínico completo, onde o veterinário faz a palpação cuidadosa de todas as glândulas mamárias, verificando tamanho, consistência, mobilidade e sensibilidade de possíveis nódulos. Durante esta avaliação, também são examinados os linfonodos regionais, que quando há algo errado na região, ficham inchados.
Os exames de imagem são essenciais para determinar a extensão da doença. A ultrassonografia permite visualizar a estrutura interna dos tumores e avaliar órgãos abdominais. Já a radiografia torácica é fundamental para verificar se há metástases pulmonares, o local mais comum para onde o câncer de mama se espalha em cadelas.
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A confirmação definitiva vem com a biópsia ou citologia aspirativa. Na citologia, uma agulha fina é usada para coletar células do tumor, que são então analisadas ao microscópio. A biópsia envolve a remoção de um pequeno fragmento do tecido para análise histopatológica, que determina se o tumor é benigno ou maligno, além de seu tipo específico e grau de agressividade.
Exames de sangue complementares (hemograma, bioquímica sérica) ajudam a avaliar a saúde geral da cadela e sua capacidade de tolerar procedimentos cirúrgicos ou outros tratamentos. Em alguns casos, podem ser solicitados exames mais avançados como tomografia computadorizada ou ressonância magnética para um estadiamento mais preciso.
Tratamentos disponíveis para câncer de mama canino
Após o diagnóstico confirmado, seu veterinário indicará o tratamento mais adequado, considerando o tipo de tumor, estágio da doença e condição geral de saúde da sua cadela. As opções terapêuticas incluem:
A cirurgia é o tratamento de escolha na maioria dos casos. Dependendo da extensão da doença, pode envolver desde a remoção apenas do tumor (nodulectomia) até a mastectomia radical (remoção de toda a cadeia mamária de um lado ou ambos). Durante o procedimento, os linfonodos regionais também podem ser removidos para análise.
Em tumores malignos, especialmente aqueles com características agressivas ou quando já há metástase, a quimioterapia pode ser recomendada após a cirurgia. O protocolo geralmente envolve medicamentos administrados em sessões periódicas, visando eliminar células cancerígenas que possam ter se espalhado pelo corpo.
A radioterapia é menos disponível na medicina veterinária brasileira, mas pode ser uma opção em centros especializados. É particularmente útil para controlar tumores que não podem ser completamente removidos cirurgicamente ou para tratar áreas com alto risco de recorrência.
Em casos avançados onde a cura não é possível, o foco passa para os cuidados paliativos. Estes incluem controle da dor, suporte nutricional e medidas para melhorar a qualidade de vida. Medicamentos como anti-inflamatórios, analgésicos e, em alguns casos, terapias complementares podem ser utilizados para garantir o conforto da sua pet.
Cuidados com a cadela durante o tratamento
O período de tratamento pode ser desafiador tanto para a cadela quanto para o tutor. Alguns cuidados específicos são necessários para garantir recuperação adequada e bem-estar durante este processo.
Após a cirurgia, é essencial seguir todas as recomendações pós-operatórias. Isso inclui o uso do colar elizabetano para prevenir que a cadela lamba ou morda os pontos, administração correta de medicamentos e limpeza adequada da ferida cirúrgica. Restrição de atividades físicas intensas também é recomendada durante o período de cicatrização.
Durante a quimioterapia, sua cadela pode apresentar efeitos colaterais como náuseas, vômitos, diarreia ou diminuição das células sanguíneas. Uma alimentação palatável e de alta qualidade nutritiva é fundamental para manter o peso e a força durante o tratamento. Em alguns casos, seu veterinário pode recomendar suplementos ou dietas específicas.
O monitoramento constante é crucial. Observe atentamente qualquer mudança no comportamento, apetite ou nível de energia da sua pet. Consultas de acompanhamento regulares permitem que o veterinário avalie a resposta ao tratamento e faça ajustes quando necessário.
O suporte emocional também é importante. Cadelas em tratamento oncológico se beneficiam de um ambiente calmo e acolhedor. Mantenha as rotinas o mais normal possível e ofereça muito carinho e atenção. Lembre-se que seu estado emocional também influencia sua pet, por isso, tente manter uma atitude positiva durante todo o processo.
Prevenção do câncer de mama em cadelas
A prevenção é sempre o melhor caminho quando falamos de saúde animal. Felizmente, existem medidas eficazes para reduzir significativamente o risco de câncer de mama em cadelas.
A castração precoce é a medida preventiva mais eficaz disponível. De acordo com estudos referenciados pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária:
- Castração antes do primeiro cio: reduz o risco em até 99% – mas pode acarretar outros no sistema urinário, então não é tão aconselhável.
- Castração após o primeiro cio: reduz o risco em cerca de 85%
- Castração após o segundo cio: reduz o risco em aproximadamente 50%
Evite o uso de anticoncepcionais hormonais em cadelas. Além de alterarem o ciclo reprodutivo natural, esses medicamentos estão associados ao aumento do risco de tumores mamários e outras complicações de saúde como piometra (infecção uterina) e diabetes.
Mantenha sua cadela em peso saudável e ofereça uma alimentação balanceada, preferencialmente com orientação veterinária. A obesidade é um fator de risco conhecido para diversos tipos de câncer, incluindo o de mama.
Realize exames veterinários regulares, pelo menos uma vez ao ano para cadelas jovens e a cada seis meses para pets idosas ou de raças predispostas. Durante essas consultas, solicite que o veterinário faça a palpação das glândulas mamárias.
Em casa, faça o autoexame da sua cadela mensalmente. Com a pet deitada de lado ou de barriga para cima, palpe gentilmente toda a extensão das linhas mamárias, procurando qualquer alteração. Este hábito simples pode fazer toda a diferença na detecção precoce.