Muito conhecida como doença do carrapato, a Erliquiose é uma doença infecciosa transmitida pela mordida do carrapato contaminado pela riquetsia Erlichia sp.
A Erlichia sp. é um microorganismo do grupo das bactérias (riquétsia). Existe várias espécies de Erlichia, sendo a Erlichia canis a que mais comumente afeta os cães.
Erliquiose (tanto em homens quanto em cães) geralmente é transmitida através do carrapato-vermelho-do-cão, porém, pode acontecer a transmissão através da transfusão sanguínea.
Depois que a Erlichia entra no corpo através da mordida do carrapato, ele afeta as células na corrente sanguínea do cachorro.
As células brancas (preciosas na luta contra infecções), células vermelhas (necessárias para o transporte de oxigênio no corpo) e as plaquetas (necessárias para ajudar a formar coágulos sanguíneos) podem ser afetadas.
É importante salientar que apesar de homens e cachorros poderem ser afetados, não é conhecida nenhuma transmissão entre o cão e o humano, o carrapato sempre é o transmissor.
Todas as raças caninas são passíveis de adquirir a bactéria, porém algumas raças, principalmente o Pastor Alemão, são mais propícias a desenvolver uma infecção crônica séria.
Fases da Erliquiose
A erliquiose pode ter três fases.
1 – Fase aguda da Erliquiose
Sinais da fase aguda da doença geralmente se desenvolvem de 1 à 3 semanas após a picada do carrapato infectado.
A fase aguda da doença geralmente dura de 2 à 4 semanas.
A Erlichia entra nas células brancas do sangue e se reproduzem dentro delas.
Assim, além do sangue, são encontrados nos nódulos linfáticos, baço, fígado e na medula óssea.
Plaquetas, que ajudam na coagulação do sangue, são frequentemente destruídas.
Então, como resultado da infecção, os nódulos linfáticos, o fígado e baço são frequentemente aumentados. Anemia, febre, depressão, letargia, perda de apetite, falta de ar, dor e rigidez nas articulações, contusões são muitas vezes vistos.
Muitos cães serão capazes de combater a infecção. Se não, eles entram na fase subclínica.
2 – Fase subclínica da Erliquiose
Na fase subclínica o animal pode aparentar estar normal ou ter apenas anemia leve. Durante esta fase, a Erlichia vive no interior do baço. Esta fase pode durar meses ou anos. Em última análise, o cão ou elimina a Erlichia do corpo ou a infecção pode progredir para a fase crônica.
3 – Fase crônica da Erliquiose
A fase crônica pode ser leve ou grave.
A perda de peso, anemia, perturbações neurológicas, a hemorragia, inflamação do olho, edema (acumulação de líquido) nas patas traseiras, e febre podem ser vistos.
Os testes de sangue mostram que um ou todos os diferentes tipos de células no sangue são reduzidas.
Um tipo de células, os linfócitos podem aumentar e ser anormal na aparência. Isto pode por vezes ser confundido com certos tipos de leucemia. Se um cão se torna cronicamente infectado, a doença pode voltar, especialmente durante períodos de estresse.
Em alguns casos, a artrite ou uma doença do rim chamada glomerulonefrite pode desenvolver-se.
Uma diminuição do número de plaquetas (plaquetas ajudam a coagular o sangue) é a evidência mais comum em todas as fases da doença.
Alterações nos níveis de proteínas no sangue são comuns. A proteína mais comum, albumina, é reduzida e outro tipo de proteína, denominada globulina, é aumentada.
Uma vez que um carrapato pode estar infectado com mais de uma doença (ex.: babesiose), não é de todo incomum ver um cão infectado com mais de uma dessas doenças ao mesmo tempo, o que geralmente provoca sintomas mais graves.
Sintomas de Erliquiose em cães/Doença do Carrapato
- Apatia
- Falta de apetite
- Febre
- Corrimento Oculonasal
- Vômitos e diarreia
- Dispnéia (respiração ofegante)
- Sangue pelo nariz
- Dor e rigidez (devido à artrite e dores musculares)
- Sintomas neurológicos (por exemplo, coordenação motora comprometida, depressão, paralisia, etc)
- Hematomas pelo corpo
- Mucosas pálidas (sinal de anemia)
Diagnóstico de Erliquiose em cães
O diagnóstico é baseado nos resultados laboratoriais e sinais clínicos.
Através de exames bioquímicos e urinálise procura-se alterações precoces em outros órgãos, principalmente nos rins.
Outros exames mais específicos, como sorologia e PCR, também são comuns na busca de um diagnóstico.
O PCR testa a presença do próprio organismo, não anticorpos contra ele. Infelizmente, não faz distinção entre os organismos vivos e mortos. Então, por esta razão, recomenda-se geralmente realizar PCR, juntamente com um dos testes de anticorpos para fazer um diagnóstico.
Cuidados e Tratamento – Doença do Carrapato
Na ausência de cuidados, a erliquiose torna-se crônica e pode evoluir a morte. O tratamento exige a aplicação de antibióticos durante várias semanas.
A Doxiciclina geralmente é usada e mostrou ser efetiva no tratamento para a doença. Mas se a erliquiose causar outras complicações, estas deverão ser tratadas separadamente, usando outros medicamentos e terapias para alcançar questões secundárias causadas pela presença da Erlichia.
Em um animal com forte anemia, uma transfusão de sangue pode ser necessária.
OBS: Os sintomas da Erliquiose podem ser facilmente confundidos com outras doenças, por isso é primordial que ao notar algo errado você leve o seu cão ao veterinário. Somente o veterinário poderá fazer os exames necessários, diagnosticar o problemas e a partir daí começar o tratamento adequado.
Como prevenir a doença do carrapato
A infecção da Erlichia não dá ao seu cão uma imunidade protetora, ou seja, se o seu cão já foi infectado uma vez, e acontecer dele ser mordido novamente por um carrapato infectado, ele poderá desenvolver novamente a doença.
Atualmente não há uma vacina contra erliquiose. Assim, a maneira de se prevenir contra as doenças provenientes do carrapato é um controle apropriado (ex.: remédios e banhos carrapaticidas) combinado com testes periódicos.
Limitar o máximo possível a exposição do cachorro ao carrapato é sempre algo que o dono deve manter em mente. Principalmente no verão e em áreas de grande risco de infecção, o dono deve manter uma rotina diária de inspeção.