Zoki é um filhote de cinco meses que nasceu com surdez e foi adotado por Mayara e Jean, um casal também deficiente auditivo. A história da família chamou atenção nas redes sociais primeiro por um vídeo do abrigo em que ficava, onde um funcionário o acordava com sopros delicados, e após a adoção também fez sucesso aparecendo em vídeos aprendendo sinais para se comunicar no dia a dia.
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Em entrevista ao Portal do Dog, Mayara contou que a decisão de adotar foi imediata. “Foi aquele momento de bater o olho e sentir que era para ser. Eu e o Jean decidimos na hora levar o Zoki para casa”, disse. O início trouxe ansiedade e expectativa, mas rapidamente se transformou em uma rotina de descobertas.
Os primeiros dias em casa
O casal conta que já tinha experiência com outros cães, mas nunca havia convivido com um cachorro surdo. A adaptação trouxe desafios, mas também momentos únicos. “Foi um dia longo, com uma energia boa e feliz. Ele nos surpreendeu por ser muito inteligente e atento, bem mais do que imaginávamos”, contou Mayara.
A família começou a usar sinais desde o início. O primeiro comando aprendido foi o de “sentar”. Aos poucos, Zoki mostrou capacidade de entender novas instruções. “Ele percebe quando está sendo compreendido. Isso é o mais incrível. A comunicação nos aproximou desde o início”, disse.
O casal acredita que a forma de interação foi essencial para criar laços. “Ele observa tudo com atenção. Com estranhos, fica um pouco desconfiado, mas também demonstra alegria. É curioso e gosta muito de brincar”, explicou Mayara.
Você pode aplicar algumas dicas de treino daqui: Como educar cachorro surdo? Entenda aqui – Portal do Dog
Jean foi quem escolheu o nome do cachorro. “Ele pensou do nada e resolveu pesquisar o significado. Quando me mostrou, eu gostei na hora e ficou decidido”, lembrou.
Apesar da surdez, o cãozinho acompanha a rotina normalmente, com treinos e brincadeiras diárias. Para a família, a experiência trouxe aprendizados. “Amor, paciência e comunicação são os principais. Ele nos ensina todos os dias.”
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O recado da família de Zoki
Mayara reforça que adotar um cão com deficiência é um ato de responsabilidade. “Muita gente tem ideia errada de que cães surdos são agressivos. O que falta, na verdade, é paciência e amor. O problema não está neles, mas no descuido de quem não sabe lidar. Adotar é assumir compromisso, não aparência.”
A percepção de agressividade em cães surdos muitas vezes está ligada à dificuldade de comunicação. Sem ouvir comandos ou sons de alerta, eles podem reagir de forma brusca quando surpreendidos. Isso não significa violência, mas sim um instinto de defesa. Com treinamento adequado, sinais visuais consistentes e compreensão da forma como esses cães percebem o mundo, o comportamento tende a se equilibrar.
Ela lembra que o filhote já foi rejeitado antes. “Ele foi aceito em uma casa, mas acabou abandonado por ser surdo. Isso mostra como ainda existe preconceito. Se não consegue lidar com um cão PCD, também não vai saber lidar com um humano PCD.”
Hoje, Zoki segue aprendendo sinais e ganhando espaço no coração dos tutores. Quando perguntamos qual conselho para uma família que quer adotar um dog, Mayara deixou um recado importante:
“ Todos nós, como humanos, devemos abraçar, e jamais abandonar, qualquer animal com deficiência. Eles são seres vivos e têm sentimentos. Não se deixe levar apenas por mensagens bonitinhas no Instagram ou comentários fofos. Abrace de verdade, porque falar é fácil, difícil é conviver e cuidar com amor. O Zoki foi abandonado por alguém simplesmente por ser surdo. Isso mostra que, infelizmente, há pessoas capazes de abandonar até um filho ou filha por ter uma deficiência. PCD não é defeito. O verdadeiro defeito está no coração de quem não sabe amar. Pense sobre isso.”
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Surdez em cães: causas e sinais de atenção
A surdez em cães pode ter diferentes origens. Em alguns casos, é congênita, ou seja, o animal já nasce sem a capacidade de ouvir. Em outros, pode estar associada ao envelhecimento, infecções de ouvido recorrentes, lesões ou uso prolongado de certos medicamentos.
Os tutores podem desconfiar da condição quando o cão não reage a sons comuns, como chamadas pelo nome ou batidas de palma. Muitos também têm sono profundo, já que não despertam facilmente com barulhos. O diagnóstico pode ser confirmado por meio de exames, como o BAER, que mede a atividade elétrica do nervo auditivo. Sempre que desconfiar, procure o veterinário de confiança.
Raças mais propensas e fatores genéticos
Existe uma relação entre a surdez congênita e cães de pelagem predominantemente branca. Isso ocorre porque a falta de pigmentação pode estar ligada a alterações genéticas no ouvido interno. Raças como dálmata, bull terrier e pastor-australiano apresentam maior incidência, mas qualquer cão pode desenvolver ou nascer com perda auditiva.
Adaptações e cuidados no dia a dia
Cães surdos conseguem levar uma vida saudável e ativa quando recebem os cuidados adequados. A comunicação visual e o tato é a chave: gestos, expressões faciais e até vibrações podem substituir comandos sonoros. O uso da linguagem de sinais, como no caso de Zoki, é um exemplo prático e eficaz.
Além disso, é importante reforçar a segurança, já que cães sem audição não percebem riscos como buzinas ou chamados de alerta. Manter ambientes controlados, usar guias firmes e investir em rotinas estáveis ajudam no bem-estar e na adaptação.