A hora de medicar o cachorro costuma ser um desafio para muitos tutores. Entre comprimidos que precisam ser divididos, doses precisas e pets que resistem ao tratamento, o risco de erros é considerável. Entretanto, administrar medicamentos corretamente é crucial para a saúde do seu cão, já que doses inadequadas podem comprometer o tratamento ou até mesmo colocar a vida do animal em perigo.

Os perigos da dosagem incorreta de medicamentos para cães
Segundo especialistas veterinários, erros na medicação de cães são mais frequentes do que imaginamos. Quando ocorre subdosagem, pouca quantidade do princípio ativo, o tratamento perde eficácia, a doença pode se prolongar e, no caso de antibióticos, há risco de desenvolvimento de resistência bacteriana.
Já a superdosagem pode gerar outras consequências. O excesso de medicamento no organismo do animal pode causar desde efeitos colaterais leves até intoxicações severas.
A médica-veterinária Patricia Guimarães, coordenadora de Serviços Técnicos de uma importante empresa de saúde animal, alerta: “Oferecer a dose errada de um remédio, seja menor ou maior do que o prescrito, pode impactar diretamente na eficácia do tratamento e até colocar a vida do animal em risco”.
Como fracionar comprimidos com segurança
Um dos maiores desafios na administração de medicamentos é o fracionamento correto dos comprimidos. Muitos tutores improvisam com facas de cozinha ou tentam quebrar o remédio com as mãos, resultando em doses desiguais ou comprimidos esfarelados que comprometem o tratamento.
Ferramentas adequadas para dividir medicamentos
Existem cortadores de comprimidos disponíveis em farmácias veterinárias que facilitam essa tarefa. Esses dispositivos garantem um corte mais preciso e minimizam o risco de esfarelamento. Vale o investimento para quem precisa administrar medicamentos fracionados com frequência.
Outra solução são os medicamentos veterinários que já vêm com sulcos profundos especialmente projetados para facilitar o fracionamento. uma nova tecnologias como as da Vetabs, criada pela Vetoquinol, que permitem que o comprimido seja dividido com precisão, garantindo que cada parte contenha a mesma quantidade do princípio ativo.

Remédio Humano e Cães
Algumas pessoas acham que “remédio humano = sempre proibido”, e isso é simplificação demais. De fato, muitos medicamentos usados em humanos (como certos antibióticos, tramadol ou gabapentina) podem ser receitados por veterinários para cães quando a dose e o monitoramento são calculados especialmente para o animal; porém isso só deve acontecer sob orientação profissional.
Por outro lado, há fármacos de uso comum entre nós que são claramente perigosos para cães, por exemplo, ibuprofeno e outros AINEs podem causar úlceras, falência renal e até morte mesmo em doses relativamente pequenas; e o paracetamol (acetaminofeno) já provocou intoxicações graves em cães, especialmente em cães pequenos ou filhotes. Sempre converse com o veterinário antes de dar qualquer medicamento, não improvise doses, e, em caso de ingestão acidental ou sinais de intoxicação, procure ajuda imediata (linhas de controle de venenos animais podem orientar em emergências)
Leia: Ômega 3 para cães: descubra os benefícios e quando usar!
Técnicas para administrar medicamentos em cães resistentes
Muitos cães detectam remédios mesmo quando bem escondidos e se recusam a ingeri-los. Veja algumas estratégias que podem facilitar esse momento:
Escondendo comprimidos em alimentos
- Use alimentos macios como queijo, pasta de amendoim (sem xilitol) ou patês específicos para cães
- Ofereça primeiro um pedaço sem medicamento, depois o que contém o remédio e por fim outro pedaço limpo
- Evite esconder em refeições grandes, pois o cão pode comer ao redor do comprimido
Técnicas diretas de administração
Quando esconder o medicamento não funciona, pode ser necessário administrá-lo diretamente. Posicione o cachorro sentado ou em pé, com a cabeça ligeiramente inclinada para cima. Abra delicadamente a boca, coloque o comprimido o mais fundo possível na língua e feche a boca, mantendo-a fechada e massageando levemente a garganta para estimular a deglutição.

Para medicamentos líquidos, use uma seringa (sem agulha) posicionada no canto da boca, entre os dentes e a bochecha, liberando pequenas quantidades por vez para evitar engasgos.
Para mais dicas: Como dar comprimido para cachorro?
Sinais de alerta: quando procurar ajuda veterinária
Fique atento a sintomas que podem indicar problemas relacionados à medicação:
- Alterações bruscas de comportamento após início da medicação
- Reações alérgicas como coceira intensa, inchaço ou manchas na pele
- Problemas respiratórios ou respiração ofegante sem motivo aparente
- Vômitos ou diarreia persistentes
- Alterações na urina (cor, frequência ou dificuldade para urinar)
Ao notar qualquer desses sinais, interrompa a medicação e consulte imediatamente o veterinário. A rápida intervenção pode fazer toda a diferença em casos de reações adversas.
Armazenamento correto e controle da rotina de medicamentos
Manter os medicamentos veterinários em condições adequadas é essencial para preservar sua eficácia. Guarde-os em local seco, protegido da luz solar direta e fora do alcance de crianças e animais. Verifique sempre as instruções de armazenamento, pois alguns medicamentos precisam ser refrigerados.
Para não esquecer os horários de administração, utilize lembretes no celular ou crie uma tabela de controle com datas e horários. Em tratamentos longos, marcar na embalagem com caneta os dias em que o medicamento foi administrado também pode ajudar.

Lembre-se que a consistência é fundamental para o sucesso do tratamento. Medicamentos como antibióticos precisam manter níveis constantes no organismo do animal, por isso é importante respeitar rigorosamente os intervalos prescritos pelo veterinário.