Um idoso foi atacado por uma onça-parda no interior do Rio Grande do Sul e só sobreviveu graças à coragem do seu cachorro. O caso reacende discussões importantes sobre a interação entre humanos e grandes felinos no Brasil e a responsabilidade que devemos ter ao viver próximos à natureza selvagem.

O ataque no Rio Grande do Sul: um cão herói
No último domingo (4), um idoso foi atacado por uma onça-parda em sua propriedade rural na região de Pedra de Amolar, no município de Maquiné, no litoral norte do Rio Grande do Sul. O ataque foi interrompido pela intervenção de um cachorro que estava com a vítima, confrontando o felino para proteger o idoso. O homem sofreu ferimentos e está em recuperação. A Brigada Militar, o IBAMA e a SEMA-RS estão investigando o caso e monitorando a região para avaliar riscos à população local.
Casos recentes mostram que não são episódios isolados
Este não é um caso isolado. Recentemente, um cachorro sofreu um ataque de onça-pintada, e um caseiro de 60 anos foi atacado e morto por uma onça-pintada no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Esses episódios vêm se tornando mais visíveis e merecem atenção.
Leia esse caso completo aqui: Onça-pintada ataca cão no MS
Importância de não alimentar animais silvestres
Alimentar animais silvestres, prática conhecida como “ceva”, pode parecer um gesto de compaixão, mas traz sérias consequências para a vida selvagem e para a segurança humana. Ao oferecer alimentos a onças-pardas ou onças-pintadas, interferimos diretamente em seus comportamentos naturais. Esses felinos, que normalmente evitam o contato com humanos, podem associar a presença humana à comida, tornando-se menos ariscos e mais propensos a se aproximar de áreas habitadas. Isso aumenta o risco de encontros perigosos e conflitos.
Além disso, a prática da ceva é considerada crime ambiental e pode levar a alterações no comportamento dos animais, tornando-os dependentes dos alimentos fornecidos por humanos. Essa dependência pode resultar em ataques, como o ocorrido no Mato Grosso do Sul, onde uma onça-pintada, possivelmente atraída por alimentos deixados para animais silvestres, atacou e matou um caseiro.
Especialistas alertam que, ao alimentar onças, estamos quebrando o equilíbrio natural e transformando predadores em riscos potenciais. A recomendação é clara: devemos permitir que esses animais mantenham seus comportamentos naturais, evitando qualquer forma de alimentação direta ou indireta.
Por que as onças atacam?
A onça-pintada capturada após atacar e matar o caseiro Jorge Ávalo, de 60 anos, em Mato Grosso do Sul, estava significativamente abaixo do peso, levantando questões sobre os possíveis motivos de sua desnutrição. O felino, um macho, pesava 94 kg, enquanto o esperado para um animal de seu porte seria cerca de 120 kg, uma diferença de 26 kg. Exames preliminares apontaram que a onça apresentava alto grau de desidratação, deficiência hepática e mau funcionamento dos rins. Uma das hipóteses levantadas para o ataque é a possível falta de presas na região, o que poderia ter levado a onça a procurar fontes alternativas de alimento.
Capturar não é punir: é prevenir
Após o ataque fatal no Pantanal, a onça-pintada envolvida foi capturada para garantir a segurança da população e do próprio animal. Já que uma vez que o animal tenha atacado um humano, pode sim voltar a atacar.
A captura permite avaliar a saúde do felino e evitar que ele volte a buscar comida em áreas habitadas. É uma medida preventiva, não punitiva, visando a proteção mútua.
Conclusão
A culpa nunca é do animal. São predadores nativos que apenas seguem seu instinto. Cabe a nós, humanos, aprender a coexistir com responsabilidade, respeitando a vida selvagem e evitando atitudes que levem a tragédias — tanto para nós quanto para os próprios animais.