A dieta de exclusão alimentar é o método mais confiável para identificar alergias e intolerâncias em cães. Mesmo com o avanço dos exames laboratoriais, ainda não existe um teste que diagnostique com precisão as reações adversas aos alimentos. Por isso, o acompanhamento clínico e a resposta do próprio organismo do animal continuam sendo o padrão ouro para descobrir o que está causando o problema.

Os sintomas que iniciam a investigação
A dieta de exclusão é indicada quando o cão apresenta sintomas persistentes de problemas de pele, como coceira, lambedura constante, vermelhidão e queda de pelo, ou distúrbios gastrointestinais, como vômitos, diarreia ou fezes amolecidas frequentes. Ela costuma ser recomendada depois que outras causas foram descartadas, como presença de parasitas, infecções bacterianas, fungos ou doenças hormonais.
Em alguns casos, o veterinário pode sugerir a dieta mesmo sem confirmação de alergia, para verificar se há melhora clínica e entender melhor o comportamento do organismo do animal.
Assim como ocorre com os humanos, cada cão tem um metabolismo e uma resposta individual aos alimentos. Alguns podem apresentar intolerância ou sensibilidade a determinados ingredientes, mesmo que comuns na alimentação de outros cães. Por isso, a investigação alimentar é essencial para identificar o que realmente faz bem a cada animal e evitar desconfortos causados por substâncias específicas.
Como a dieta de exclusão funciona
O princípio da dieta é simples: identificar e eliminar os ingredientes que provocam reação. Para isso, o cão passa a receber apenas uma fonte de proteína e uma de carboidrato que ele nunca tenha consumido antes, reduzindo a chance de resposta imunológica.
As opções mais comuns incluem proteínas “novas” como cordeiro, carne de coelho, peixe branco, javali ou pato, combinadas a carboidratos como batata, mandioca ou arroz. Também existem versões comerciais de dietas hidrolisadas, em que as proteínas são quebradas em partículas tão pequenas que o sistema imunológico não as reconhece como uma ameaça.
O período de exclusão dura de seis a oito semanas. Durante esse tempo, o cão deve comer apenas o alimento prescrito, sem petiscos, restos de comida, ossinhos, suplementos com sabor ou medicamentos palatáveis. Qualquer desvio pode comprometer todo o processo e atrasar o diagnóstico.

A fase de reintrodução
Se o cão apresentar melhora significativa dos sintomas após o período de exclusão, inicia-se a fase de reintrodução, também chamada de teste de provocação alimentar.
Nesse momento, o alimento anterior ou um ingrediente suspeito é reintroduzido por alguns dias, sob supervisão do veterinário. Se os sintomas retornarem, confirma-se que o cão possui uma reação adversa àquele alimento específico. O ingrediente é então permanentemente retirado da dieta, e o animal volta à alimentação que o mantém estável.
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Por que seguir corretamente é tão importante
A dieta de exclusão é um processo longo e exige comprometimento. Interrupções, petiscos não autorizados e trocas de ração comprometem o resultado e podem levar o veterinário a conclusões incorretas. Muitos tutores desistem antes das oito semanas porque não veem melhora imediata, mas em alguns casos o organismo precisa de mais tempo para eliminar completamente as substâncias inflamatórias.
Os ingredientes mais frequentemente associados a reações adversas são carne bovina, frango, leite e trigo, mas praticamente qualquer alimento pode causar alergia em cães sensibilizados.
Dieta caseira ou ração hidrolisada?
Ambas as opções são eficazes, desde que formuladas corretamente. As rações comerciais hidrolisadas costumam ser práticas e seguras, pois seguem controle rigoroso de fabricação e reduzem o risco de contaminação cruzada.
Já as dietas caseiras, quando indicadas, devem ser planejadas por um nutricionista veterinário, garantindo que o cão receba todos os nutrientes necessários durante o período de teste. Improvisar receitas em casa sem orientação pode causar deficiências nutricionais sérias.
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O papel do tutor
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Só alimentar o que o veterinário indicou durante TODO o período.
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Não dar petiscos, guloseimas humanas, recheios de brinquedos mastigáveis ou suplementos saborizados.
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Avisar todos na casa e cuidadores (baby-sitter, passeador) sobre a regra estrita.
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Anotar sinais (frequência/gravidade da coceira, episódios de diarreia) semanalmente para mostrar ao veterinário.
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Se houver melhora, seguir rigorosamente para a fase de desafio sob supervisão.
Procure orientação veterinária sempre que houver sinais crônicos de pele ou digestivos. A dieta de exclusão é uma ferramenta poderosa, mas exige disciplina, escolha adequada da dieta e supervisão profissional para ser diagnóstica e segura. Quando bem conduzida, esclarece se a alimentação é culpada e permite depois estabelecer uma dieta segura e permanente para o animal.