O caso do cão Teddy, impedido de embarcar com uma criança autista em um voo do Rio de Janeiro para Portugal, gerou grande repercussão nas redes sociais.
A cão de serviço, essencial para o bem-estar da menina, foi barrada mesmo com documentos apresentados pela família.
A cena da despedida no aeroporto comoveu o país. Após a mobilização pública, uma nova solução foi encontrada. Teddy finalmente pôde viajar, mas acompanhado de um treinador.
Saiba mais sobre o caso!
Cão de criança autista impedido de voar embarca com treinador para Portugal
O caso de Teddy, um cão de serviço da raça Golden Retriever, ganhou destaque nacional após ser impedida de embarcar com sua tutora, uma menina autista, em um voo para Portugal.
A situação gerou comoção nas redes sociais e levantou questionamentos sobre os direitos de pessoas com deficiência que dependem de cães de assistência em suas rotinas.
Internautas comentaram: “Absurdo total desta companhia aérea por isso tem q sair a Lei Joca logo.”
Outro também comentou sobre o caso: “Ele foi proibido de ir no dia junto com a criança, então ficou com a irmã, que com ordem judicial também não foi aceito absurdo.”
Segundo relatos da família, todos os documentos exigidos para o embarque dele teriam sido apresentados, incluindo atestados médicos e laudos que comprovam sua função como cão de suporte emocional e assistência.
No entanto, a companhia aérea teria barrado o embarque de Teddy sob a justificativa de que faltava uma autorização formal para a entrada do animal em território português.
A mãe da criança explicou que a presença de Teddy é indispensável no dia a dia da filha, especialmente em situações que envolvem mudança de ambiente e grandes deslocamentos.
A decisão de impedir o embarque causou frustração e sofrimento à família, que precisou seguir viagem sem o animal.
Muitas pessoas criticaram a forma como a companhia aérea lidou com o caso, e houve também questionamentos sobre a burocracia imposta para esse tipo de situação.
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Cão é autorizado a viajar com treinador após repercussão do caso
Após a repercussão do caso e a mobilização de milhares de pessoas nas redes sociais, a situação teve um novo desdobramento: o cão Teddy foi autorizado a embarcar rumo a Portugal, mas não junto da criança.
A companhia aérea permitiu a viagem do animal apenas na companhia de seu treinador, responsável pelo adestramento e acompanhamento de cães de serviço.
A viagem foi organizada para que Teddy pudesse reencontrar sua tutora em solo português e retomar sua função de suporte emocional.
Apesar de a medida não ter sido a ideal, já que o objetivo era que a criança não viajasse sem o cão, o reencontro foi celebrado com alívio pela família.
O treinador, que acompanhou Teddy desde o Brasil, Ricardo Cazarotte, informou que todos os protocolos foram cumpridos e que o animal se comportou com tranquilidade durante toda a viagem.
Em Portugal, Teddy voltou a conviver com a criança e, segundo relatos da mãe, a mudança no comportamento da filha após a chegada do cão foi imediata: mais calma, segura e emocionalmente equilibrada.
A liberação do embarque após a primeira negativa levantou questionamentos sobre a falta de padronização das regras e sobre a necessidade de maior preparo das companhias aéreas para lidar com passageiros que necessitam de apoio especial.
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O que são cães de serviço e quais suas funções?
Cães de serviço são animais treinados para auxiliar pessoas com deficiências físicas, sensoriais, intelectuais ou emocionais.
Diferente de animais de estimação, eles desempenham funções específicas e são considerados uma extensão da autonomia de seus tutores.
Confira algumas funções que esses cães podem exercer:
- Cães-guia: Auxiliam pessoas com deficiência visual a se locomoverem com segurança, desviando de obstáculos e indicando caminhos.
- Cães de alerta médico: Treinados para identificar sinais de crises epilépticas, alterações glicêmicas (como hipoglicemia em diabéticos) ou outros sintomas médicos antes que ocorram.
- Cães para pessoas com mobilidade reduzida: Ajudam na abertura de portas, acionamento de interruptores, recolhimento de objetos caídos e até no equilíbrio do tutor ao caminhar.
- Cães de suporte emocional ou terapia: Prestam suporte a pessoas com transtornos como autismo, ansiedade severa, estresse pós-traumático ou depressão. Eles oferecem segurança emocional e ajudam em momentos de crise.
- Cães para pessoas com autismo: Esses cães são treinados para manter a criança calma, evitar fugas e servir como ponto de ancoragem emocional. Em alguns casos, o animal é o único canal de interação que a criança aceita.
Esses animais precisam passar por treinamentos rigorosos e contínuos para garantir que saibam se comportar em diferentes ambientes e situações.
Por isso, sua presença em espaços públicos e até em aviões é legalmente reconhecida em diversos países, embora ainda existam falhas na aplicação prática das normas.
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O caso expõe falhas e reforça a importância do preparo para lidar com essas situações
A história de Teddy não é um caso isolado. Em muitos países, ainda há desconhecimento ou despreparo sobre como tratar passageiros com necessidades especiais, especialmente quando isso envolve animais de serviço.
Mesmo com legislação que reconhece o direito de embarque com esses animais, as companhias aéreas e as autoridades de imigração nem sempre estão alinhadas sobre os protocolos necessários, o que acaba gerando insegurança, desconforto e até sofrimento às famílias envolvidas.
No caso específico da viagem para Portugal, a liberação da entrada do cão aconteceu apenas após o caso ganhar repercussão pública, o que demonstra que, sem pressão, a solução talvez não tivesse sido alcançada.
Essa realidade evidencia a importância de políticas claras, acessíveis e bem divulgadas para garantir os direitos das pessoas com deficiência e seus animais de serviço.
Além disso, destaca-se a necessidade de treinamentos constantes para equipes de companhias aéreas, agentes aeroportuários e órgãos de controle sanitário, para que saibam como agir em situações como essa, com empatia, agilidade e respeito às leis.
O reencontro de Teddy e sua tutora é um final feliz, mas não apaga o impacto causado pela separação forçada no momento do embarque.
Para famílias que dependem desses animais, cada dia sem eles representa um risco emocional e até físico.
Que o caso de Teddy sirva de alerta e de aprendizado, para que nenhuma outra criança — ou adulto — precise passar pela mesma situação.