Um caso recente envolvendo a LATAM expôs mais uma vez as falhas no sistema de transporte de cães em aviões no Brasil. Uma passageira teve o embarque de seu Golden Retriever negado após confirmação prévia da companhia, gerando não apenas prejuízo financeiro, mas também transtornos emocionais significativos.
O que aconteceu no caso LATAM que gerou revolta
Carolina, tutora de um Golden Retriever de 3 anos, planejava uma mudança de Salvador para São Paulo e confirmou com a LATAM, tanto por telefone quanto presencialmente no aeroporto, que poderia transportar seu cão no porão da aeronave. A informação recebida indicava que o limite de peso total era de 45 kg, incluindo o animal e a caixa de transporte.
🚨 ESTOU DESESPERADA com o descaso da @LATAM_BRA
Tenho um golden retriever de 3 anos e uma passagem comprada de Salvador para SP nesta quarta (06/08).
Segui todas as regras, me informei antes, fui pessoalmente ao aeroporto. E agora a LATAM me negou o embarque do meu cachorro. (+) pic.twitter.com/KUW1IYqjfz— carol (@jkkcarol) August 5, 2025
Confiando nas informações oficiais, ela investiu R$ 2.500 em uma caixa de transporte adequada às especificações técnicas exigidas. Dois dias antes do embarque, porém, a empresa negou o transporte sem justificativa clara, alegando posteriormente que o limite para aeronaves Airbus A320 era de apenas 32 kg, e não 45 kg como informado anteriormente.
A alternativa oferecida pela companhia foi o transporte via LATAM Cargo, com custo proibitivo de R$ 6 mil.
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Transporte de cães em aviões no Brasil
As restrições de peso e tamanho variam conforme o modelo da aeronave, mas essa informação raramente é clara nos canais de atendimento ao cliente. No site da LATAM, por exemplo, os limites específicos para cada tipo de avião aparecem em letras pequenas, dificultando o acesso a informações cruciais para o planejamento da viagem.
Outro problema significativo é a falta de alternativas humanizadas para cães de grande porte. Enquanto cães pequenos podem viajar na cabine em algumas situações, animais maiores são obrigatoriamente direcionados ao porão, sem considerar alternativas mais seguras e menos traumáticas disponíveis em outros países.
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Políticas atuais e suas Limitações
As regras variam significativamente entre as empresas, criando confusão para os tutores. Algumas permitem transporte na cabine para animais até 8 kg, outras estendem o limite para 10 kg, enquanto certas companhias restringem completamente essa opção. Custos elevados e falta de transparência
Além das taxas básicas de transporte, há custos adicionais com caixas especializadas, documentação veterinária e, em alguns casos, seguros obrigatórios.
A falta de transparência nos preços é outro obstáculo significativo. Muitas vezes, os tutores só descobrem os custos reais próximo à data da viagem, quando já investiram em preparativos e documentação, tornando-se reféns das políticas das companhias.
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Riscos do transporte no porão para a saúde dos cães
O transporte no compartimento de cargas expõe os animais a riscos físicos e psicológicos. As variações extremas de temperatura, comum nos porões das aeronaves, podem causar desde desconforto até problemas mais sérios como hipotermia ou hipertermia, especialmente em raças sensíveis como os braquicefálicos.
O estresse psicológico é outro fator crítico frequentemente negligenciado. O isolamento dos tutores, combinado com ruídos intensos dos motores e movimentação brusca durante decolagens e pousos, pode desencadear quadros de ansiedade severa que persistem mesmo após a viagem.
Casos de desidratação, lesões e até mesmo óbitos durante o transporte aéreo já foram registrados no Brasil e em outros países. Estes incidentes, embora estatisticamente raros, demonstram que os riscos são reais e que o sistema atual de transporte de cães em aviões precisa de melhorias significativas para garantir a segurança dos animais.