O fígado é um dos órgãos mais importantes do corpo e, por isso é preciso fazer a dieta certa para um cão que sofre de doença hepática.
Responsável por mais de 1500 funções bioquímicas, direta ou indiretamente, o fígado é essencial para o metabolismo como um todo.
A digestão, absorção e aproveitamento nutricional está entre as principais funções hepáticas. Então, é comum que um animal que tenha doença hepática crônica apresente desnutrição.
Aumentar a ingesta calórica e fazer o controle dos nutrientes é fundamental nesse caso. No entanto, o controle da dieta nas hepatopatias é algo bastante complexo.
Inclusive, não existe uma fórmula mágica que dê certo para todos os cães com doença hepática e, em muitos casos é preciso fazer adaptações.
Por que se deve fazer a dieta certa para cão com doença hepática?
Como foi dito antes, de maneira direta e indireta o fígado é responsável por mais de mil reações metabólicas necessárias para a manutenção do organismo.
Por isso, é fundamental fazer a detecção dos problemas hepáticos e, então começar um tratamento adequado.
Mas juntamente com isso, é preciso que haja o manejo da dieta. Isso é essencial, uma vez que se deve evitar que esses animais tenham quadros de desnutrição, por exemplo.
Além disso, é preciso evitar que a própria alimentação em si sobrecarregue o fígado, de modo a não agravar ainda mais a condição.
O fígado é um órgão importantíssimo em vários aspectos, incluindo a digestão, absorção, metabolismo e armazenamento de nutrientes no organismo do animal.
Muitas doenças de diferentes tipos podem ocasionar problemas e promover alterações hepáticas.
Por isso, além de detectar que o animal está com uma anormalidade no fígado, é importante entender o que está ocasionando o problema em questão.
Visto isso, uma consulta com um médico veterinário especialista é muito importante para inicio do tratamento mais adequado.
E juntamente com todo o tratamento é importantíssimo realizar também o manejo nutricional desse animal.
Dessa forma, com uma abordagem multidirecional, se torna muito mais simples conseguir respostas bem mais rápidas e satisfatórias.
Algumas raças merecem mais atenção
Infelizmente, existem muitas razões para o surgimento de uma doença hepática em um cão e, por isso, esse é um caso bastante comum na clínica médica veterinária.
Muitos estudos sobre o tema comprovam que existem raças que são muito mais predispostas em relação a outras.
A seguir falaremos sobre as principais alterações e as razões para que isso ocorra:
Doenças hepáticas por acúmulo de cobre
- Bedlington Terrier
- West Highland White Terrier
- Sky Terrier
- Dálmatas
- Doberman
Raças com tendência a desenvolver a hepatite crônica
- Cocker Spaniel
- Doberman
- Labrador Retriever
- Poodle
Doenças hepáticas congênitas relacionadas ao sistema porta hepático
- Yorkshire Terrier
- Maltês
- Cairn Terrier
- Irish Wolfhound
Como saber se o meu cão tem uma doença hepática?
Problemas hepáticos em geral possuem muitas consequências negativas para o organismo e, a evolução do quadro costuma ser bastante rápida.
Com isso, a doença se agrava em pouco tempo e o corpo do animal começa a ceder a isso, de modo que o cão pode ir a óbito.
Sendo assim, conseguir perceber que o animal tem um problema no funcionamento do fígado é importantíssimo para garantir que ele tenha uma chance de tratamento, melhorando assim a sua qualidade e expectativa de vida.
Então, é de suma importância saber como reconhecer os principais sinais que um animal com doença hepática costuma apresentar. E os principais são os seguintes:
- Vômito
- Perda de apetite (anorexia)
- Letargia
- Náusea
- Perda de peso
- Diarreia
- Fezes pálidas (mais claras que o comum)
- Ascite (acúmulo de líquido no abdome)
- Icterícia
- Encefalopatia hepática
- Distúrbios de coagulação sanguínea
Importância da dieta certa para um cão que sofre de doença hepática
Um controle dietético é fundamental para um cão que sofre de doença hepática, sobretudo porque os animais podem ter um quadro de desnutrição, sobretudo por conta de sentirem náusea e terem episódios de vomito frequentes.
Muitas vezes, os cães também têm uma dieta com restrição de proteína, além de problemas na absorção nutricional. Isso é comum em cães que apresentem hipertensão portal ou cirrose.
Em muitos casos há também um quadro conhecido como hipermetabolismo, que eleva em muito as necessidades energéticas do pet.
Diante disso, é possível perceber que em grande parte das hepatopatias existe algum tipo de relação com o aspecto nutricional do pet.
Com isso, o manejo dessa alimentação é fundamental. E mais do que isso, é preciso adaptar a dieta de acordo com o problema específico que o animal apresenta.
Isso tem como objetivo contribuir com a regeneração e reparo do órgão, tratando ou, pelo menos evitando o agravamento dos problemas hepáticos.
Os objetivos nutricionais nos casos de doenças hepáticas
A dieta certa para um cão que sofre de doença hepática deve ser pensada para o tratamento desses animais, como forma de garantir a boa saúde deles.
No entanto, existem alguns objetivos fundamentais que devem sempre ser levados em consideração ao se elaborar uma dieta para esses animais.
São três os mais importantes e, vamos falar sobre eles nos próximos tópicos.
Oferecer a quantidade necessária de nutrientes e energia
Quando se fala na dieta certa para cães que sofrem de doença hepática, garantir o aporte calórico adequado é fundamental.
Mais do que isso, essa é uma grande prioridade nesses casos, sobretudo tendo em vista a prevenção da perda expressiva de peso e de massa magra.
A desnutrição causada por doença hepática provoca perda de peso bastante significativa, além de perda de massa muscular e hipoalbuminemia.
O estado de saúde debilitado desses animais se deve aos quadros de anorexia, vômito frequente, problemas digestivos, e deficiência na absorção e metabolização dos nutrientes.
Além disso, o catabolismo de proteínas aumenta, ao mesmo tempo em que o fígado não consegue sintetizar mais proteínas para manter o organismo do cão funcionando adequadamente.
Sendo assim, é de grande importância usar fontes calóricas que sejam predominantemente carboidratos e lipídios.
Isso ajuda a evitar que aminoácidos sejam usados como fonte de energia, de modo que se reduza ou previna a gliconeogênese hepática.
A dieta certa para um cão que sofre de doença hepática também deve ter grande densidade de energia, visando oferecer ao animal as calorias de que ele necessita, sem precisar oferecer quantidades tão grandes de comida ao cão.
No que diz respeito ao aporte proteico, é importante que as quantidades sejam ajustadas de acordo com o tipo de hepatopatia, sempre tendo em mente a manutenção e regeneração celular adequadas.
Além de fornecer energia e proteínas na medida certa, é importante repor os nutrientes perdidos e, também ajustar a alimentação para a manutenção de boas quantidades de vitaminas e minerais.
É importantíssimo pensar nas demandas de aminoácidos, potássio e zinco, bem como algumas vitaminas, principalmente B, C e K.
Pensar na regeneração adequada dos hepatócitos
Ao se pesar a dieta certa para um cão que sofre de doença hepática, deve-se sempre pensar na regeneração celular.
Para apoiar essa regeneração das células específicas do fígado, é preciso fornecer ao animal as quantidades de nutrientes que sejam suficientes para o seu metabolismo.
Entre eles, deve-se priorizar o aporte de proteínas, L-carnitina e das vitaminas do complexo B. Mas não basta pensar nas quantidades, devendo-se ter atenção também na absorção desses nutrientes.
Sendo assim, além de oferecer ao animal quantidades ideais de proteínas, deve-se analisar se as fontes favorecem a boa digestibilidade.
Pensar nas quantidades e, também no tipo de fonte proteica é muito importante para o favorecimento da regeneração adequada do parênquima hepático.
Quadros de encefalopatia hepática são mais delicados
Muitas vezes, a cirrose vem acompanhada por encefalopatia hepática e, essa é uma situação mais delicada, em que a condução do caso deve ser bem mais cuidadosa.
Isso se deve sobretudo à dificuldade que existe para se determinar as quantidades adequadas de proteínas.
Deve-se pensar que o cão precisa de uma quantidade adequada para a manutenção do seu balanço nitrogenado, ao mesmo tempo em que a quantidade de proteína excessiva pode agravar a encefalopatia hepática.
Por outro lado, se os animais receberem menos proteínas do que necessitam, acabam entrando no que se chama de balanço nitrogenado negativo.
Quando isso ocorre, os animais tendem a apresentar um quadro de desnutrição, de falta de albumina, que levam a uma piora do quadro e do estado geral.
Diante disso, para que se tenha uma regeneração adequada das células hepáticas, é fundamental conseguir um balanço nitrogenado adequado.
Sendo assim, deve-se buscar o valor máximo de proteína que o pet pode ingerir, mas sem que isso agrave o quadro de encefalopatia hepática.
Além disso, deve-se pensar na deficiência de L-carnitina, que é uma amina quaternária que contribui com o transporte de ácidos graxos maiores do citoplasma da célula para dentro das mitocôndrias.
Isso é importante, considerando-se que as mitocôndrias são as principais responsáveis pela produção de energia tendo os lipídios como principal fonte.
Em cães, a L-carnitina é produzida sobretudo no fígado, apesar de isso ocorrer também no cérebro e nos rins.
Outra questão fundamental é que as vitaminas do complexo B são armazenadas no fígado na forma de coenzimas.
Justamente por isso, é bem comum ver que os animais com problemas hepáticos possuem uma demanda cada vez maior por essas vitaminas.
E para a regeneração dos hepatócitos, é importante oferecer grandes doses, que supram essas demandas elevadas.
Combater radicais livres e minimizar o acúmulo do cobre
No fígado o cobre se liga às proteínas e, pode ser absorvido. No entanto, apenas uma pequena quantidade pode ser armazenada e, o restante é eliminado pelo organismo por meio da bile.
Uma quantidade anormal de cobre costuma aparecer quando existe um problema no metabolismo desse metal.
No entanto, em alguns casos as doenças hepáticas também podem provocar colestase. E o maior problema é que essa quantidade de cobre anormal é capaz de causar sérios danos para os hepatócitos.
Quando o cobre não está ligado às proteínas, ele apresenta toxicidade elevada. E é justamente isso que ocorre em animais com doença hepática.
Isso porque o cobre possibilita a ocorrência de reações que formam radicais hidroxila, que são radicais livres de elevada toxicidade.
Esses radicais livres provocam a necrose dos hepatócitos e, por isso é importante restringir a quantidade de cobre na dieta certa para um cão que sofre de doença hepática.
Deve-se deixar claro que os radicais livres são componentes responsáveis pela formação das maiores lesões hepáticas.
O acúmulo de radicais livres em geral acontece por conta do aumento das quantidades de ácidos biliares e, também por conta do acúmulo de metais como ferro e cobre.
Por outro lado, existem substâncias antioxidantes, que possibilitam que o organismo elimine esses radicais livres e minimizem os seus efeitos.
Os principais que podem ser usados na dieta de um cão que sofre de doença hepática são as vitaminas E e C, os carotenpoides, a taurina e os polifenóis.
Dieta para cão que sofre de doença hepática: principais nutrientes
Anteriormente você conheceu os principais objetivos da dieta certa para um cão que sofre de doença hepática.
Tendo isso em mente, é importantíssimo se preocupar com alguns nutrientes que são absolutamente essenciais nesses casos.
A seguir falaremos um pouco sobre isso:
O ajuste das quantidades de proteína é fundamental
Médicos veterinários e especialistas em nutrição animal costumam concordar que em a dieta certa para um cão que sofre de doença hepática deve conter níveis elevados de proteína.
Sendo assim, não se deve jamais fazer uma restrição proteica, a não ser que o pet apresente um quadro de encefalopatia hepática.
Sendo assim, é preciso pensar uma dieta que contenha um alto valor energético e, mais do que isso. Essas proteínas devem ser de boa digestibilidade.
Ou seja, é preciso pensar em fontes proteicas de qualidade, de modo que o animal possa aproveitar ao máximo o valor nutricional do alimento.
Carnes em geral são excelentes nesse caso, mas deve-se evitar uma fonte de proteína vegetal ou, fontes duvidosas, como farinhas de penas, por exemplo,
Fornecer ao pet uma quantidade adequada de proteínas é fundamental e, tende a prevenir condições como a caquexia e a ascite, ou barriga d´água.
Nos casos de encefalopatia hepática é preciso diminuir um pouco a ingestão de proteínas, mas de qualquer forma, é preciso introduzir na alimentação do cão fontes de qualidade e alta digestibilidade.
Nesse caso, deve-se usar carnes brancas, como frango e peixe, e mesmo ovo, tentando evitar o uso de carnes vermelhas.
Energia
Como você deve ter notado, todos os animais que apresentam doença hepática possuem uma grande tendência de sofrerem com caquexia e perda de peso.
Mas aqui, não basta simplesmente dar mais calorias para o animal. Isso porque a maioria dos cães também vai ficar com o apetite reduzido.
Sendo assim, é preciso pensar em uma forma de aumentar a ingesta calórica, ao mesmo tempo em que a quantidade de alimento em si permanece pequena.
Pensando nisso, a melhor maneira de conseguir esse resultado deve ser aumentando a quantidade de gorduras oferecidas na dieta do animal.
Além de a gordura apresentar uma maior quantidade de calorias por peso de alimento, também tem a capacidade de atrair a atenção do animal por conta do aroma e sabor.
O grande problema a ser analisado é que nem todos os profissionais concordam com esse aumento na quantidade de gordura na dieta.
Exceto nos casos dos cães que apresentam excesso de gordura no sangue ou nas fezes, a maioria dos veterinários concorda que se pode oferecer uma dieta que contenha entre 30 e 50% de lipídios.
Secundariamente, essas gorduras ajudam na absorção das vitaminas lipossolúveis e, também minimizam os efeitos da intolerância aos carboidratos.
A dieta certa para um cão com doença hepática deve conter no máximo 45% de carboidratos como fonte energética.
No entanto, alguns profissionais defendem que a principal fonte energética deve ser proveniente de fontes de carboidratos mesmo.
Vitaminas e minerais
Como já foi dito, muitas vezes os animais que possuem doenças hepáticas apresentam prejuízos na absorção de vitaminas lipossolúveis.
Sendo assim, entre os cuidados que se deve ter com a dieta desses pets, deve-se dizer que é importante fazer uma suplementação de vitamina E.
Isso é especialmente importante quando se tem um quadro de intoxicação por cobre ou colestase.
A vitamina E é um antioxidante poderoso, que ajuda a proteger o organismo do animal de alguns efeitos nocivos. Em relação às vitaminas A e D, dificilmente é necessário fazer suplementação.
Quando o animal não tem uma alimentação muito boa, é bastante adequado fazer uma suplementação das vitaminas B1 e B12. Isso porque essas são fundamentais para a regeneração tecidual.
Nos animais que possuem um quadro de colestase e, que possuam tendências a apresentar hemorragia, é especialmente útil fazer a suplementação da vitamina K.
É preciso ter uma atenção também em relação à ingestão de sódio, uma vez que ela pode ser mais restrita nos animais com quadros de edema ou ascite. No entanto, no geral não há necessidade de pensar em uma restrição tão extrema.
Por fim, na dieta para cão com doença hepática pode-se pensar na diminuição das quantidades de cobre e, no aumento da ingestão de zinco, uma vez que esse dificulta a absorção do cobre.
A dieta do cão com doença hepática deve ser sempre adaptada
Como você pode perceber, os animais com doenças hepáticas podem apresentar quadros bastante diversos e, isso, significa que a dieta desses animais também precisa variar de acordo com as demandas.
As necessidades nutricionais variam muito dependendo do problema hepático que o animal apresenta e, da gravidade do quadro.
É preciso analisar cuidadosamente cada animal em cada fase da sua doença. Sendo assim, a dieta do cão hepático precisa passar por adaptações constantes.
Nesse caso, o acompanhamento frequente com o médico veterinário é fundamental. O ideal é que isso seja feito a cada 3 meses mais ou menos.
E nos casos mais graves, o médico veterinário deve acompanhar o cão mensalmente para analisar a progressão.
Na maioria dos casos não existe cura para as doenças hepáticas, mas é possível fazer uma boa manutenção por meio da dieta.
Nesse caso, o melhor é optar por rações industriais específicas para os problemas hepáticos. Em alguns casos podem ocorrer ajustes nas quantidades, adição de ingredientes e suplementação de vitaminas.
Além disso, existem tutores que preferem realizar uma alimentação natural, ou seja, preparada em casa.
Mas nesse caso, é preciso o acompanhamento por um nutricionista veterinário, que conheça o quadro do cão e faça os cálculos nutricionais corretamente.
Em linhas gerais, a dieta de um cão que sofre de doença hepática vai conter proteínas de boa digestão, alto valor calórico, índices reduzidos de cobre e, maiores quantidades de zinco e de vitaminas A, D, E, K, e do complexo B.
Uso de hepatoprotetores
O tratamento das doenças hepáticas depende, sobretudo da capacidade das células de se regenerarem.
Em alguns casos o tratamento não é possível e, o que se deve tentar fazer é apenas barrar a evolução da doença.
Obviamente, o médico veterinário deve prescrever um tratamento levando em consideração a situação de saúde do pet.
Mas independentemente do quadro e do tratamento escolhido, é sabido que o uso de hepatoprotetores pode contribuir em muito para amenizar os problemas.
Existem suplementos que, comprovadamente são capazes de auxiliar em muito na recuperação dos pets.
Por sorte, muitos profissionais têm uma clara noção disso e, fazem uso dessas substâncias protetoras.
Isso é especialmente importante nos casos de animais que necessitam de suporte terapêutico em casos de intoxicação, convalescência, ou quando a função hepática é ameaçada pelo uso de medicamentos tóxicos ao fígado.
Basicamente, a função desses hepatoprotetores é a de proteger os hepatócitos contra os agentes que possam oferecer qualquer risco a ele.
Dessa forma, os hepatoprotetores são muito úteis na manutenção do metabolismo hepático de maneira geral.
Conclusão
Existem muitos tipos de problemas relacionados ao fígado e, eles podem se desenvolver de várias maneiras, com maior ou menor intensidade.
Sendo assim, é preciso analisar cada paciente de maneira isolada quando se vai calcular as quantidades de cada componente que vai integrar a dieta do cão que sofre de doença hepática.
Além disso, frequentemente é preciso rever essas quantidades, uma vez que a alteração do quadro deve vir acompanhada de mudança na dieta.