Uma nova pesquisa científica revelou que cães podem literalmente retardar o processo de envelhecimento biológico humano. O estudo, conduzido pela Universidade Atlântica da Flórida em colaboração com outras instituições, descobriu que mulheres veteranas com TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático) que participaram de um programa de treinamento de cães de serviço apresentaram redução significativa nos marcadores biológicos de envelhecimento.

O que diz a pesquisa sobre cães e envelhecimento
A pesquisa analisou veteranas militares com TEPT que participaram de um programa de treinamento de cães de serviço durante 8 semanas. Os resultados surpreenderam os cientistas: além dos benefícios psicológicos já esperados, como redução na gravidade dos sintomas de TEPT, ansiedade e estresse percebido, foram detectadas mudanças significativas em nível celular.
A Dra. Cheryl Krause-Parello, autora principal do estudo e vice-presidente associada de pesquisa da FAU, destacou que “abordagens não tradicionais como a conexão com animais podem oferecer apoio significativo”. Segundo ela, esses relacionamentos proporcionam segurança emocional e estabilidade, especialmente poderosas para mulheres.
Um ponto crucial da pesquisa é que tanto o grupo de controle quanto o grupo experimental apresentaram redução no estresse psicológico. No entanto, apenas as veteranas que treinaram cães demonstraram mudanças positivas nos indicadores biológicos de envelhecimento.
Como os cães afetam o envelhecimento celular
O estudo mediu especificamente o comprimento dos telômeros das participantes. Telômeros são sequências longas de DNA repetitivo nas extremidades dos cromossomos, que protegem as informações genéticas durante a divisão celular. Com cada divisão, eles naturalmente encurtam, tornando-se indicadores importantes do processo de envelhecimento.

Quando expostas ao estresse crônico, as células envelhecem mais rapidamente, resultando em telômeros mais curtos. Este processo está diretamente relacionado aos sinais físicos de envelhecimento, como pele fina e rugas. O achado mais surpreendente foi que as veteranas que treinaram cães apresentaram um aumento no comprimento dos telômeros – literalmente revertendo um marcador biológico de envelhecimento.
As participantes com histórico de exposição ao combate tiveram o aumento mais drástico no comprimento dos telômeros. Em contraste, o grupo de controle mostrou diminuição no comprimento dos telômeros, com as veteranas expostas ao combate apresentando o maior declínio.
Benefícios da conexão emocional com cães
Os pesquisadores atribuem esses efeitos terapêuticos a diversos fatores. Diferentemente dos humanos, os animais oferecem apoio incondicional e segurança sem julgamento. O treinamento de cães de serviço combina o engajamento comunitário regular com a formação de vínculos emocionais com os animais.
Pesquisas anteriores já indicavam que o suporte social é um fator-chave na reintegração de veteranos. O treinamento forneceu às participantes novos conhecimentos sobre comportamento animal, o que pode ter fortalecido a relação com seus próprios animais de estimação.
“Esta pesquisa destaca o poder do treinamento de cães de serviço como uma intervenção significativa e não farmacológica para apoiar a saúde e a cura de veteranas com TEPT”, afirmou a Dra. Krause-Parello. “Abre portas para abordagens mais personalizadas que nutrem tanto a mente quanto o corpo.”
Embora o estudo tenha focado em veteranas militares, os pesquisadores sugerem que o voluntariado relacionado a animais pode oferecer benefícios semelhantes sem o compromisso da propriedade de um animal de serviço, ampliando as possibilidades de aplicação para diversos grupos.