Na semana passada, uma mulher abandonou seu cão American Bully, Pako, no aeroporto de Bruxelas, Bélgica, após ser informada que o animal não poderia embarcar no voo. Em vez de cancelar sua viagem, a tutora enviou o cão de táxi para um abrigo local e seguiu viagem sozinha, provocando indignação entre defensores dos animais.
O abandono do cão no aeroporto de Bruxelas
O incidente ocorreu quando a tutora de Pako foi impedida de embarcar com o cão devido às restrições para raças braquicefálicas em voos. Segundo o abrigo SRPA Veeweyde, que recebeu o animal, “em vez de desistir das férias ou buscar uma solução responsável, ela voou sozinha e chamou um táxi para enviar o cão até nós”.

O método de abandono chamou atenção por sua irregularidade. De acordo com a legislação belga, para que a entrega de um animal a um abrigo seja considerada legal, a pessoa deve estar presente e apresentar documento de identidade. “Ter um cão entregue por táxi não pode ser considerado um método aceitável de abandono”, afirmou o abrigo em publicação nas redes sociais.
O motorista de táxi, completamente despreparado para lidar com a situação, se viu com um cão abandonado sob sua responsabilidade. O caso rapidamente ganhou repercussão, gerando comentários indignados nas redes sociais.
Por que raças de focinho achatado têm restrições em voos?
Pako é um American Bully, raça considerada braquicefálica (de focinho achatado). Segundo a Associação Médica Veterinária Americana, cães com essa característica são mais vulneráveis a alterações na qualidade do ar, circulação e temperatura durante voos.
Suas vias aéreas estreitas podem dificultar a respiração e causar superaquecimento em ambientes como o porão de aeronaves, onde normalmente os animais são transportados. Por esse motivo de segurança, muitas companhias aéreas não permitem o transporte dessas raças.
Entre as raças que normalmente enfrentam restrições estão: Bulldog Inglês, Bulldog Francês, Pug, Boxer, Shih Tzu, Pequinês e, como no caso de Pako, o American Bully.
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Resgate e desfecho do caso
Após vários dias e a repercussão do caso, parentes da tutora de Pako entraram em contato com o abrigo para buscar o animal. O cão não retornará para sua tutora original, que deixou permanentemente o país, mas sim para esses familiares que demonstraram preocupação com o bem-estar do animal.
O abrigo SRPA Veeweyde declarou estar confiante de que Pako estará em um ambiente estável e seguro com a família. Apesar da gravidade do abandono, a instituição decidiu não buscar consequências legais contra a tutora original.
“No centro desta situação está um cão sociável, equilibrado e afetuoso que merece, acima de tudo, encontrar paz e tranquilidade”, compartilhou o abrigo. “Esperamos que o ambiente familiar no qual ele foi colocado lhe proporcione a estabilidade e o afeto que ele merece.”
O que diz a legislação sobre abandono animal
Na Bélgica, onde o caso ocorreu, o abandono de animais é considerado ilegal e exige procedimentos específicos para entrega em abrigos, incluindo a presença física do tutor com documentação.
No Brasil, o abandono de animais também constitui crime ambiental, previsto na Lei Federal 9.605/98, com pena de detenção de três meses a um ano, além de multa. A legislação brasileira considera crime “praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais”, incluindo o abandono em qualquer circunstância.
Tutores que precisam viajar e não podem levar seus animais devem procurar hotéis para pets, deixá-los com pessoas de confiança ou, em último caso, buscar abrigos de forma responsável e legal.
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