Tragédia no interior de SP: três cães morrem durante transporte de pet shop: Veja qual a suspeita.

Três cachorros morreram após ficarem cerca de 1h30 dentro de um carro de transporte de pet shop em Americana, interior de São Paulo, na quinta-feira (11). Os animais, que pertenciam a uma senhora de 71 anos, foram recolhidos para banho e tosa, mas nunca retornaram com vida para casa. A causa provável das mortes foi hipertermia que é o aumento excessivo da temperatura corporal causado pelo calor.

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Luna, Fofão e Cristal morreram sob cuidados de pet shop em Americana (SP) — Foto: G1

O que aconteceu: detalhes do caso em Americana

De acordo com o boletim de ocorrência, a proprietária do pet shop Agropet São Domingos e sua filha buscaram os três cães,  Cristal (8 anos) e Luna (10 anos), da raça shih tzu, e Fofão (11 anos), da raça lhasa apso, na residência da tutora por volta das 9h20 da manhã.

 

Os animais deveriam retornar após o banho e tosa por volta do meio-dia, mas até as 16h20 não haviam sido devolvidos. Preocupado, o filho da tutora enviou mensagem pelo WhatsApp questionando se estava tudo bem, quando recebeu a notícia de que os três cães haviam morrido.

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Mapa mostrando a localização de Americana/ Foto: G1

Segundo relatos colhidos pela médica veterinária que examinou os corpos, a dona do estabelecimento admitiu ter deixado os animais por aproximadamente 1h30 dentro do veículo de transporte, pois precisou realizar outra entrega em endereço distante.

O caso foi registrado como ato de abuso a animais no 1º Distrito Policial de Americana. A família dos cães, representada pelo advogado Rafael Possodon, está “em estado de choque” com o ocorrido, especialmente a tutora idosa que, segundo o advogado, “vivia em função desses animais”.

Saiba mais: Veterinário será obrigado a denunciar maus-tratos: nova lei. Veja aqui

Causas e consequências da hipertermia em cães

A médica veterinária Patrícia Comelato, que recebeu os corpos dos animais, constatou que a provável causa da morte foi hipertermia. Ela não identificou sinais de maus-tratos ou violência física nos cães.

A hipertermia é especialmente perigosa para cães de focinho curto (braquicefálicos) como shih tzu e lhasa apso. Segundo a veterinária Sibila Weidman, entrevistada sobre o caso, o aumento excessivo da temperatura corporal pode desencadear uma série de problemas graves:

  • Vasodilatação e desidratação severa
  • Insuficiência renal aguda
  • Edema cerebral e convulsões
  • Choque térmico
  • Falência múltipla de órgãos

“Mesmo que o animal seja socorrido, é muito difícil reverter esse quadro, principalmente quando ocorre edema cerebral”, explicou a especialista. Raças braquicefálicas, de focinho achatado, são mais vulneráveis devido à sua anatomia respiratória, que dificulta a regulação térmica.

Os primeiros sinais de hipertermia incluem respiração ofegante excessiva, salivação intensa, gengivas vermelho-escuras ou roxas, vômito e diarreia. Quando um animal chega em casa “amuado” após passar por um pet shop em dia quente, estes sintomas devem acender um alerta imediato.

Aspectos legais: o que diz a legislação sobre maus-tratos

O caso está sendo investigado como crime de abuso contra animais. Segundo a Lei 9.605/98, atualizada em 2022, praticar ato de abuso contra animais pode resultar em pena de 2 a 5 anos, com aplicação de multa e proibição de guarda. A pena é aumentada de um sexto a um terço se ocorre morte do animal.

A família dos cães, além da ação criminal, busca indenização civil por má prestação de serviços. Segundo o advogado Rafael Possodon, baseado em casos anteriores, o valor pode variar entre R$ 10 mil e R$ 30 mil.

“É claro que isso não vai trazer os animais de volta, mas representa um alívio para essa família, por todo o sofrimento causado. Tem também um caráter educativo, para que situações como essa não se repitam”, afirmou o advogado.

A representante da entidade “Cadeia para Maus Tratos”, Roberta Dias, que está prestando apoio psicológico à família, ressaltou que a busca por justiça visa também alertar outros estabelecimentos: “Queremos que outros pet shops, clínicas e profissionais que trabalham com animais criem essa responsabilidade de que estão lidando com vidas”.

Leia aqui: Primeira prisão por crime de maus-tratos a cães no litoral norte de SP. Veja nova lei!

Como escolher um pet shop seguro e prevenir acidentes

A tragédia em Americana serve como alerta para tutores sobre a importância de escolher estabelecimentos confiáveis e tomar precauções para garantir o bem-estar dos animais. Especialistas recomendam:

Para tutores:

  • Conheça o pet shop antes de deixar seu animal. Visite o local, observe onde os cães tomam banho, são secados e onde aguardam para serem buscados.
  • Verifique se o ambiente é adequadamente climatizado, especialmente onde ficam os secadores. O local deve contar com ventiladores ou ar-condicionado.
  • Questione sobre os protocolos de transporte quando o serviço inclui busca e entrega. Pergunte quanto tempo o animal ficará no veículo e como é feita a climatização.
  • Estabeleça horários precisos para entrega e retirada, evitando que o animal fique tempo excessivo no estabelecimento.

Para estabelecimentos:

  • Nunca deixe animais desacompanhados em veículos, mesmo que por curtos períodos. A temperatura dentro de um carro pode subir rapidamente, mesmo em dias não muito quentes.
  • Garanta supervisão constante durante todo o processo de banho e secagem. Os animais nunca devem ser deixados sozinhos na máquina de secar.
  • Mantenha ambientes climatizados, principalmente onde há uso de secadores ou concentração de vários animais.
  • Estabeleça protocolos de emergência para casos de hipertermia, incluindo disponibilidade de toalhas úmidas e acesso rápido a atendimento veterinário.

 

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