Ter um filhote em casa é uma experiência que costuma despertar cuidado, atenção e vontade constante de estar perto.
Muitas pessoas sentem a necessidade de oferecer conforto físico o tempo todo, acreditando que isso contribui para um desenvolvimento mais saudável e afetuoso. Mas será que todo esse colo, mimo e proximidade são sempre positivos?
Para entender melhor os efeitos dessa prática, é importante observar alguns aspectos do comportamento canino desde os primeiros dias de vida.
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Dar colo demais faz mal aos filhotes de cachorro?

Dar colo não é, por si só, algo negativo. O problema está no excesso e no momento em que isso acontece. Nos primeiros dias de vida, os filhotes estão em fase de adaptação ao ambiente externo e têm necessidades específicas de contato com a mãe e com os irmãos.
Quando um ser humano assume esse papel de forma intensa, colocando o filhote no colo frequentemente, ele pode acabar interrompendo processos naturais do desenvolvimento comportamental do animal.
A sensação de aconchego é importante, mas ela deve ocorrer sem impedir o filhote de explorar o ambiente, interagir com outros cães e criar segurança fora da presença constante de uma pessoa.
A seguir, comentamos alguns efeitos que esse colo excessivo pode causar.
Dependência emocional
Quando o filhote recebe colo constantemente e aprende a associar conforto exclusivamente à presença física do tutor, ele pode desenvolver um comportamento de dependência emocional.
Isso significa que o cachorro começa a demonstrar sinais de insegurança sempre que o tutor se afasta, mesmo que por pouco tempo.
A dependência emocional pode gerar dificuldade de adaptação em situações simples do cotidiano, como dormir em um espaço separado ou ficar sozinho por algumas horas.
Esse tipo de vínculo, quando não equilibrado, prejudica a construção de confiança do animal em relação ao próprio espaço, aos estímulos do ambiente e à capacidade de ficar bem mesmo na ausência do tutor.
Ansiedade de separação
A dependência emocional muitas vezes está relacionada à ansiedade de separação, um problema comum em cães que foram expostos desde cedo a uma rotina de presença constante e pouco espaço para autonomia.
Filhotes que passaram muito tempo no colo e pouco tempo interagindo de forma independente podem apresentar sintomas de estresse ao ficarem sozinhos, como choros persistentes, latidos excessivos, comportamento destrutivo e agitação.
Esse tipo de ansiedade exige tratamento, adaptação gradual e, em casos mais graves, acompanhamento profissional.
É importante lembrar que esse problema não surge da ausência de afeto, mas do excesso de proteção sem construção de segurança emocional por parte do animal.
Socialização com a ninhada prejudicada
Outro ponto de atenção ocorre quando o filhote é afastado da ninhada de forma precoce ou passa a ter contato excessivo com humanos, em vez de manter o convívio com os irmãos e com a mãe nos primeiros dias ou semanas.
A interação entre os filhotes tem um papel fundamental no aprendizado de limites, controle de mordida e comunicação canina.
Quando esse processo é interrompido por excesso de contato humano, o animal pode apresentar dificuldades em se relacionar com outros cães no futuro.
O colo, nesse contexto, pode funcionar como uma barreira entre o filhote e a experiência de socialização natural que ele teria com os semelhantes.
O importante é manter equilíbrio
A relação entre tutor e filhote deve ser construída com base no equilíbrio entre carinho e estímulo à independência.
Dar colo, afagar e oferecer conforto são atitudes positivas quando ocorrem de forma dosada e respeitam o tempo do filhote de explorar, brincar, descansar e interagir com outros estímulos.
Estabelecer rotinas seguras, permitir que o animal explore diferentes ambientes e tenha contato com outros cães são passos importantes para que ele cresça com confiança e autonomia.
O afeto é essencial, mas precisa vir acompanhado de atitudes que fortaleçam o desenvolvimento saudável do comportamento canino.
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