Noruega proíbe criação de Buldogue Inglês e Cavalier King Charles

Mais especificamente, a proibição abrange animais das raças Buldogue Inglês e Cavalier King Charles.

A decisão ocorreu com a justificativa de que essas suas raças são muito vulneráveis a problemas de saúde e, por isso violam a Lei de Bem Estar Animal do país.

Continue lendo esse texto para saber mais sobre essa proibição e sobre as duas raças em questão.

Por que a Noruega proibiu a criação do Buldogue Inglês e Cavalier King Charles no país?

Cachorro forte na grama. Foto Freepik

No dia 31 de janeiro saiu a decisão sobre a proibição da criação de animais das raças Buldogue Inglês e Cavalier King Charles.

A lei passa a valer para a reprodução desses animais. Ou seja, no país não se pode mais cruzar exemplares desses dois tipos.

A motivação é de que esses cães sofrem com problemas de saúde graves e, por isso não vivem em situação de bem estar pleno.

No caso do Cavalier King Charles, é bastante comum o surgimento de problemas cardíacos, dor de cabeça e problemas variados nos olhos e nas articulações.

O Buldogue Inglês, por sua vez, tem focinho curto e crânio pequeno, o que o leva a ter vários problemas relacionados com a respiração, como a Síndrome de Obstrução das Vias Aéreas Braquicefálicas.

Åshild Roaldset é o veterinário da Animal Protection Norway, que liderou o grupo de proteção aos animais que abriu a discussão no tribunal da Noruega.

De acordo com ele, os problemas de saúde desses animais já são muito conhecidos desde o início do século XX.

Por isso, a reprodução já não deveria mais existir. Deve-se ter em mente que os animais têm o direito de serem criados com respeito.

Sendo assim, eles devem ter uma vida saudável, livre de problemas de saúde de qualquer tipo que possam comprometer o bem estar geral do ser vivo.

Segundo argumentos da equipe jurídica do grupo Animal Protection Norway, no ano de 2021 já não existiam mais animais dessa raça que fossem aptos para a reprodução.

Ou seja, todos os exemplares possuem problemas de saúde graves que deveriam ser considerados impeditivos para a reprodução das raças.

Como foi a decisão?

Cavalier – Foto: Freepik

Para a decisão, o tribunal contou com peritos especializados no assunto, além de um juiz de Oslo, um veterinário e um geneticista.

Diante da análise dos fatos apresentados, concluiu-se que realmente esses animais não poderiam mais ser reproduzidos por apresentarem problemas de saúde graves.

No entanto, a audiência abriu uma exceção para a reprodução controlada, de modo que se possa eliminar completamente a presença dessas doenças nas raças descritas.

De acordo com o próprio órgão de proteção, a Noruega tem tecnologia suficiente para fazer a criação das raças de maneira segura, proporcionando bom nível de bem estar aos animais.

Sendo assim, a reprodução deve ser ajustada de modo a dar uma boa qualidade de vida aos exemplares.

Para se ter um maior controle sobre os animais, eles devem ser marcados com chips e também deve-se criar um banco de dados bem completo, que descreva o temperamento, parentesco e condições de saúde dos animais.

Somente dessa maneira se pode ter um bom controle e fiscalização sobre a reprodução das raças.

Manipulação genética motivou a proibição na Noruega

Cavalier King Charles – Foto: Pixabay

As duas raças proibidas atualmente na Noruega são de animais braquicefálicos, ou seja, aqueles que possuem o focinho e o crânio achatados.

Esses são animais muito queridos em todo o mundo, o que faz com que a seleção artificial dos exemplares seja muito intensa.

O que acontece é que ao se selecionar e reproduzir cada vez mais os animais com características puras, acaba-se por intensificar e aumentar a incidência de problemas de saúde diversos.

Com o passar dos anos, começaram a surgir cada vez mais animais problemáticos, que não conseguem ter boas condições de vida e bem estar geral.

Depois de uma disputa legal de vários anos entre a Animal Protection Norway e várias organizações de criadores de cães de raça pura, incluindo o Norwegian Kennel Club (NKK), o tribunal de Oslo decidiu por unanimidade pela proibição.

Essa foi uma vitória histórica para os animais e para os membros da Animal Protection Norway. E não há dúvidas de que a decisão judicial chama a atenção do mundo para essa causa.

E fica a esperança de que os governantes passem a olhar mais para a criação de animais e, que pensem em criar leis de proteção animal para a reprodução dessas e de outras raças.

Afinal de contas, as modificações genéticas feitas pelo homem nesses animais são completamente antiéticas e, a reprodução dos exemplares deve realmente ser considerada ilegal.

Fatos sobre cães braquicefálicos

Buldogue Inglês – Foto: Freepik

Para compreender ainda melhor a motivação das proibições da reprodução das raças citadas, conheça alguns dos fatos mais importantes sobre os cães braquicefálicos.

• Popularização: no Brasil e no mundo as raças braquicefálicas estão cada vez mais populares. Por isso, existe uma grande pressão de seleção de animais puros;
• Predisposição a problemas respiratórios: as alterações anatômicas do crânio dos cães braquicefálicos leva a problemas respiratórios por redução das narinas, e desenvolvimento inadequado da traqueia. Tosse, espirro e falta de ar são alguns sinais;
• Cães braquicefálicos roncam: isso ocorre por causa do estreitamento ou obstrução das vias aéreas nesses animais. Assim, quando o ar passa ocorrem vibrações que provocam o som característico;
• Problemas oculares: os olhos arregalados característicos também podem levar o animal a desenvolver alguns problemas. Falta de lubrificação nos olhos podem ocasionar inflamações e infecções na região;
• Superaquecimento: os animais braquicefálicos são muito sensíveis às altas temperaturas e podem até ter problemas graves que o levem à morte em algumas situações. Por isso, é essencial ter cuidado com atividades físicas intensas, sobretudo nos dias mais quentes;
• Cuidados com a alimentação: é preciso controlar muito bem a ingestão de alimentos nesses animais porque o sobrepeso acaba agravando todos os problemas que já foram citados, sobretudo a falta de ar. Existem também alimentos que se adaptam bem à mordida deles.

A notícia de que a Noruega proíbe raças de nariz chato acende uma discussão importante sobre o bem estar animal. E aí, o que você achou sobre essa decisão?