Pouco mais de um mês após ser inaugurado, o primeiro Hospital Público Veterinário da capital já será expandido. A Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (Anclivepa -SP), que administra o hospital, acaba de alugar um prédio de três andares no Tatuapé, zona leste da capital, a apenas 200 metros da atual sede. Segundo o diretor administrativo do centro, o veterinário Renato Tartalia, a expansão vai colaborar no atendimento dos cerca de cem animais que passam pela clínica diariamente.
Apesar do aumento do espaço – atualmente o hospital ocupa uma casa de 140 m² e o novo edifício tem cerca de 360 m² – o número de cães e gatos atendidos continuará o mesmo. A verba repassada pela Prefeitura para a Anclivepa-SP cobre apenas 35 novos atendimentos por dia, mil consultas e 180 cirurgias por mês.
Só nas últimas duas semanas, porém, mais de 700 animais foram atendidos, número superior às expectativas da administração. “Já sabíamos que havia carência, mas a procura nos surpreendeu “, diz o diretor-geral do hospital, Ricardo Amaral. “Estamos fazendo algo inédito e aprendemos a fazer enquanto estamos aqui”, completa Tartalia.
Toda manhã, por volta das 6 horas, a fila começa a se formar na porta do hospital, ainda fechado. Às 8h, 35 senhas são distribuídas e, depois disso, só casos de urgência são aceitos. À tarde, o hospital recebe principalmente animais que já estão em tratamento e aqueles que voltam para consultas e cirurgias. Para selecionar quem será atendido, a Anclivepa-SP exige que donos participem de algum programa governamental como Bolsa Família ou Renda Mínima – quem não é beneficiário tem de passar por uma entrevista com assistente social para comprovar que não tem condições de pagar pelo tratamento.
A gata Maria Rita e a cachorrinha Jade, ambas da inspetora escolar Zilda Lourenço, de 57 anos, ficaram doentes na mesma semana. Sem dinheiro para levar as duas a uma clínica particular, Zilda foi avisada por uma colega de trabalho sobre a existência do hospital no Tatuapé. Maria Rita foi diagnosticada com um problema nos rins e Jade, com infecção no útero. “O veterinário disse que essa infecção é comum em cadelas que não foram castradas. Eu não sabia que isso poderia ter sido evitado, bate um arrependimento.”
Prevenção
Segundo Renato Tartalia, uma parte considerável das enfermidades dos animais que são levados ao hospital poderia ter sido evitada. Como a de Maggie, cadela que tem cinomose, doença viral que ataca o sistema nervoso e pode ser prevenida com vacina. “Acho que o papel do hospital vai além do tratamento emergencial, que ele pode mudar o paradigma de várias coisas, a começar pela posse responsável.”
Ele faz dois apelos: “Pedimos às pessoas que têm condição financeira de tratar seus animais que deixem essa estrutura para aqueles que não têm condição”, diz Tartalia. “E o segundo pedido é: não soltem seus animais nas ruas. Os casos de fratura por atropelamento são maioria por aqui e podem ser evitados.”
A administração do hospital já foi procurada por alguns candidatos à Prefeitura de São Paulo que se comprometeram em manter o serviço e prometeram até a implementação de hospitais semelhantes em outras regiões da cidade. O contrato da Anclivepa-SP com a Prefeitura tem duração de um ano, até julho de 2013. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo .