“Olá, Alexandre e equipe Cão Cidadão!
O meu namorado tem um Buldogue Francês que é muito agressivo. Ele não permite que ninguém, além do dono, toque nele. Ele também avança em mãos e pés de forma muito agressiva. Já mordeu, inclusive, o pai do meu namorado.
O interessante é que ele deita em cima de mim no sofá e dorme, mas eu não posso tocar nele em hipótese alguma. Também consigo colocar comida a ele sem que o mesmo fique nervoso, mas é só eu andar distraída que ele avança na minha mão.
Venho tentando uma aproximação, sempre levando ele passear, mas a hora de colocar a guia também é bastante tensa, pois ele fica nervoso e feroz.
Quando era bem pequeno ele quebrou a patinha e teve que passar por uma cirurgia e fisioterapia. Essa patinha não ficou 100% e ele anda mancando.
O que podemos fazer para mudar esse comportamento? Ajuda a gente, por favor! Obrigada!”
Por Camila Mello, adestradora e franqueada da Cão Cidadão
Oi, Pedro. Tudo bem?
Não são raros relatos como o seu quando há histórico de muita manipulação veterinária desde cedo.
O cão, quando filhote, deve aproveitar ao máximo o período de sociabilização, período este em que o cão deverá ser apresentado ao mundo. Nesta fase, devemos apresentar-lhes aos sons, cheiros e manipulações variadas.
No caso do Zeca, é importante tentarmos relembrar o motivo que causou o acidente com a patinha. Com esse ocorrido, inevitavelmente ele sentiu dor em vários momentos, por conta da cirurgia que passou.
O ocorrido pode ter causado nele um trauma e, talvez por isso, ele queira se afastar de qualquer eventual ameaça. Para ele, qualquer aproximação de mãos pode remeter a uma manipulação dolorosa, e a forma que ele tem de se defender é afastar o tal estímulo.
O fato de ele querer se aproximar de determinadas pessoas, mas não permitir ser tocado, é a forma que ele encontrou de mostrar afeto, o que significa que ele gosta da companhia de determinadas pessoas, desde que não seja tocado.
Para que haja mudança neste comportamento, será preciso transformar a relação do Zeca com as pessoas em algo totalmente positivo, primeiro por meio de dessensibilização ao toque e segundo por meio do reforço positivo.
A tentativa de associar a presença da sua namorada a eventos positivos, como passear, é excelente, mas antes disso teremos que ensinar a ele que a coleira não representa perigo. Ou seja, temos que tirar a sensibilidade do Zeca às lembranças que ele tem sobre colocar a coleira. Transformar o uso deste item de segurança em algo muito prazeroso a ele.
Em casos como o de Zeca, é preciso que tenhamos cuidado ao fazer essas associações positivas. Todos os envolvidos no treino precisam estar seguros para que acidentes não aconteçam.
Devemos também respeitar o tempo do Zeca, uma vez que pretendemos modificar um comportamento que, mesmo sem percebermos, já foi bastante reforçado.
Conte com nossos profissionais para ajudá-los na execução dos treinos com segurança. No site da Cão Cidadão é possível ver mais sobre treinos de dessensibilização ao medo.