Ter um animal de estimação traz alegria e companhia, mas também representa um compromisso financeiro significativo. Com o aumento da inflação e a estagnação dos salários, muitos tutores brasileiros estão enfrentando dificuldades para equilibrar seus orçamentos e garantir os cuidados necessários aos seus pets. Uma pesquisa recente da MetLife Pet Insurance revelou dados preocupantes sobre essa realidade.
Os verdadeiros custos de ter um pet no Brasil
Embora o estudo tenha sido realizado nos Estados Unidos, a realidade brasileira não é muito diferente. A pesquisa mostrou que 15% dos tutores de pets lutam para pagar tanto suas próprias necessidades quanto as de seus animais. Mais alarmante ainda: 22% dos tutores atualmente carregam mais de R$ 10.000 em dívidas relacionadas aos seus pets.
No Brasil, estima-se que o custo médio mensal para manter um cão de porte médio varia entre R$ 200 e R$ 500, considerando apenas gastos com alimentação de qualidade, petiscos, vermífugos e antipulgas. Para gatos, esse valor fica entre R$ 150 e R$ 350 mensais. Estes valores não incluem despesas eventuais com veterinário, que podem facilmente ultrapassar R$ 1.000 em caso de emergências.

O impacto financeiro é tão significativo que cerca de 39% dos tutores já entraram em dívida para pagar pelos cuidados médicos de seus animais. Muitos estão fazendo sacrifícios pessoais, como cortar gastos com restaurantes, hobbies e até mesmo adiando o pagamento de outras dívidas para garantir o bem-estar de seus companheiros de quatro patas.
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Por que tantos tutores estão enfrentando dificuldades financeiras?
Impacto da inflação nos gastos com pets
A maioria dos tutores aponta a inflação como a principal razão por trás das recentes dívidas. No Brasil, o preço da ração aumentou significativamente nos últimos anos, com altas que chegam a 30% em algumas marcas premium.

A combinação de aumento nos preços com salários que não acompanham o mesmo ritmo cria um cenário difícil para quem tem pets. Alguns tutores estão até mesmo assumindo trabalhos extras ou bicos para conseguir manter a qualidade de vida de seus animais.
Despesas inesperadas que mais afetam o orçamento
Embora muitos tutores se preparem para os gastos rotineiros, são as despesas inesperadas que mais impactam as finanças familiares. Uma emergência veterinária pode custar entre R$ 500 e R$ 5.000, dependendo da complexidade. Procedimentos cirúrgicos frequentemente ultrapassam R$ 2.000, e tratamentos para condições crônicas podem representar um gasto contínuo não planejado.
Segundo especialistas, 52% dos tutores já adiaram ou evitaram consultas veterinárias preventivas devido a preocupações financeiras. No entanto, essa economia pode sair cara: problemas de saúde não detectados precocemente tendem a evoluir para condições mais graves e, consequentemente, mais caras de tratar.
Principais gastos ao ter um cachorro ou gato
Custos mensais: alimentação, higiene e preventivos
Os gastos rotineiros são os mais previsíveis, mas também representam uma fatia significativa do orçamento. Para um cão de porte médio, a alimentação com ração de qualidade pode custar entre R$ 150 e R$ 300 por mês. Para gatos, esse valor fica entre R$ 100 e R$ 200.
Além da alimentação, outros gastos mensais incluem:
- Vermífugos e antipulgas: R$ 30 a R$ 150 (dependendo do porte e produto)
- Areia para gatos: R$ 30 a R$ 70 por mês
- Petiscos e brinquedos: R$ 50 a R$ 100
- Produtos de higiene: R$ 30 a R$ 70
Gastos eventuais: consultas, emergências e tratamentos
As despesas ocasionais podem desestabilizar o orçamento familiar se não houver um planejamento adequado. Uma consulta veterinária de rotina custa entre R$ 100 e R$ 300, enquanto exames laboratoriais podem variar de R$ 50 a R$ 500.

Vacinas anuais representam outro gasto importante: a V10 para cães custa em média R$ 120, e a V4 para gatos cerca de R$ 100. A vacina antirrábica, embora disponível gratuitamente em campanhas públicas, em clínicas particulares custa aproximadamente R$ 80.
Procedimentos dentários, comuns em pets mais velhos, podem variar de R$ 300 a R$ 1.000, dependendo da complexidade. Já castração e esterilização custam entre R$ 200 e R$ 800, variando conforme o porte, sexo e região.
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Como economizar nos cuidados com seu pet
Alternativas acessíveis para alimentação de qualidade
A alimentação é geralmente o maior gasto mensal com pets, mas existem formas de reduzir esse custo sem comprometer a qualidade:
- Compare preços em diferentes pet shops e compre em maior quantidade quando houver promoções
- Considere assinaturas de ração, que geralmente oferecem descontos de 10% a 15%
- Avalie rações de marcas menos conhecidas, mas que atendam aos requisitos nutricionais do seu pet (conversar com o veterinário antes)
Prevenção: economizando com cuidados preventivos
Não pule as consultas veterinárias anuais. Embora possa parecer uma economia imediata, detectar problemas precocemente evita tratamentos caros no futuro. Algumas clínicas oferecem planos de saúde próprios que reduzem significativamente o custo de consultas e procedimentos básicos.
Mantenha em dia a higiene bucal do seu pet, escovando os dentes regularmente para evitar procedimentos de limpeza profissional. Também é importante seguir o calendário de vermifugação e controle de pulgas e carrapatos, que previnem doenças potencialmente graves.
Seguro pet: vale a pena no Brasil?
O seguro pet ainda é relativamente novo no Brasil, mas vem ganhando popularidade. Com mensalidades entre R$ 50 e R$ 300 (dependendo da cobertura, idade e espécie do animal), esses planos podem cobrir consultas, vacinas, emergências e até cirurgias.
Para tutores que se preocupam com gastos inesperados, o seguro pet pode trazer tranquilidade. A maioria dos planos funciona com sistema de reembolso e possui carências iniciais, portanto é importante ler atentamente as condições antes de contratar.
Algumas empresas oferecem o seguro pet como benefício aos funcionários, então verifique se sua empresa disponibiliza essa opção. Outra alternativa são os planos de saúde oferecidos por clínicas veterinárias, que geralmente cobrem consultas e oferecem descontos em procedimentos.
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Recursos de apoio para tutores com dificuldades financeiras
No Brasil, existem opções para quem está enfrentando dificuldades financeiras com seus pets:
ONGs e protetores frequentemente realizam campanhas de castração gratuita ou a baixo custo. Hospitais veterinários públicos, geralmente ligados a universidades, oferecem atendimento a preços reduzidos, embora possa haver fila de espera.
Algumas prefeituras mantêm programas de atendimento veterinário gratuito ou subsidiado para famílias de baixa renda. Também existem grupos em redes sociais onde tutores compartilham medicamentos que não estão mais usando, o que pode ser uma alternativa em casos específicos.
Apesar dos desafios financeiros, a pesquisa mostra que mais de 90% dos tutores afirmam que ainda escolheriam adotar seus pets atuais, mesmo conhecendo as dificuldades econômicas. Isso demonstra que, apesar do impacto no orçamento, o amor e a companhia que os animais proporcionam são considerados um investimento que vale cada centavo.