Apesar de existirem tipos diferentes de parasitas, o carrapato estrela está entre os mais temidos pelas pessoas.

Conhecido cientificamente como Amblyomma cajennense, ele é o principal transmissor da bactéria que causa febre maculosa, a Rickettsia rickettsii.

Essa e uma zoonose de grande importância no Brasil e, por isso, é preciso entender em detalhes como esse parasita age e, conhecer bem as principais características do carrapato estrela.

Conheça o carrapato estrela

remédio para carrapato

remédio para carrapato – Foto: Freepik

Carrapatos estrela pertencem ao grupo dos aracnídeos, mais especificamente dos hematófagos.

Sendo assim, eles dependem da ingestão de sangue para que possam sobreviver. É justamente este o problema, uma vez que ao se alimentarem, esses animais podem transmitir bactérias, vírus e protozoários.

Deve-se entender que existem mais de 800 espécies de aracnídeos hematófagos e, alguns são mais comuns do que outros dependendo da região em questão.

Mas o carrapato estrela está entre os mais conhecidos em muitos locais, uma vez que ele está pressente em gatos, cachorros, bois, capivaras, entre outros animais.

Para entender melhor como esse carrapato passa entre os hospedeiros, é necessário conhecer melhor o seu ciclo de vida. Sendo assim, dê uma olhadinha nessas informações a seguir.

Entendendo o ciclo de vida do parasita

carrapato na planta

Carrapato na planta – Foto: Freepik

A primeira informação a se dizer aqui é que o carrapato estrela é um parasita do tipo trioxeno, ou seja, que necessita de três hospedeiros para que possa completar o seu ciclo de vida.

Nos hospedeiros é que a espécie realiza a sua reprodução e maturação, conseguindo assim se desenvolver desde ovo até adulto.

Durante um período de aproximadamente dez dias, a fêmea permanece no corpo do seu hospedeiro, se alimentando de sangue e aumentando de tamanho.

A fêmea necessita do sangue para transmitir as proteínas para a formação dos seus filhotes. Somente então ela pode se desprender da pele.

Já fora do corpo do animal, a fêmea vai depositar mais ou menos oito mil ovos em menos de um mês. Ao concluir a postura, ela morre.

A eclosão dos ovos depende da temperatura, variando de trinta dias em períodos mais quentes a 80 dias em períodos mais frios.

Larvas hematófagas

Assim que os ovos eclodem, larvas hematófagas são eliminadas. Você já deve ter ouvido falar nelas, conhecidas como micuins.

Essas necessitam de um hospedeiro para que possam começar a se alimentar, mas o grande segredo do sucesso desses animais é que eles podem ficar até seis meses no ambiente sem se alimentar.

Quando conseguem chegar a um hospedeiro, essas larvas vão sugar o sangue dele por mais ou menos cinco dias.

Passado esse período, descem novamente e, então vão ao ambiente onde se transformam em ninfas.

Nessa fase, novamente o carrapato estrela busca por um hospedeiro e, pode passar até um ano até encontrar um sem maiores problemas.

Novamente, eles sobem e sugam o sangue por mais cinco dias e, depois passam mais ou menos um mês no chão até que possam ser considerados adultos, oficialmente.

Quando adultos, os carrapatos devem retornar para um hospedeiro, onde se alimentem e se reproduzam. Mas isso pode demorar até dois anos para acontecer. Então, eles reiniciam o ciclo.

Mesmo que o ciclo possa demorar bem mais, em ambiente adequado, o carrapato se reproduz rapidamente, completando mais ou menos um ciclo de vida ao ano.

Nos meses de abril até julho, é mais comum encontrar as larvas, enquanto que as ninfas estão presentes entre julho e outubro. Os adultos, por sua vez, são mais comuns nos animais entre os meses de outubro até março.

A febre maculosa é transmitida pelo carrapato estrela

como saber se o cachorro está com febre

Cão deitado – Foto: Freepik

A febre maculosa é uma doença grave, considerada uma zoonose de grande importância, uma vez que também atinge os humanos.

Basicamente, o que acontece é que o carrapato estrela ingere a bactéria Rickettsia rickettsii quando se alimenta do sangue de qualquer animal que já esteja contaminado com o parasita.

Enquanto vai crescendo, o carrapato leva a bactéria consigo, o que se chama de transmissão transestadial.

Ao mesmo tempo, a fêmea também transmite a bactéria às gerações posteriores, por meio do que se chama de transmissão transovariana.

Em relação à localização, o carrapato estrela está presente em todos os estados do Brasil, mas ele é mais comum na região Sudeste.

Como saber quando o animal está doente?

cachorro magro

cachorro magro – Foto: Freepik

O carrapato estrela pode transmitir doença aos animais e, os sinais dela são bem parecidos com os da erliquiose, que é uma patologia mais comum.

E o problema é justamente este, uma vez que a febre maculosa se parece bastante com a erliquiose e, por isso, o diagnóstico é um pouco difícil e pouco realizado.

Nos humanos, por sua vez, o diagnóstico é mais fácil, uma vez que os sinais são bem claros. O mais comum é que a pessoa apresente febre e manchas vermelhas por todo o corpo, também conhecida como máculas.

Deve-se dizer que os sinais se iniciam subitamente e se desenvolvem em pouco tempo, sendo que a febre vem acompanhada ainda de sinais como fraqueza, dor de cabeça, dores nos músculos e articulares.

Com o desenvolvimento tão veloz, a doença é grave e pode levar a pessoa rapidamente à morte, em questão de alguns dias apenas.

Mas com sinais tão inespecíficos, é difícil conseguir fazer um diagnóstico rápido e preciso, antes que a doença já tenha evoluído demais.

Inclusive, as manchas as vezes demoram para aparecer e, isso dificulta ainda mais o diagnóstico e início do tratamento.

Quando a doença avança, a bactéria se espalha pelo organismo e pelo sangue e, nesse caso o tratamento se torna ainda mais complicado.

Por conta do avanço rápido da doença, mesmo com a evolução da medicina humana, hoje em dia a febre maculosa ainda tem uma mortalidade elevada, que chega a 40% dos casos.

Prevenção da doença transmitida pelo carrapato-estrela

carrapato

Veterinário procurando carrapatos em cão Foto: Freepik

Para evitar a disseminação do carrapato estrela e da doença causada por ele, procure sempre manter os locais limpos, sobretudo áreas de mata.

Em sítios e locais onde haja muitos animais, o ideal é aplicar carrapaticida todas as semanas, tanto no mato quanto nos próprios animais.

E pessoas que frequentam locais onde haja muitos equinos e capivaras, é preciso ter alguns cuidados específicos, como:

  • Observar constantemente o corpo, a cada três horas, procurando por parasitas;
  • Ao invés de passar por áreas de mata fechada, é melhor caminhar em trilhas;
  • Prefira roupas claras, pois é mais fácil visualizar os parasitas nelas;
  • Insira a barra da calça na meia ou na bota de cano alto;
  • Remover o micuim usando uma fita adesiva caso o encontre;
  • Prefira queimar o carrapatos que encontrar;
  • Ao chegar em casa, remova as suas roupas e as ferva para matar eventuais carrapatos que possam estar presentes.

Caso você perceba a presença de sinais que levem a desconfiar da febre maculosa, então deve buscar um atendimento médico de qualidade com urgência.

Mesmo que você não tenha ido a um local de incidência de animais como equinos e capivaras, animais domésticos, como o cachorro, também podem ter infestações de carrapato estrela.

Nesse caso, além de se pulverizar o ambiente, é necessário também utilizar um antiparasitário de qualidade, que seja adequado ao animal.

Sempre que necessário, procure por uma consulta com um médico veterinário especializado.

Perguntas e respostas sobre carrapato estrela e febre maculosa

Existem muitas dúvidas que permeiam a questão da febre maculosa e a sua transmissão pelo carrapato estrela.

Por isso, tentaremos esclarecer as principais dúvidas sobre esse tema por meio de perguntas e respostas de grande relevância.

Por que o carrapato estrela é diferente?

O carrapato da espécie Amblyomma cajennense é o hospedeiro da bactéria Rickettsia rickettsii, sendo que ela consegue viver no organismo do animal ao longo de toda a sua vida.

Mas não são todos os tipos de carrapato hematófago que transmitem a febre maculosa, por isso, essa é a espécie mais temida.

É possível reconhecer esse carrapato por conta do desenho que se forma na sua região dorsal, que se parece, justamente, com uma estrela.

A febre maculosa é realmente uma doença mortal?

Sim, a febre maculosa é uma doença potencialmente fatal, que causa os primeiros sinais entre 2 e 14 dias após o contato com o carrapato.

É comum que os animais não apresentem sintomas e, sejam apenas hospedeiros, o que é ainda mais preocupante porque a transmissão se torna silenciosa.

O que fazer ao ser picado por um carrapato estrela?

Antes de mais nada, não entre em pânico ao encontrar um carrapato em você, uma vez que nem todos os animais são portadores da bactéria que causa a febre maculosa.

Provavelmente ele estará aderido à sua pele quando o encontrar. Então, solte-o torcendo com uma pinça. É preciso ter o cuidado de remover todo o aparelho bucal, eliminando a bactéria.

O ideal é utilizar luvas para realizar o procedimento, evitando possíveis contaminações, uma vez que o parasita pode vazar sangue e te contaminar.  E lembre-se de não espremer o carrapato, uma vez que isso pode te contaminar também.

Como é feito o tratamento da febre maculosa?

Como você viu, a febre maculosa é uma doença com alto grau de mortalidade, que se desenvolve muito rapidamente.

Mas quando detectada precocemente, a doença possui tratamento simples e, os sinais podem ceder em até dois dias de tratamento.

Isso vale para pessoas e animais, mas é necessário buscar por um atendimento médico bem rapidamente.

Conclusão

O carrapato estrela é um parasita importante, uma vez que transmite a febre maculosa. Por isso, é fundamental tentar prevenir que ele chegue até o animal.