Startup americana desenvolve medicamento para prolongar a vida dos cães. Conheça aqui!

Uma startup americana está desenvolvendo um medicamento que pode adicionar anos à vida dos cães. A Loyal, sediada em São Francisco, criou um comprimido com sabor de carne que pretende retardar o envelhecimento canino. O produto já recebeu aval inicial da FDA (agência reguladora de medicamentos dos EUA) e pode chegar ao mercado em 2026.

Fundada pela cientista Celine Halioua, ex-doutoranda de Oxford, a empresa busca solucionar um problema que aflige tutores de cães em todo o mundo, a curta expectativa de vida de seus companheiros. 

 

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Celine Halioua, CEO da Loyal. Foto: bizjournals

O medicamento para longevidade canina

A Loyal trabalha com duas abordagens principais para prolongar a vida dos cães. A primeira é um comprimido que altera o metabolismo de cães idosos (a partir de 10 anos) para imitar os efeitos de uma dieta de baixa caloria, método comprovadamente capaz de estender a vida em diversos estudos com animais.

Este primeiro tratamento já alcançou um marco importante em fevereiro deste ano, o Centro de Medicina Veterinária da FDA reconheceu que a empresa demonstrou uma “expectativa razoável” de eficácia do medicamento.

O produto age sobre desequilíbrios metabólicos e hormonais antes que eles se transformem em doenças relacionadas à idade, propondo uma mudança na medicina veterinária, em vez de tratar problemas depois que surgem, prevenir seu aparecimento.

“O público vai ficar impressionado quando descobrir que pode ir ao veterinário e conseguir um medicamento para prolongar a vida do seu cão”, afirma Halioua, que é tutora de Della, uma rottweiler mestiça idosa que adotou há três anos.

Por que cães grandes vivem menos tempo?

O segundo tratamento da Loyal foca em um fenômeno intrigante no mundo canino: por que raças grandes geralmente vivem menos que raças pequenas – o oposto do que acontece na natureza com a maioria dos mamíferos?

A empresa está desenvolvendo injeções e comprimidos específicos para aumentar a longevidade de raças grandes. O método consiste em reduzir a produção de um hormônio de crescimento mais presente em cães de grande porte do que nas raças pequenas.

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Cão cheirando pílula. Foto: Freepik

Este segundo medicamento é baseado em uma molécula originalmente desenvolvida pela Crinetics Pharmaceuticals para tratar problemas de excesso de hormônio de crescimento em humanos, mas que demonstrou potencial para uso veterinário.

A diferença entre expectativas de vida é significativa: enquanto cães pequenos como o Chihuahua podem viver 15-20 anos, raças gigantes como o Dogue Alemão raramente ultrapassam os 8-10 anos. A Loyal acredita que seu tratamento pode diminuir essa disparidade.

O maior estudo clínico veterinário já realizado

Para comprovar a eficácia de seu primeiro medicamento, a Loyal iniciou o maior ensaio clínico com animais já realizado. O estudo duplo-cego, controlado por placebo, que deve durar cerca de cinco anos, já inscreveu 1.300 cães em mais de 70 clínicas veterinárias pelos Estados Unidos.

O primeiro paciente a receber o tratamento foi Boo, um whippet de 11 anos, em dezembro de 2023. Segundo a Dra. Jaime Houston, da Barlow Trail Veterinary Clinic em Oregon, que inscreveu 105 cães no estudo, “nove em cada dez tutores querem que seus cachorros participem” quando ficam sabendo da pesquisa.

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Celine Halioua, CEO da Loyal em Festival de 2024. Foto: aspenideas

Halioua afirma que o custo do tratamento, quando disponível comercialmente, ficará entre o de um medicamento para verme do coração e injeções para artrite – algo em torno de US$ 150 por mês ou menos. “Não pretendo cobrar preços abusivos”, declarou a empreendedora.

O mercado de longevidade canina e seu potencial

Embora ainda não tenha faturamento, a Loyal já captou US$ 135 milhões em investimentos de empresas, alcançando uma avaliação de mercado de US$ 425 milhões.

Só nos Estados Unidos existem quase 90 milhões de cães distribuídos em aproximadamente 60 milhões de lares, segundo a Associação Veterinária Americana. No ano passado, cada casa americana gastou, em média, US$ 1.852 com seus pets.

O impacto desse potencial fez com que a empresa integrasse a lista Next Billion-Dollar Startups deste ano, seleção anual da Forbes das 25 companhias mais promissoras para atingir US$ 1 bilhão em valor de mercado.

Algumas coisas são importantes demais para não serem tentadas. A Loyal é uma delas, e parece que funcionou bem”, afirma Vinod Khosla, investidor cuja empresa já apostou em mais de 10 negócios ligados à longevidade e tutor de dois cachorros de raça gigante.

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Estudo para medicina humana

Embora o foco atual seja aumentar a expectativa de vida dos cães, a ambição de longo prazo da Loyal é que o sucesso nessa área possa eventualmente levar ao desenvolvimento de medicamentos para aumentar a longevidade humana.

O caminho para medicamentos humanos, no entanto, é muito mais complexo e caro. Obter aprovação para um fármaco veterinário pode custar US$ 25 milhões e levar cinco anos. Para humanos, o custo ultrapassaria US$ 1 bilhão e o prazo, uma década.

A abordagem da Loyal para longevidade é baseada em ciência sólida, diferenciando-se de produtos sem comprovação. “Quando as pessoas pensam em longevidade, lembram logo de óleo de cobra ou de bilionários tentando viver para sempre, com afirmações descabidas. Nossa abordagem é muito mais sutil”, afirma Halioua.

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Perspectivas para chegada ao Brasil

Para que medicamentos como os desenvolvidos pela Loyal cheguem ao mercado brasileiro, seria necessária aprovação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), responsável pela regulação de produtos veterinários no país.

Embora não haja previsão oficial para a entrada desses produtos no Brasil, o crescimento do mercado pet nacional, o terceiro maior do mundo em faturamento, pode atrair o interesse da empresa após a consolidação nos Estados Unidos.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o Brasil possui mais de 58 milhões de cães, e o mercado pet movimenta anualmente mais de R$ 40 bilhões, com crescimento constante na área de saúde animal.

A aprovação no mercado americano, prevista para 2026 se tudo correr conforme o planejado, poderia abrir caminho para pedidos de registro em outros países, incluindo o Brasil, possivelmente em um horizonte de 2 a 3 anos após o lançamento nos EUA.

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