Os distúrbios comportamentais compulsivos em cães são bastante comuns e, muitas vezes os tutores nem sabem o que fazer nesses casos.

Não há dúvidas de que cada vez mais o relacionamento entre os homens e os seus animais de companhia se torna mais estreito.

Com isso, a medicina veterinária vem se aprimorando e, despertando um olhar crítico nos profissionais.

Assim, cada vez mais é importante avaliar também a saúde mental dos indivíduos e, se atentar ao bem estar deles.

Estresse, traumas físicos e sinais de ansiedade estão ganhando uma maior relevância e, frequentemente se associam a distúrbios comportamentais compulsivos em cães.

Tempo de vida do cachorro

Cãozinho com a língua de fora – Foto: Freepik

Nesse caso, o animal parece realizar ações repetidas e constantes, sem nenhum motivo aparente.

Quando isso acontece, é preciso analisar o histórico do pet e verificar as possíveis motivações para o caso.

Sendo assim, continue lendo este texto para saber quais são os distúrbios comportamentais em cães.

O que são os distúrbios comportamentais compulsivos em cães?

Nos últimos anos, houve um grande aumento nas pesquisas na área de comportamento animal e, isso se deve à preocupações com a saúde mental dos pets, assim como acontece com os humanos.

Levando em conta estresse, traumas físicos e ansiedades e, geral, pode-se avaliar o bem estar e a saúde desses animais.

E, com grande frequência é possível observar casos de transtorno obsessivo compulsivo, que consiste em ações que se repetem e, que parecem não ter uma causa exata.

Correr atrás da cauda e morder objetos inexistentes são alguns exemplos, mas o problema pode ter vários tipos de manifestações.

raças de cachorro de apartamento

Cão no sofá – Foto: Freepik

Tudo depende do grau de desenvolvimento da doença também. Apesar de o transtorno ser comum, ainda há muito o que estudar sobre ele.

As causas, por exemplo, são desconhecidas e, não se sabe ao certo o que leva às manifestações. A origem pode ser genética, estar relacionada a alguma doença ou, ser meramente comportamental.

De qualquer forma, segundo estudos nessa área, parece que os fatores externos têm bem mais influencia do que a própria genética do pet.

Ou seja, o ambiente em que vive, a rotina do animal e todos os estímulos presentes ao seu redor são decisivos para o surgimento e desenvolvimento do problema.

Como saber se a atitude é normal ou anormal?

remédios para cachorro

Cãozinho – Foto: Freepik

Esta é uma das principais dúvidas de quem lida com um animal possivelmente compulsivo, pois há uma dificuldade de saber a partir de quando o comportamento é anormal.

Apenas um profissional treinado pode diagnosticar o cão, mas o que se deve ter em mente é que qualquer comportamento normal passa a ser anormal se for repetido com muita frequência e sem motivação.

Lamber, latir e cavar, por exemplo, são atitudes normais para os cachorros. Mas é preciso ter atenção quando o animal começa a fazer isso com muita frequência.

Nesse caso, pode ser que exista muita ansiedade e frustração por trás do comportamento. Mas para ter certeza sobre a causa, é importantíssimo ficar de olho no histórico do cão.

Também é fundamental tentar descobrir o momento exato em que o problema começou e, assim tentar associar isso a alguma mudança.

cachorro pulando na visita

Cão pulando – Foto: Freepik

É importantíssimo ter uma ideia clara de que é preciso descartar problemas graves, que incluem traumas, problemas de pele e, doenças neurológicas.

Tendo a certeza de que se trata realmente de distúrbios comportamentais compulsivos, fica mais fácil estabelecer as mudanças necessárias.

Em geral, bastam algumas mudanças simples na conduta do tutor, mudança do ambiente e manejo do estresse do cão para se ter uma boa melhora do quadro.

Quando necessário, o veterinário pode sugerir medicamentos que contribuam com o tratamento.

Epidemiologia dos distúrbios comportamentais compulsivos

Os distúrbios comportamentais compulsivos em cães estão associados geralmente a estresse por conta de problemas no manejo dos animais.

Por meio de estudos relacionados ao comportamento animal, quando o pet não tem nenhuma interação com o seu habitat natural ou fica confinado em espaços pequenos, eles tendem a desenvolver comportamentos incomuns.

cachorro pulando na visita

Cão pulando – Foto: Freepik

Isso pode acontecer, por exemplo, pelo simples fato de o cachorro não gastar energia adequadamente.

Então, o animal começa a ter atitudes como perseguir a cauda, latir sem parar ou se lamber excessivamente. Tudo como uma maneira de saciar as suas necessidades por estímulos.

Sendo assim, isto é bastante comum em animais de zoológico ou qualquer tipo de cativeiro ou em animais de apartamento.

Apear disso, qualquer animal pode apresentar essas alterações caso não seja devidamente estimulado.

E parece também que os distúrbios comportamentais compulsivos em cães também acontecem nos animais que utilizam enforcador de maneira intensa durante os treinamentos, por exemplo.

Obviamente, existem outras motivações, que incluem excesso de barulho, comportamentos violentos por parte do tutor, doenças pré existentes, entre outras questões.

Sinais clínicos característicos

coisas de cachorro

Beagle olhando pra cima – Foto: Freepik

Assim como em qualquer outro problema de saúde, é importantíssimo identificar os principais sinais clínicos dos distúrbios compulsivos em cães para que se faça o diagnóstico e se inicie o manejo e tratamento.

Antes de mais nada, você deve saber que os problemas compulsivos em animais domésticos podem ser divididos entre orais, automutilantes, alucinatórios e locomotores.

Os comportamentos mais comuns em cães são os seguintes:

  • Perseguir a cauda;

  • Observar fixamente luzes e sombras;

  • Olhar fixamente para o céu durante longos períodos;

  • Abocanhar o ar;

  • Aumento do apetite;

  • Atacar objetos;

  • Dermatite psicogênica;

  • Dermatite acral por lambedura, quando se formam placas.

O problema é que os desvios comportamentais variam bastante e, geralmente o tutor os percebe quando o pet já está em um grau elevado de mutilação.

coisas de cachorro

Cachorro com a bolinha na boca – Foto: Freepik

É interessante dizer que esta é uma condição que não tem uma predominância relacionada a raça, idade ou sexo do animal.

Por isso, é importante que todos os tutores fiquem atentos a possíveis comportamentos anormais dos seus animaizinhos.

Grande apetite

Essa é a denominação que se dá para quando o animal adquire o hábito de roer coisas que não deveria.

É bastante comum a ingestão de borracha, papel, plásticos, tecidos e outros materiais. Isso pode ser extremamente perigoso para o animalzinho.

Nesse caso, é importantíssimo reverter o comportamento para evitar obstruções, irritações e perfurações do trato gastrointestinal.

Cão Pelado Mexicano

Cão Pelado Mexicano – Foto: Freepik

É bastante comum observar este comportamento em animais jovens, que pegam objetos e os destroem com frequência.

Lambedura como distúrbio comportamental compulsivo

A lambedura excessiva é um comportamento que frequentemente acontece em animais de estimação, sobretudo nos cães.

Muitas vezes, ela está relacionada a uma coceira primária, mas também pode aparecer simplesmente como uma forma de o animal chamara a atenção do tutor.

O problema é que com o passar do tempo, o problema leva a lesões bem graves, resultando em dermatite.

cortar as unhas do cachorro em casa

Unhas por cortar – Foto: Freepik

Geralmente, a lambedura acontece por questões como mudanças de ambiente, na rotina do animal e, pela saída ou entrada de um membro da casa.

Este é um dos casos em que é fundamental tratar as lesões geradas, ao mesmo tempo em que se deve olhar cuidadosamente para a saúde mental do pet.

Diagnóstico dos distúrbios comportamentais em cães

Por se tratar justamente de um distúrbio comportamental, o diagnóstico deve ser feito essencialmente com base no histórico do cão e observação dos seus comportamentos.

A melhor forma de se fazer isso é observando a rotina do animal dentro do próprio ambiente no qual ele vive, para que não haja nenhuma mudança que possa interferir.

Além disso, toda informação referente ao cão é fundamental para o diagnóstico nesse caso. Inclusive histórico de doenças, tratamentos e fatos marcantes na vida do pet.

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Cachorro posando para foto com fone de ouvido – Foto: Freepik

É especialmente importante levar em consideração situações anormais e, eventuais quebras de rotina que tenham exposto o cão a uma situação de estresse e medo.

Ademais, principalmente em casos de lambedura e lesões de pele, é importante fazer exames complementares, como raspados de pele.

Também é importante eliminar suspeitas de doenças secundárias. Para isso, deve-se analisar os exames bioquímicos do animal, além de realizar radiografias e ultrassonografias.

Os exames complementares devem excluir problemas que causem coceira, dor ou que provoquem alterações neurológicas.

Tratamento

cachorro cheirando o chão

Cachorro cheirando o chão – Foto: Freepik

Depois de se excluir problemas de saúde importantes, pode-se diagnosticar o animal como tendo distúrbios comportamentais compulsivos.

Então é preciso buscar por opções de tratamento compatíveis com o quadro do pet. Nesse caso, é muito importante levar em consideração os fatores que deram início ao problema.

Diante disso, deve-se tentar reverter o problema, fazendo o manejo adequado do animal, modificando o seu ambiente e, fazendo mudanças na rotina.

Muitas vezes, os distúrbios surgem quando o cão não consegue expressar os seus comportamentos naturais.

Nesse caso, é preciso fazer um incremento ambiental, melhorando as condições e os estímulos, de modo que o animal consiga expressar os seus instintos.

cuidados com cães

Cachorro dando um passeio – Foto: Freepik

Uma boa forma de se conseguir isso é incluindo áreas de terra e vegetação no ambiente. Além disso, brinquedos e estímulos sensoriais podem ajudar bastante.

Os cachorros têm o olfato bem aguçado e, trabalhar este sentido é uma ótima maneira de permitir que ele expresse os seus comportamentos.

A seguir, falaremos ainda sobre outras formas de tratamento que são de grande importância no caso de distúrbios comportamentais compulsivos em cães.

Dessensibilização em casos de estresse

distúrbios comportamentais compulsivos em cães

Samoieda – Foto: Freepik

Muitas vezes o comportamento compulsivo surge por conta de uma situação de muito estresse e medo.

Quando se descobre que este é o caso de algum animal, é importantíssimo trabalhar com a dessensibilização e reversão do quadro.

Nesse caso, é essencial ter bastante cuidado porque as situações de trauma são delicadas e, um manejo inadequado pode até agravar a situação.

Por isso, recomenda-se contar com a ajuda de um treinador que seja especialista em animais medrosos e traumatizados.

É muito importante ter calma e paciência para lidar com essas questões, uma vez que não basta apenas expor o animal ao estímulo.

Isso pode deixa-lo ainda com mais medo. Assim a dessensibilização deve ser gradual e cuidadosa.

Gastar a energia do pet

distúrbios comportamentais compulsivos em cães

Cachorro no carro – Foto: Freepik

Outro ponto bem importante no caso de animais com distúrbios comportamentais compulsivos é que muitas vezes os comportamentos surgem por uma necessidade de estímulo.

Diante disso, o melhor tratamento para o transtorno será realmente ajudar o animal a gastar energia, direcionando-a para atividades prazerosas.

Passear com o cachorro diariamente é uma excelente maneira de gastar energia. Nesse caso, ainda é possível levar o animal em passeios no meio da natureza, o que melhora ainda mais o tratamento.

Além de passear, você também pode brincar de jogar objetos para o animal buscar e, esconder coisas para ele procurar.

Essas são maneiras ótimas para estimular o corpo e a mente do pet e, ajudar também a diminuir o seu nível de estresse.

Tenha também brinquedos com que o animal possa interagir quando estiver sozinho. Assim ele terá estímulo o tempo todo e não se sentirá entediado.

Tratamentos farmacológicos

passeando na praia com o cão

Passeando com o cão – Foto: Freepik

Em casos mais graves, os distúrbios comportamentais compulsivos em cães exigem um tratamento mais efetivo, com uso de medicamentos.

O problema é que muito provavelmente, os neurotransmissores envolvidos em cada caso são diferentes.

De qualquer forma os fármacos têm uma grande importância, sobretudo quando usados por períodos pequenos, até que o animal saia da zona de estresse.

Geralmente, os medicamentos de escolha agem como neurotransmissores, podendo proporcionar efeitos diferentes, como antidepressivo, ansiolítico e sedativo.

Afinal de contas, o que se deve fazer nesses casos?

distúrbios comportamentais compulsivos em cães

Cão latindo – Foto: Freepik

Os distúrbios comportamentais compulsivos em cães são comuns e, é importante compreender bem o que acontece com o animal nesses casos.

Antes de mais nada, deve-se tentar determinar qual é o tipo de comportamento que o seu cachorro apresenta, podendo ser:

  • Oral: o animal desenvolve o hábito de morder os dedos, unhas e a pata, além de lamber várias partes do corpo sem parar. Ele também pode ter o apetite descontrolado e comer coisas indevidas;

  • Vocalização: latir excessivamente sem motivo, defender a comida de maneira obsessiva ou rosnar sem motivo podem indicar compulsão;

  • Alucinatório: morder o ar, caçar moscas que não existem, dar voltas em torno do próprio corpo e andar em círculos;

  • Agressivo: o animal ataca pessoas, outros animais e, até mesmo objetos inanimados.

É importante deixar claro que muitas vezes os comportamentos se sobrepõem. Ou seja, um animal com distúrbio comportamental compulsivo pode ter vários sinais, que se manifestam em vários graus de gravidade também.

O que fazer nesses casos, afinal?

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Cão deitado – Foto: Freepik

Se você desconfia de que o seu cachorro apresenta um distúrbio de comportamento compulsivo, tenha calma.

Quando diagnosticado corretamente, o problema pode ser revertido e, é possível devolver a qualidade de vida ao animal.

Para isso, veja o que deve ser feito:

Distúrbios comportamentais compulsivos em cães – Consultar o veterinário

É importante ter em mente que um distúrbio comportamental compulsivo em cães é uma doença e, deve ser tratado com seriedade.

O profissional veterinário está preparado para receber esses casos no seu consultório e, fazer o diagnóstico adequado, descartando outras patologias.

Além de um exame físico completo, é importantíssimo realizar análises laboratoriais, exames neurológicos e dermatológicos, que contribuam com o diagnóstico.

Controle do ambiente

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Cão filhote – Foto: Freepik

Se o estresse é o principal fator responsável pelo surgimento dos distúrbios comportamentais compulsivos, é importante reduzir os seus níveis.

Para isso, elimine qualquer coisa que possa deixar o animal irritado, como excesso de barulho ou outras coisas que façam o cão sentir medo.

Quanto mais tranquilo e seguro o cachorro estiver, melhor ele vai se sentir e, menos comportamentos inadequados terá.

Distúrbios comportamentais compulsivos em cães – Evite castigos

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Cachorros perfumados – Foto: Freepik

Muitas vezes, os comportamentos compulsivos são bastante irritantes para o tutor, mas mesmo assim, evite castigar o animal.

Qualquer tipo de castigo é inadequado, seja por ser completamente ineficaz para o aprendizado, seja porque cria um ciclo ainda mais intenso de medo, ansiedade e estresse.

Dependendo do tipo de castigo, pode fazer até mesmo com que o cãozinho se torne mais impulsivo e agressivo ainda.

Sendo assim, as interações devem se o mais positivas quanto for possível, utilizando-se o reforço positivo.

Possíveis causas do comportamento compulsivo em cães

Se você acha que o seu cachorro tem um distúrbio de comportamento compulsivo, precisa identificar o motivo que o está fazendo ter o problema.

Descobrir a causa é uma parte importante para que se possa fazer o tratamento adequado. A seguir falaremos sobre algumas possibilidades:

Estresse e tédio

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Labrador no chão – Foto: Freepik

Cachorros são animais que vivem em grupos e, por isso eles gostam de se relacionar com outros cães e com pessoas.

Entretanto, é importantíssimo que o animal tenha relações estáveis e um ambiente bem equilibrado.

A falta dessas relações pode fazer o animal se sentir entediado, triste e, leva-lo a ter comportamentos compulsivos.

Por isso, procure reverter isso, trabalhando a socialização do animal e, oferecendo a ele distrações, como brinquedos.

Distúrbios comportamentais compulsivos em cães – Mudanças na família

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Cãozinho sendo acariciado – Foto: Freepik

Os cachorros geralmente amam a sua família e, por isso, sentem muito qualquer mudança que ocorra na casa.

Dessa forma, uma mudança, como a saída de um membro ou chegada de um bebê ou animal de estimação novo, podem fazer com que o pet se desestabilize emocionalmente.

Da mesma maneira, traumas, momentos de tensão e medo podem fazer o animal desenvolver um comportamento compulsivo.

Conclusão

Os distúrbios comportamentais compulsivos em cães são bastante comuns e, podem ser tratados facilmente com o manejo adequado.

Se você acha que o seu pet está com um problema desse tipo, deve leva-lo a um veterinário de confiança que possa fazer o diagnóstico adequado do pet e sugerir mudanças na rotina que contribuam para a reversão do problema.