A piroplasmose canina, conhecida popularmente como doença do carrapato é um dos transtornos que esse parasita externo pode causar.

Para a maioria dos tutores, os carrapatos representam ameaças em potencial, uma vez que provocam problemas que vão bem além de coceira apenas.

Além de lesões de pele, alergias e estresse, esses parasitas podem deixar os cães doentes em alguns casos.

Existem doenças muito graves que os carrapatos podem transmitir aos cachorros e, por isso, não se deve jamais subestimar quando eles começam a aparecer. Um único carrapato pode provocar grandes inconvenientes.

Sendo assim, preparamos um texto repleto de informações essenciais sobre a piroplasmose canina e as suas manifestações.

Piroplasmose canina ou doença do carrapato: Babesiose canina é o principal tipo

cão no veterinário

Procurando carrapato no cachorro – Foto: Freepik

Conhecida como doença do carrapato, a piroplasmose canina possui basicamente quatro formas de manifestação distintas, variando de acordo com a espécie do parasita.

Entre elas, a babesiose canina é a mais comumente vista na clínica de pequenos animais. Mas você deve conhecer ainda algumas outras formas de manifestação existentes. São elas:

  • Erliquiose canina: causada pela Ehrlichia canis, esta é uma infecção bacteriana na qual os microrganismos funcionam como parasitas, sobretudo para os glóbulos sanguíneos brancos;
  • Doença de Lyme (Borreliose): doença que surge por uma infecção pela bactéria Borrelia e transmitida pelo carrapato Ixodes. É interessante perceber que esse tipo de doença é considerada uma zoonose, uma vez que pode ser transmitida também para o ser humano;
  • Febre Maculosa: esta é mais uma zoonose bastante conhecida, que é transmitida pelo carrapato Amblyoma cajennense, também conhecido como carrapato estrela.

A babesiose, por sua vez acontece quando há infestação por um protozoário do gênero Babesia, a Babesia canis.

Nesse caso, a manifestação se dá sobretudo nos glóbulos vermelhos, ou hemácias, dos animais. A contaminação aqui se dá pela picada de carrapatos da família Ixodidae que estejam contaminados.

Isso ocorre sobretudo por animais da espécie Rhipicephalus sanguineus, também conhecido como ‘carrapato marrom’ ou ‘carrapato vermelho’.

Sendo assim, é possível entender que a piroplasmose canina é a doença do carrapato de maneira geral, mas existem várias formas da doença, bem como diversos organismos transmissores e causadores.

Babesiose canina: entenda o ciclo de transmissão da doença

carrapato na planta

Carrapato na planta – Foto: Freepik

A babesiose canina é o principal tipo de piroplasmose que ocorre em cães, podendo provocar um quadro infeccioso grave.

Isso porque o animal tem uma infecção dos seus glóbulos vermelhos, o que o leva a um estado de anemia bastante crítico.

O contágio acontece por meio de carrapatos contaminados com o protozoário e, a infecção se dá de forma quase que imediata, assim que o carrapato se aloja na pelagem e começa a sugar o sangue do animalzinho.

Durante a alimentação do carrapato, os protozoários entram na corrente sanguínea do pet, se disseminando rapidamente.

Os protozoários ficam na saliva dos carrapatos e, conseguem adentrar diretamente no sangue dos cães no momento em que os carrapatos infectados se alimentam

Rapidamente as hemácias, ou glóbulos vermelhos, vão sendo destruídas e, isso provoca uma anemia hemolítica grave.

O quadro tende a se agravar rapidamente e, por isso, um diagnóstico precoce é fundamental para evitar maiores problemas.

Sinais clínicos da Babesiose canina

piroplasmose canina

Cão deitado na grama – Foto: Freepik

Como foi dito, a Babesiose canina é uma doença considerada bastante grave e, que não demora muito tempo para se manifestar.

Pouco tempo após a contaminação do hospedeiro, já é possível começar a perceber sinais físicos e comportamentais bastante nítidos.

Os sinais gerais que surgem com frequência nos animais são os seguintes:

  • Perda de apetite;
  • Palidez;
  • Icterícia (pele e olhos amarelados);
  • Escurecimento da urina;
  • Depressão;
  • Apatia;
  • Cansaço severo;
  • Mucosas amareladas.

É bem comum que o tutor chegue ao consultório veterinário com a queixa de que o animal parece bem mais apático do que o normal.

Quando há esse cansaço extremo, o profissional costuma solicitar mais exames que descartem outras condições.

Então, nesse caso, o profissional costuma solicitar exames complementares, para detectar uma anorexia severa e aumento do baço (esplenomegalia).

Conforme a situação se agrava, é possível perceber sinais mais graves, como a diminuição do apetite, emagrecimento e os problemas de coagulação sanguínea.

A importância do tutor para o diagnóstico da Babesiose

Quando se fala em piroplasmose canina ou qualquer tipo de doença do carrapato, quanto mais cedo o diagnóstico ocorrer, mais rapidamente é possível das inicio a um tratamento exclusivo e adequado.

Inicialmente essa é uma doença discreta, mas a sua evolução é rápida e o tutor começa a ver as transformações ocorridas no animalzinho de estimação.

A Babesiose canina é uma doença que causa muito cansaço e, ao mesmo tempo leva ao emagrecimento, uma vez que o animal deixa de se alimentar adequadamente.

Geralmente, na clínica esses são os primeiros sinais de que algo não vai bem com o animal. Então, para confirmar o diagnóstico, profissional deve solicitar exames adicionais.

O esfregaço sanguíneo, por exemplo, é um método simples, barato e muito rápido de tentar detectar a presença do protozoário.

Os exames bioquímicos podem dar uma ideia mais clara sobre as funções hepática, renal e, mostrar se há uma anemia já desenvolvida.

Sendo assim, ao realizar exames laboratoriais completos no animal, é comum encontrar anemia, níveis altos de bilirrubina e redução do número de plaquetas.

Além disso, pode-se encontrar bilirrubina e hemoglobina na urina, sobretudo por conta da destruição das hemácias.

Além disso, em situações nas quais a doença começa a se desenvolver mais, é comum encontrar sinais clínicos compatíveis com insuficiência renal aguda.

Em casos graves de anemia hemolítica, é possível que o animal já apresente uma coagulopatia intravascular disseminada.

Deve-se compreender ainda que os sinais clínicos variam diretamente dependendo do tipo de infecção manifestada, podendo ser hiperaguda, aguda e crônica.

Conheça os estágios da Babesiose canina

piroplasmose canina

Tipo de carrapato – Foto: Freepik

É importantíssimo saber qual é o estágio da infecção no momento, uma vez que isso influencia diretamente sobre os sintomas e, na hora de escolher o tratamento para o problema.

Diante disso, veja a seguir algumas considerações em relação a isso.

Forma hiperaguda da piroplasmose canina

Normalmente, os filhotes são os que mais apresentam esse tipo de manifestação, uma vez que o sistema de defesa deles ainda não está completamente formado.

Além disso, esse quadro também pode ocorrer no caso de animais que possuam infestações graves por carrapatos.

É comum que na fase hiperaguda da doença, o animalzinho tenha choque com hipotermia, hipóxia tissular (baixa oxigenação dos tecidos) e outros tipos de lesões relacionadas.

Essa é uma condição grave, que deve ser tratada rapidamente, evitando assim que o animal entre definitivamente em choque e vá à óbito.

Forma aguda

Esta fase é a mais comum, que se observa na maioria dos animais que chegam à clínica com sinais de piroplasmose canina.

Nesse período, o animal tende a sofrer de um estágio intenso de anemia por conta da destruição dos glóbulos vermelhos por parte dos parasitas.

Por conta disso, é comum verificar que o animal esteja com as mucosas bem pálidas e, que apresente episódios de febre.

Forma crônica

Esta fase é considerada incomum, uma vez que a maioria dos animais é tratada antes de chegar a esse estágio da doença.

A forma crônica se manifesta quando os parasitas estão presentes há muito tempo no organismo do animalzinho.

Nesse caso, por conta do avanço da anemia e do acometimento geral do organismo, é comum que o pet se sinta fraco, deprimido, tenha uma intensa fraqueza e apresente febre intermitente.

Forma subclínica da piroplasmose canina

Quando o animal está em uma fase subclínica, significa que ele está infectado, mas não possui sinais evidentes do problema.

Sendo assim, o diagnóstico é bastante complicado e, tende a exigir bastante atenção e observação por parte dos tutores.

Tratamento da Piroplasmose Canina

piroplasmose canina

remédio para carrapato – Foto: Freepik

Quando um animal recebe um diagnostico de piroplasmose canina, antes de mais nada é fundamental buscar eliminar os carrapatos.

Dessa maneira é possível eliminar a raiz do problema e, principalmente, evitar que ele se dissemine para outros pets.

Além disso, é essencial trabalhar na eliminação do carrapato para evitar que ocorram episódios de reincidência no próprio cão.

Mas o tratamento vai muito além disso. Além de se dever agir no controle do parasita, é preciso trabalhar a moderação da resposta imune e, também tratar os sintomas.

Por sorte, existem medicamentos muito bem descritos para este tipo de tratamento. E pode-se ainda fazer a profilaxia de animais que vão para áreas endêmicas ou aqueles que vivem nesses locais.

Geralmente, trata-se a doença do carrapato com uso de antibiótico, mas em alguns casos apenas isso não é suficiente.

Não é tão raro que os animais cheguem até o consultório já em um estágio de anemia severa e, nesses casos pode haver a necessidade de uma transfusão sanguínea.

O mais importante aqui é que os tutores compreendam que não existe um tratamento caseiro para a piroplasmose canina.

Em qualquer situação o problema deve ser analisado pelo médico veterinário, que é capacitado para orientar um tratamento seguro e que seja realmente efetivo.

É fundamental que qualquer atitude ou medicamento sejam voltados para o bem estar dos animais, evitando qualquer tipo de comprometimento à vida deles.

Outra consideração que deve ser feita é que a doença do carrapato costuma ter um período longo de tratamento.

E o tutor deve se comprometer a realizar o processo completo, evitando assim que o animal tenha uma recaída.

O melhor é evitar a piroplasmose canina

Assim como acontece na maioria das doenças, a prevenção é bem mais simples do que ter que tratar um animal já doente.

Sendo assim, no caso da piroplasmose é importante que se tome atitudes para eliminar os carrapatos do ambiente e evitar que eles subam no animalzinho.

Nesse sentido, é importante trabalhar para evitar que os carrapatos fiquem no seu cão ou no próprio ambiente.

A seguir falaremos sobre algumas dicas que você deve incluir na rotina do animal para tratar a piroplasmose canina e manter o seu pet bem longe do problema.

Eliminar os carrapatos do ambiente é crucial

Se você estiver com problemas com uma infestação por carrapatos, deve se preocupar imediatamente em eliminar eles do ambiente e impedir que se disseminem.

Nesse caso, o médico veterinário deve recomendar um produto de pulverização para uso no ambiente, que seja efetivo contra carrapatos em todas as fases da vida.

Nesse caso, você deverá seguir as recomendações de pulverização passadas pelo profissional. Mas geralmente é necessário pulverizar o ambiente a cada quinze dias pelo menos quatro vezes. Ou seja, durante dois meses.

Além disso, procure eliminar qualquer fonte de sujeira, sobretudo no quintal, lavando todo o ambiente se possível.

Dentro de casa, é importante ter cuidado com tapetes, tecidos de sofás e qualquer fresta onde os animais possam ficar.

A maioria dos profissionais recomenda o uso de aspirador de pó e, posteriormente a pulverização do ambiente.

Mesmo que não haja uma infestação por carrapatos, para evitar que ela aconteça, procure manter o ambiente sempre limpo e organizado.

Uso de carrapaticidas no animal

piroplasmose canina

Removendo carrapato do cachorro – Foto: Freepik

Hoje em dia o mercado está repleto de carrapaticidas bastante seguros, que podem ser usados em animais de praticamente qualquer idade.

Existem aqueles de aplicação em pipeta, os de comprimidos e, outras formas de aplicação para garantir que o cachorro fique livre dos tão temidos carrapatos.

Esses antiparasitários costumam ter um efeito muito bom e, inclusive, duradouro. Isso é excelente, mas é necessário fazer o uso novamente na frequência recomendada.

De qualquer maneira, investir neles é uma forma segura e, que tem um bom custo benefício de maneira geral, pois é um investimento na saúde do seu pet.

Uso de coleiras contra periplasmose canina

Uma das formas mais eficientes e baratas de evitar que os carrapatos permaneçam no corpo de um cachorro é usando coleiras antipulgas e carrapatos.

Existem muitas empresas que fabricam esse tipo de produto e, sobretudo as marcas mais renomadas costumam apresentar uma resposta excelente e ter uma durabilidade bem longa.

Conclusão

A periplasmose canina, ou doença do carrapato, é uma condição muito frequente na clínica, que acomete muitos animais e pode ter consequências graves.

Nesse caso, um diagnóstico precoce melhora a eficiência do tratamento. No entanto, a prevenção é a melhor alternativa.