Megaesôfago: Mesmo que você não saiba nada de anatomia de pequenos animais, é provável que tenha alguma noção de que o esôfago é fundamental para a digestão.

Ele nada mais é que um tubo oco, que vai da boca até o estômago e, é fundamental para a passagem dos alimentos sólidos e dos líquidos ingeridos.

No entanto, existem animais que podem apresentar problemas nessa região, desenvolvendo o megaesôfago.

Ou seja, a região sofre um alargamento, tornando-se assim maior do que realmente deveria ser.

Quando isso acontece, geralmente o pet começa a ter regurgitações bem frequentes. Também pode haver emagrecimento porque o animal perde o apetite.

cachorro que come grama

Cachorro no meio da grama – Foto: Freepik

Mas falaremos sobre tudo isso em detalhes nos próximos tópicos. Então, se você quiser saber mais, continue a leitura deste texto.

O que é e como acontece o megaesôfago em cães?

Antes de conhecer mais sobre os principais aspectos da doença, é importante saber o que significa exatamente megaesôfago.

O termo se refere basicamente à uma dilatação que ocorre na região do esôfago e, que surge por conta de um problema neuromuscular.

Com isso, o esôfago se torna ineficiente em fazer as contrações, que são tão importantes para fazer a comida descer até o estômago.

Isso tem diversos reflexos na saúde do animal, mas o principal é a regurgitação que tende a ocorrer logo depois que o cão se alimenta.

cachorro que come grama

Cachorro sentado no meio da grama – Foto: Freepik

E é quando isso acontece que o tutor começa a desconfiar de que algo não vai bem. E o quadro se torna ainda mais óbvio a partir do momento em que o cachorro inicia um processo de emagrecimento.

Então, o tutor geralmente começa a se preocupar, leva o animal ao veterinário e, então se tem o diagnóstico.

Conheça os tipos de dilatação

Outro ponto bastante importante sobre o megaesôfago em cães é que não existe apenas um tipo. Na verdade, são três e, é importante conhecer cada um deles e as suas descrições.

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Cão deitado triste – Foto: Freepik

São eles:

Megaesôfago congênito: o animal apresenta a condição desde que nasce. No entanto, geralmente se observa que o problema existe quando o cão começa a ingerir alimentos sólidos, pois ele passa a ter regurgitações frequentes. Este caso é hereditário e o que acontece é que o esôfago não tem uma maturidade neuromuscular satisfatória;

Megaesôfago secundário: surge como um dos sinais relacionados a alguma outra doença ou, a uma lesão importante. Botulismo, intoxicação por chumbo, cinomose, alguns tipos de câncer, fístulas e hipotireoidismo, são alguns dos principais exemplos de doenças que podem levar o animal a desenvolver megaesôfago;

Megaesôfago idiopático: neste terceiro tipo, não se sabe ao certo o que provoca o problema, mas as principais hipóteses giram em torno de fatores hereditários e, da presença de neurotoxinas no organismo.

Independentemente do tipo de megaesôfago em cães, parece haver uma predominância do problema em animais de porte grande, sobretudo em raças como o Pastor Alemão e o Setter Irlandês.

Como identificar o megaesôfago em cães?

cachorro parecido com lobo

Pastor Alemão – Foto: Freepik

Antes de falar especificamente sobre como identificar o megaesôfago em cães, é fundamental entender um pouco melhor sobre a regurgitação e o vômito.

Primeiramente, a regurgitação é bastante comum e, acontece por vários motivos. Por mais que seja comum confundir isso com vômito, os dois são um pouco diferentes,

A regurgitação ocorre depois que o animal se alimenta, sendo comum depois de poucos minutos da refeição.

Existem casos nos quais essa regurgitação demora bem mais para acontecer. O vômito, de maneira geral, não é associado ao momento da alimentação especificamente e, tem o papel de eliminar alimentos que sejam inadequados ao organismo.

No caso do megaesôfago, o cão apresenta sinais que vão além da regurgitação, como por exemplo:

  • Tosse: surge como um reflexo do mal funcionamento do esôfago, que não é capaz de levar o alimento adequadamente até o estômago;

  • Saída de secreções pelo nariz: como líquidos e alimentos não conseguem descer rapidamente e de forma eficaz, pode acontecer de algumas secreções saírem pelo nariz do animal, sobretudo quando ele toma água;

  • Barulho ao respirar: a comida pode ficar presa no esôfago durante bastante tempo porque a musculatura não a empurra. Se isso acontece, pode ocorrer uma pressão das vias aéreas;

  • Emagrecimento: Se grande parte dos alimentos ingeridos saem do corpo do animal, obviamente haverá uma tendência à perda de peso;

  • Aumento do apetite ou perda completa: dependendo do pet, ele pode apresentar muita fome porque o estomago nunca vai ficar cheio ou, pode desenvolver uma certa aversão à comida;

  • Hálito desagradável;

  • Atraso no crescimento: o pet com megaesôfago tem carências nutricionais importantes, uma vez que os alimentos não chegam até o intestino para serem digeridos;

  • Vontade de comer de novo após regurgitar: como o animal regurgita, o estômago nunca enche e, o animal nunca fica satisfeito completamente.

Viu só quantos são os sinais importantes associados ao megaesôfago? Se você perceber que o seu animalzinho de estimação apresenta algum eles, deve leva-lo imediatamente a uma consulta com o veterinário para verificar se se trata da condição e, fazer o tratamento.

Diagnóstico do megaesôfago em cães

tutora e dog

Tutora recompensando o cachorro – Foto: Freepik

Se perceber que o seu animalzinho apresenta alguns dos sinais característicos do megaesôfago, vai precisar leva-lo ao veterinário com urgência.

É muito importante fazer a confirmação do diagnóstico e, então iniciar uma série de cuidados importantíssimos.

Ao levar o pet ao consultório, o veterinário ouvirá a história clínica e, com base nas queixas e histórico do pet, pode desconfiar de que possa ser megaesôfago.

A partir disso, inicia-se uma checagem avançada, na qual o profissional tenta encontrar indícios do problema.

Neste estágio, é importantíssimo eliminar a desconfiança sobre doenças secundárias associadas, para que se tenha um diagnóstico e prognóstico excelentes.

Além do exame clínico, o profissional deve solicitar exames adicionais que o ajudem a diagnosticar a condição de forma mais precisa.

Dicas para o cachorro fazer as necessidades no lugar certo

Reforço positivo – Foto: Freepik

Endoscopia e raio X simples contrastado são os principais exames recomendados neste caso.

Obviamente, o profissional pode também solicitar alguns exames complementares, que ajudem a eliminar outras possíveis patologias.

Ademais, os exames bioquímicos são importantes para que se tenha uma boa ideia sobre como está a saúde do animal. Pode acontecer, por exemplo, uma desnutrição.

Problemas associados ao megaesôfago em cães

Infelizmente, o megaesôfago é uma condição grave, que pode levar a problemas de saúde secundários.

Ou seja, são muitos os problemas que podem surgir a partir do momento em que um cão começa a ter episódios de regurgitação. Falaremos a seguir sobre os principais:

Pneumonia de aspiração

megaesôfago

Criança com seu dog – Foto: Freepik

Esta é uma das principais e mais graves complicações que pode surgir em um animal com megaesôfago.

Basicamente, esta é uma condição que afeta o sistema respiratório e, que ocorre porque muitas vezes o conteúdo da regurgitação ou alimentos e líquidos ingeridos, acabam indo para os pulmões.

Ou seja, o animal inala comida, saliva, líquidos ingeridos ou, até mesmo o próprio conteúdo do estômago vai para parar nos pulmões.

A presença de líquido nas vias respiratórias dificulta em muito o processo da respiração e, além disso possibilita a proliferação de bactérias.

Desnutrição

megaesôfago

Cão feliz – Foto: Freepik

Quando se fala em regurgitação, deve-se ter em mente que isso não é apenas um incômodo que o animal sente.

Na verdade, o maior perigo é a desnutrição, uma vez que grande parte daquilo que o animal ingere não passa pelo processo digestivo completo.

A maior parte da absorção de nutrientes acontece no intestino e, os alimentos não chegam até lá quando o animal regurgita.

Sendo assim, o megaesôfago em cães pode levar a um processo de desnutrição muito intenso, levando a um processo de acometimento em todo o metabolismo e organismo do animal.

É comum que o cão apresente anemia e um emagrecimento bem evidente, sobretudo quando o problema está bem estabelecido.

Principalmente nos filhotes, pode-se perceber também um problema de desenvolvimento. O cão tende a ser bem menor do que outros da mesma idade e raça.

Infecções secundárias

megaesôfago

Cachorro triste com dor – Foto: Freepik

Como foi dito, o megaesôfago em cães provoca um processo intenso de desnutrição, que leva a um comprometimento metabólico geral.

Dessa forma, o animal tende a ter problemas também no seu sistema imunológico, que dificultam a resposta do organismo a infecções.

O resultado disso é que o animal fica doente com maior frequência e, tende a ter infecções mais graves, que se desenvolvem mais rapidamente.

Por isso, é preciso redobrar a atenção e os cuidados com o animal, evitando que ele fique gravemente doente.

Sensibilidade esofágica

Você deve saber que o conteúdo estomacal é bem ácido e, por isso, ele é extremamente corrosivo.

Sendo assim, quando o animal tem regurgitações frequentes, o conteúdo do estômago passa pelo tubo digestório e acaba provocando lesões na mucosa.

Isso causa dores e incômodos que até podem levar o cão a perder o apetite, o que agrava ainda mais a condição, sobretudo com o passar do tempo.

Megaesôfago em cães: principais cuidados

megaesôfago

Cão doente – Foto: Freepik

Se você desconfia que o seu animal tem megaesôfago, deve estar curioso para saber o que é preciso fazer nesse caso.

Antes de mais nada, o tratamento depende bastante de qual é a causa do problema, pois as alternativas terapêuticas variam.

Em um caso no qual o megaesôfago surge como uma condição secundária, o melhor a se fazer é garantir o tratamento do distúrbio principal.

Tratando a doença que levou ao megaesôfago, consequentemente, a própria condição tende a se corrigir. Ou, se for necessário pode-se iniciar um manejo para isso posteriormente.

Em alguns casos é possível corrigir cirurgicamente. Mas, na maioria dos casos em que o cão não consegue se alimentar sozinho, é preciso usar uma sonda nasogástrica.

Se o megaesôfago em cães é proveniente de uma condição genética, então o tratamento é bem diferente.

Nesse caso, geralmente o tratamento é apenas paliativo, mas tudo depende da gravidade do quadro.

O mais comum é que se recomende uma dieta líquida, podendo ou não ser usada uma sonda nasogástrica.

megaesôfago

Cão doente – Foto: Freepik

Além disso, é bom estimular o cão a andar um pouco de tempos em tempos, para que ele passe algum tempo em pé. Pode-se caminhar um pouco a cada quatro horas, por exemplo.

Colocar o animal para dormir em um colchão macio também pode ajudar bastante a não pressionar tanto a região do estômago e esôfago.

Além disso, para os animais que se alimentam sozinhos, é fundamental deixar o comedouro na altura da boca, de modo que o pet não precise se abaixar para comer.

Tudo isso ajuda bastante a manter o pet estável, mas é importante saber que não existe tratamento para a condição e, o animal terá que conviver com isso para o resto da vida.

Qual é o prognóstico para um cão com megaesôfago?

Quando um cachorro é diagnosticado com megaesôfago, é comum que o tutor fique bastante preocupado.

Os animais são parte da família e, as pessoas não querem que nada aconteça com eles. Por isso, há uma preocupação em relação ao prognóstico e expectativa de vida.

No entanto, é bem complicado falar sobre isso, afinal de contas, tudo depende do quadro de cada animalzinho e, da forma como a doença se desenvolve.

Por sorte, de maneira geral o prognóstico para o megaesôfago é muito bom e, com todos os cuidados é possível proporcionar ao animal uma vida quase normal.

megaesôfago

Fila Brasileiro – Foto: Freepik

Tudo depende de questões como a idade do cão, a sua condição física e nutricional.

Mas se o tutor tiver muita paciência e se dedicar realmente aos cuidados com o animal, é possível proporcionar a ele uma boa condição nutricional, melhorando o seu estado físico.

Com o acompanhamento frequente com um veterinário capacitado, é possível proporcionar ao animal uma vida extremamente saudável e feliz.

O tutor deve ter consciência de que a saúde do animal dependerá principalmente da forma de alimentar o bichinho.

Sobretudo se o quadro for mais grave, é preciso ajudar o cão a comer em uma posição em que a gravidade ajude a empurrar o alimento. Isso é trabalhoso e muitas vezes um pouco demorado, mas é recompensador.

Conclusão

O megaesôfago em cães é uma condição que pode ter causas distintas, mas que em todos os casos provoca muitos prejuízos ao animalzinho.

Por isso, é preciso diagnosticar e tratar o problema precocemente para dar ao animal uma vida longa, saudável e feliz.